sábado, 27 de julho de 2013

Como deixamos vazar informações privadas - Fernando Reinach

FERNANDO REINACH - O Estado de S.Paulo
Foi em Tóquio. Apresento uma jovem cientista japonesa a um amigo: "Como vocês irão para o congresso em Kyoto, talvez Omuro possa te mostrar os templos budistas". Os olhos de meu amigo, que encaravam a jovem, se desviaram por uma fração de segundo para as mãos delicadas. Bastou eles voltarem para a face, e ela, que não usava aliança, respondeu: "Pena que meu marido não vai me acompanhar". Por meio de um simples olhar ele havia deixado vazar uma grande quantidade de informação que foi captada e utilizada por Omuro.

Com pequenos atos, deixamos escapar involuntariamente informações que consideramos privadas. Captar essa informação e fazer uso dela é uma arte antiga. A novidade é que hoje deixamos um rastro enorme de informações digitais. Será possível usar essa informação para descobrir pensamentos e características pessoais? Um novo estudo demonstrou que é possível descobrir, com grande probabilidade de acerto, informações privadas simplesmente analisando os "likes" de uma pessoa no Facebook.

A internet está coalhada de pequenas mãos com o polegar para cima. São os "likes" - "curtir" ou "recomendar" - do Facebook. Quando um usuário do Facebook clica nesses ícones, demonstra apreciação ou aprovação. Essa informação é recebida por seus amigos, pelos donos da página e pelo próprio Facebook. Sua escolha se torna pública. Se você "curte" um carro, todos sabem que você gostou daquele veículo.

O que mais é possível deduzir com base nas "curtidas" de uma pessoa? É possível saber sua preferencia sexual, se seus pais se separaram, seu QI?

Cientistas convenceram 58.466 voluntários que utilizam o Facebook nos EUA a responder centenas de perguntas pessoais sobre assuntos particulares, como consumo de drogas e álcool, religião, política, preferencias sexuais, fidelidade conjugal e vida familiar. Além disso, o QI desses voluntários foi medido e suas características psicológicas foram determinadas. Também foram coletados todos os "likes" difundidos por cada um desses indivíduos.

Depois, os cientistas correlacionaram o conteúdo dos "likes" às características individuais, construindo enormes tabelas que relacionavam as características pessoais com os termos associados aos "likes". Descobriram que a palavra "dança" é mais escolhida por pessoas extrovertidas e "videogames", por introvertidos. Que "Harley-Davidson" está levemente associada a um QI baixo e "tempestades", a pessoas com QI mais alto. Foram feitas associações desse tipo com milhares de palavras para cada uma de dezenas de características. Muitas delas parecem óbvias, mas outras, como batata frita estar associada a pessoas de QI mais alto, Hillary com pessoas que têm muitos amigos e Yahoo com mulheres heterossexuais não são tão óbvias.

Feitas as associações entre palavras ou frases e características pessoais declaradas, os cientistas construíram um modelo matemático que usa os "likes" públicos para descobrir informações privadas. Cada uma das associações por si só não tem um alto poder preditivo (eu uso o Yahoo e não sou uma mulher heterossexual), mas, quando analisadas em conjunto, são capaz de fazer previsões precisas sobre comportamentos e características individuais.

Os resultados mostram que é possível, usando só os "likes" de um usuário do Facebook, saber seu sexo, idade, preferencia sexual, se é emocionalmente estável, seu QI, se fuma, bebe ou se droga, se é democrata ou republicano, se seus pais se separaram antes dele ter 21 anos, se é fiel, e dezenas de outros atributos pessoais. A previsão é mais confiável quanto mais a pessoa dá "likes". É claro também que o grau de confiança nessas previsões com o tema avaliado. Além disso, a previsão só é possível para os usuários americanos do Facebook, pois as associações dependem da cultura de cada país.

Os pesquisadores publicaram os resultados e criaram o site www.youarewhatyoulike.org, em que você pode logar com sua identidade no Facebook. Usando os dados de seus "likes", o site prediz suas características. Todos que usaram dizem que o resultado é impressionante.

Esses resultados demonstram o que muita gente suspeitava. A cada clique, deixamos vazar um pouco de nossa intimidade. Como fazemos isso dezenas de vezes por dia, ao longo de muitos anos, basta estatísticos competentes e um computador para juntar todas essas microdicas e, com elas, descobrir informações que guardamos a sete chaves tentando preservar nossa intimidade.
* FERNANDO REINACH É BIÓLOGO.
MAIS INFORMAÇÕES: PRIVATE TRAITS AND ATRIBUTES ARE PREDICTABLE FROM DIGITAL RECORDS OF HUMAN BEHAVIOR. PROC. NAT. ACAD. SCI. VOL. 110 PAG. 5802 2013.

Quadrinhos de ontem ...

folha de são paulo
PIRATAS DO TIETÊ      LAeRTE
LARTE
DAIQUIRI      CACO GALHARDO
CACO GALHARDO
NÍQUEL NÁUSEA      FERNANDO GONSALES
FERNANDO GONSALES
NÍQUEL NÁUSEA      FERNANDO GONSALES
FERNANDO GONSALES
MUNDO MONSTRO      ADÃO ITURRUSGARAI
ADÃO ITURRUSGARAI
PRETO NO BRANCO      ALLAN SIEBER
ALLAN SIEBER
MALVADOS      ANDRÉ DAHMER
ANDRÉ DAHMER
GARFIELD      JIM DAVIS
JIM DAVIS

HORA DO CAFÉ      MANDRADE
MANDRADE

Quadrinhos

folha de são paulo
CHICLETE COM BANANA      ANGELI
ANGELI
CHICLETE COM BANANA      ANGELI
ANGELI
PIRATAS DO TIETÊ      LARTE
LARTE
DAIQUIRI      CACO GALHARDO
CACO GALHARDO
PRETO NO BRANCO      ALLAN SIEBER
ALLAN SIEBER
QUASE NADA      FÁBIO MOON E GABRIEL BÁ
FÁBIO MOON E GABRIEL BÁ
HAGAR      DIK BROWNE
DIK BROWNE

Injustiça no tempo da justiça - Walter Ceneviva

folha de são paulo
Nada é matematicamente razoável, em especial quando visto dos pontos contraditórios do autor e do réu
Lição sábia ensina que o tempo é capaz de acabar com a Justiça. Lembrei dela pela constância de queixas contra a demora entre um pedido em juízo e o tempo de sua solução. Hoje se fala muito dos políticos importantes nunca julgados logo ou das vítimas do poder público, no caso dos precatórios.
Um colega, no fórum, me ponderou que "aquele deputado de Roraima foi preso em três tempos, enquanto os bacanas aqui do sul continuam rindo. É uma injustiça!"
Eu não sabia do caso de Roraima, mas entendi o colega, pois a demora variável das questões judiciais é um fato.
A coluna trouxe varias referências ao inciso 78 do art. 5º da Constituição, incluído pela EC n. 45/2004. Diz que "a todos, no âmbito judicial e administrativo, são assegurados a razoável duração do processo e os meios que garantam a celeridade de sua tramitação".
Define direito da cidadania com aplicação imediata. O ritmo do processo não se alterou com a mudança. E por quê? Porque a aplicação imediata não tem a ver com o fim breve do processo.
O leitor talvez pergunte: "Muito bem, se é assim, como explicar que processos judiciais ou administrativos, em geral, duram muito mais do que seria razoável esperar?"
Um dos motivos é psicológico: o relógio do que espera a solução apropriada para seu direito sente que o tempo não anda. No outro lado, estão todos os que prefeririam que a decisão judicial não saísse nunca. Esses só têm queixas da velocidade excessiva do processo, que às vezes realmente prejudica o direito atingido.
Não há modo de fixar o parâmetro seguro, em matéria de duração. Nada é matematicamente razoável, em especial quando visto dos pontos contraditórios do autor e do réu. É assim ainda que se ligue o sentido de razoável ao fato correspondente às razões da maioria. Continua obscuro, embora racional.
O justo pronunciamento judiciário corresponde a fazer justiça. E a justiça constitucional quer prazo razoável, já que demora não razoável nunca produz a justiça esperada. Quem não sofreu com a decisão retardada nem mesmo sabe o que isso representa.
Agora se abriu a possibilidade de o leitor ser tentado a situar o inciso 78, referido há pouco, no campo do simples jogo de palavras. "Não leva a coisa alguma." Por duas razões básicas: os juízes se queixam de estarem sempre sobrecarregados de serviço, o que exigiria muito mais magistrados em cada tribunal, comarca, ou especialidade. Acontece que os tribunais superiores não querem aumentar seu número de magistrados, com argumentos nesse sentido, alguns até razoáveis.
É o caso dos 11 membros do STF e dos 33 do STJ que as duas cortes não desejam ampliar. Nos níveis inferiores, o poder público não quer gastar mais com o Judiciário, até porque, em geral, tem interesse na demora do processo. Em São Paulo, onde estão os maiores tribunais do país, as custas devem até dar lucro, mas o prazo certo e definitivo só existe para os advogados.
Afinal, deixo a questão no ar, porque meus 3.200 toques de computador terminaram. Ao profissional do direito que quiser ampliar a avaliação, sugiro que leia, na "Revista CEJ" do Conselho da Justiça Federal, nº 48, texto sobre a questão do prazo razoável, de Francisco W. Lacerda Dantas. É muito bom e esclarecedor.

LIVROS JURÍDICOS
MERCADO DE CAPITAIS
AUTORA Alexandre P. dos Santos, Fábio Medina Osório e Julya Sotto Mayor Wellisch
EDITORA Saraiva (0/xx/11/3613-3344)
QUANTO R$ 74 (296 págs.)
Primeira obra da parceria Escola de Direito do Brasil-Saraiva, é apresentada pelo ministro Gilmar Ferreira Mendes. As partes do texto refletem o pensamento dos autores, desde direito no mercado de capitais --no qual apontam os ilícitos-- até processo administrativo e soluções consensuais.
PREVIDÊNCIA DOS SERVIDORES PÚBLICOS
AUTORA Raul M. F. de Oliveira
EDITORA J. H. Mizuno (0/xx/19/3571-0420)
QUANTO R$ 60 (308 págs.)
A dissertação de mestrado (Fadusp) merece de Maria Sylvia Zanella Di Pietro a recomendação de consulta para interessados no tema. A obra vai a pormenores do regime próprio da previdência, suas reformas e princípios dominantes. Avalia, ao fim, o regime próprio da previdência dos servidores públicos.
DIREITO PENAL DAS LICITAÇÕES
AUTOR Cezar Roberto Bitencourt
EDITORA Saraiva
QUANTO R$ 94 (386 págs.)
Eis uma interessante contribuição no enfoque duplo dos temas do título em duas partes que se completam, marcadas pela atenção dada aos seus elementos essenciais. Assim é nos aspectos gerais da primeira parte e nos cri-mes em espécie na licitação, do sétimo ao 16° capítulo, com pormenores sobre a pe-na e a ação penal.
GOVERNANÇA JUDICIAL
AUTOR Fábio Peixinho Gomes Corrêa
EDITORA Quartier Latin (0/xx/11/3101-5780)
QUANTO R$ 74 (308 págs.)
Tese de doutorado de Gomes Corrêa (Fadusp) fala do tema, sob influência dos direitos espanhol e francês. Crise do momento processual e participação ativa do juiz na governança precedem o tema do título. José Rogério Cruz e Tucci destaca no prefácio a gerência dos fins do processo pelo juiz com anuência das partes.
PRÁTICA JURÍDICA DE EXECUÇÃO PENAL
AUTOR Válter Kenji Ishida
EDITORA Atlas (0/xx/11/3357-9144)
QUANTO R$ 95 (512 págs.)
A busca de um manual essencialmente prático foi o ideal que levou Ishida a traçar a linha de base para a obra. Nela, foi reunida toda a matéria da execução penal.
CIÊNCIA REBELDE
AUTOR Pedro Demo
EDITORA Atlas
QUANTO R$ 47 (192 págs.)
"Para mudar é necessário, antes, mudar-se." Eis aí a máxima de Demo. Atores simétricos e interação social do tratamento encaminham os temas para frente. Quem não se desestrutura, e se acomoda, não aprende.

    Marca de luxo é ligada a trabalho degradante - Claudia Rolli

    folha de são paulo
    Le Lis Blanc pagou indenização de R$ 600 mil a bolivianos que confeccionavam roupas em oficinas clandestinas
    Dona da marca afirmou que não tem relação com oficinas; empresa também recebeu 24 autos de infração
    CLAUDIA ROLLIDE SÃO PAULOUma fiscalização, realizada em junho em São Paulo, encontrou 28 bolivianos em condições de trabalho análogas à escravidão em três oficinas que confeccionavam roupas das grifes Le Lis Blanc e Bo.Bô (Bourgeois e Bohême).
    As marcas pertencem à Restoque, grupo com 212 lojas no país e que encerrou o primeiro trimestre com receita líquida de R$ 195 milhões.
    À Folha a empresa informou que não tem relação com as oficinas fiscalizadas.
    Após blitz feita em 18 de junho em oficinas de costura clandestinas por força-tarefa do Ministério do Trabalho, Ministério Público do Trabalho e Receita Federal, a grife foi autuada e pagou R$ 600 mil de indenização aos estrangeiros, a maior parte em situação irregular no país.
    Cada trabalhador recebeu, em média, R$ 21 mil.
    A empresa também recebeu 24 autos de infração pelas irregularidades cometidas. Os valores das autuações ainda estão sendo calculados, mas apenas uma das multas (por práticas discriminatórias por origem ou raça) deve chegar a R$ 250 mil.
    Trabalho análogo à escravidão é a submissão a condições degradantes, como jornada exaustiva (acima de 12 horas), servidão por dívida e com riscos no ambiente de trabalho.
    PRODUÇÃO EXCLUSIVA
    Nove de cada dez peças fabricadas pelos 28 trabalhadores resgatados (18 homens e 10 mulheres) eram encomendadas pela Le Lis Blanc por meio de dois fornecedores intermediários: as confecções Pantolex e Recoleta (veja quadro na página 2).
    As confecções intermediárias encomendavam as peças às oficinas e depois as entregavam prontas para a grife.
    "Ficou evidente a dependência da empresa com o sistema de produção das oficinas e a responsabilidade do grupo", diz o auditor fiscal Luís Alexandre Faria.
    Sem carteira assinada, os costureiros faziam jornada de 12 a 14 horas em três oficinas na zona norte de São Paulo.
    Eles trabalhavam e moravam nesses estabelecimentos considerados pelos fiscais em condições precárias de segurança e de higiene. Os cômodos eram separados por tapumes, e os banheiros, coletivos.
    Alguns deles relataram que tinham de pedir permissão para deixar o local, apesar de terem a chave do portão e não ficarem trancados.
    Cadernos de contabilidade mostram indícios de descontos de dívidas contraídas com os gerentes das oficinas para pagar o valor das passagens de vinda da Bolívia.
    "Pegamos vales para pagar nossas contas e depois descontam nas faturas", diz M., 37, que trabalha como costureiro há um ano. O salário é de R$ 800 a R$ 900, após o desconto até do wi-fi.
    O gerente de uma das oficinas, H., diz que recebeu dos fornecedores de R$ 12 a R$ 15 por calça ou blazer costurado dependendo do grau de dificuldade, mas admite que apenas parte desse valor parte é repassada ao costureiros. "Do valor de cada peça é tirado um terço para quem costura, um terço para o lucro e um terço para despesas de aluguel, água e comida."
      Mais grifes de luxo são alvo de investigação
      Nomes são mantidos em sigilo para não atrapalhar apuração; fiscais dizem que avanço nesse setor surpreende
      Famílias que trabalham nas oficinas estão na mira de criminosos, mas temem denunciar por estarem ilegais
      DE SÃO PAULOPara os fiscais que atuaram no resgaste dos profissionais em oficinas de costura, o que chama atenção é que o trabalho degradante se espalha entre empresas que ocupam espaço no mercado de luxo, e não se concentra apenas nas lojas de "fast fashion" e grande redes de departamento.
      No Brasil, além da Le Lis Blanc, três grifes de luxo já estão na mira de auditores e procuradores do Trabalho. Os nomes são mantidos sob sigilo para não atrapalhar as investigações. Neste ano, outras duas firmaram termo de ajustamento de conduta com o Ministério do Trabalho, Ministério Público do Trabalho para adequar sua produção.
      O uso de mão de obra degradante não é privilégio do Brasil. Recentemente um grupo de grifes estrangeiras admitiu contratar trabalhadores em situação irregular em Bangladesh para terceirizar a produção e cortar custos.
      INTERDIÇÃO
      As oficinas fiscalizadas em junho foram interditadas por falta de segurança nas máquinas de costura (falta de protetores pode causar riscos de acidente de trabalho), ausência de extintores e risco de incêndio nas fiações aparentes.
      Na estimativa da fiscalização, existem entre 8.000 e 10 mil oficinas na região da Grande São Paulo empregando cerca de 80 mil a 100 mil trabalhadores de países sul-americanos nas mesmas condições irregulares constatadas na ação fiscal de junho.
      Segundo a Secretaria Municipal de Direitos Humanos de São Paulo, entre 100 mil e 200 mil bolivianos vivem na capital paulista, sendo somente 60 mil legalizados.
      VIOLÊNCIA
      Além das condições de trabalho, os fiscais dizem que as famílias que trabalham nas oficinas estão submetidas a riscos de violência.
      "Elas são alvos fáceis de criminosos e ladrões. Os migrantes têm grandes dificuldades em abrir conta nos bancos e optam por manter o dinheiro guardado no próprio local de trabalho, por exemplo", diz Renato Bignami, coordenador do Programa de Erradicação do Trabalho Escravo em São Paulo.
      "Já nos deparamos com situações de violência em virtude dessa dificuldade adicional nos próprios resgates", afirma o auditor.
      Dez dias após a fiscalização feita em oficinas de costura da cidade de São Paulo, o menino boliviano Brayan Yanarico Capcha, 5, foi morto com um tiro na cabeça em um assalto à casa da família, em São Mateus, na zona leste da capital.
      A família dele foi assaltada quatro vezes nos seis meses no Brasil, segundo mostrou reportagem da Folha.
      Não há estatísticas da Secretaria de Segurança Pública sobre assaltos à comunidade boliviana. Muitos trabalhadores estão irregulares no país e temem registrar queixa.
      Gerente boliviano de oficina começou como 'piloteiro' de estilista
      folha.com/no1317399
        OUTRO LADO
        Empresas dizem que não sabiam da exploração
        DE SÃO PAULOA Restoque, dona das marcas Le Lis Blanc e BôBo, disse que não tem relacionamento com as empresas citadas na fiscalização do Trabalho e que irá se defender.
        Em nota, a empresa disse que recebeu "em 22 de julho de 2013 autuação do Ministério do Trabalho e Emprego envolvendo empresas que não conhecemos e com as quais não temos relacionamento". Segundo a empresa, a autuação envolve valores entre R$ 50 mil e R$ 150 mil.
        "Cumprimos integralmente a legislação trabalhista nas relações com nossos colaboradores e tomamos os mesmos cuidados com nossos fornecedores", informou a Restoque, acrescentando que, após analisar as autuações, irá apresentar defesa.
        As duas confecções citadas pelo Ministério do Trabalho --Recoleta e Pantolex-- disseram desconhecer a exploração de trabalho escravo nas oficinas subcontratadas.
        Segundo o advogado Alexandre Venturini, que representa as duas marcas, a entrega de parte do serviço a oficinas menores é prática "esporádica" nas confecções.
        "Grande parte da produção é feita internamente e pontualmente são contratadas outras empresas, essas oficinas --que normalmente são compostas por estrangeiros, bolivianos--, para quando não é possível cumprir determinada meta de produção."
        Segundo Venturini, as confecções desconheciam a irregularidade nas oficinas. "Não tinham conhecimento a propósito dessa exploração de trabalho", disse. Os contratos das duas confecções com as oficinas fiscalizadas foram cancelados, afirmou.
        De acordo com o advogado, a Recoleta contratou pela primeira vez a oficina onde os fiscais detectaram a exploração de bolivianos. Já a Pantolex mantinha contratos com as outras duas oficinas em situação irregular havia cerca de um ano, diz. As oficinas não tiveram seus nomes divulgados pelo ministério para evitar a exposição dos trabalhadores bolivianos.