segunda-feira, 30 de junho de 2014

Pode diminuir a corrupção? - Renato Janine Ribeiro

Valor Econômico 30/06/2014

Microgravadores e amores líquidos podem constituir uma forte arma para apurar a corrupção - e reduzi-la

Levanto aqui uma questão controversa: com o avanço das tecnologias de gravação e o enfraquecimento dos laços conjugais, será que ficou mais fácil desmascarar a corrupção? Essas duas mudanças, uma técnica, outra social, diminuirão o desvio de recursos públicos?
Primeiro ponto. Hoje, não há praticamente mais conversa secreta, salvo entre duas pessoas nuas na água. Fora deste caso, um dos participantes - ou uma terceira pessoa - sempre pode gravar a conversa. Esse registro poderá servir para negociar um acordo de delação premiada ou, antes mesmo, pressionar e chantagear a outra parte. Um caso exemplar é o do mensalão do DEM, quando se descobriu uma rede de corrupção no Distrito Federal. Pudemos até ver dois políticos agradecendo a Deus pelo dinheiro roubado que recebiam. Sem câmeras portáteis de vídeo, não haveria o escândalo nem o castigo.

Tivemos, no começo da Nova República, uma novela emblemática da exaustão de nossa paciência com a corrupção: "Vale Tudo" (1988). Faz já mais de um quarto de século! Nela, a vilã Odete Roitmann forçava o genro Ivan a corromper um funcionário público - mas ela mandava gravar a cena, de modo que Ivan acabava preso. Na vida real, funcionários paulistanos chantagearam o empresário Ricardo Semler - que os filmou e denunciou. A corrupção se tornou mais arriscada. Mas a tecnologia complexa que foi usada nesses casos hoje é banal. Está ao alcance de qualquer um. Qualquer smartphone registra qualquer malfeito.

O corrupto não rouba supérfluos mas o essencial

Quer dizer que todo ato de corrupção hoje é denunciado? Não. Mas a facilitação de seus registros cria um risco maior para o corrupto. Ele sabe que tudo pode ser revelado. A única forma de evitar isso é as pessoas estarem sem roupa e num lugar - como uma piscina ou o mar - em que aparelhos eletrônicos não possam ser utilizados.

A corrupção, no Brasil, foi tolerada porque parecia não prejudicar ninguém. Furtava-se dinheiro da Viúva; ora, por que dar esse nome ao Tesouro Público? Porque, se um galã leva uma viúva a festas e jantares, para pegar o dinheiro dela, não estaria prejudicando ninguém, a não ser sobrinhos ou netos que só querem que ela morra logo para herdarem um dinheiro que não merecem. Mas essa é a mesma justificativa do fiscal que, para não emitir uma multa, aceita ou cobra um agrado: todos saem ganhando, pensa ele. Ele não entende que sai perdendo o Tesouro, o dinheiro de todos, o bem comum. Esse descaso criminoso pela coisa pública só é igualado pela sua aparente inocência - um crime que seus autores não percebem como crime, que prejudica milhões de pessoas, sobretudo as mais vulneráveis, sem eles o notarem.

O dinheiro da viúva é estéril. Se eu não pegá-lo, ele não será usado. Mas a analogia não cabe com a Viúva, isto é, o tesouro público. O dinheiro de todos é, ou deve ser, tudo, menos improdutivo. Quando se rouba a Viúva, perdem-se obras, perdem-se serviços. O corrupto não furta indolentes, mas contribuintes. Não rouba o supérfluo, mas o essencial. Não tira de ninguém o que este não merece, mas sim o que poupou, pagou, constituiu. Por isso, seu crime é horrível. Por isso, a China os executa.

Mas esta consciência parece estar longe do "nosso" corrupto. Daí que tantos deles flutuem vagamente entre a corrupção deslavada e o simples descaso no trato dos dinheiros. Daí que alguns sejam simpáticos e até generosos. Daí que seu crime não seja "hediondo". O hediondo é quem afirma, na sua cara, que não preza a sua vida, ou mesmo sente prazer em matar, em torturar. Lembra a "Anedota Búlgara", de Carlos Drummond de Andrade, sobre o czar naturalista que caçava homens: "Quando lhe disseram que também se caçam borboletas e andorinhas,/ ficou muito espantado / e achou uma barbaridade". Pois é, o corrupto pratica dois pesos e duas medidas. Ele, como o sonegador, não se reconhece como criminoso.

Por isso, no patrimonialismo brasileiro, e em sua derivada a corrupção, o uso da crueldade parece raro, ao contrário da Máfia. A doutrina que sustenta patrimonialismo, nepotismo e corrupção é a da bondade de quem os pratica: se rouba o que é de todos, é porque é de nenhum. Daí que seja importante enfrentá-lo num de seus pontos mais fracos, a rede de confianças entre cúmplices que permite funcionar a corrupção. Ele precisa desconfiar do sócio e da mulher.

Assim, o segundo elo fraco que um bom investigador pode atacar é o enfraquecimento dos laços antes pouco dissolúveis do amor, como o casamento. O corrupto confiava na esposa, porque ela pertence a sua vida doméstica, privada, íntima, não ao mundo público. Se na política alianças se fazem e desfazem, a aliança na vida pessoal era permanente. Isso valia não só para o casamento mas, até mesmo, para o estatuto duradouro de certas amantes. Ora, acabou esse asilo íntimo contra as agruras do mundo. As mulheres deixaram de assegurar o repouso do guerreiro. A insegurança pública invadiu a alcova. Relações se desfazem com uma raiva que não poupa segredos. A crise que derrubou o senador Renan da presidência do Senado foi exemplar. Acabou o papel secundário da mulher, que sustentava acordos num meio em que a palavra era constantemente quebrada; por que arcaria ela, sozinha, com tudo?

Microgravadores e amores líquidos expõem mais a corrupção a uma investigação bem conduzida. Mas a investigação tem que ser de primeira. Tem de jogar um contra outro. Tem que dissolver as alianças, premiando a denúncia do parceiro ou mesmo do amor. É o que a legítima defesa da sociedade exige. Mas qual o impacto destas mudanças que vulneram o segredo sobre a corrupção? Espera-se que consigam reduzi-la.


Renato Janine Ribeiro é professor titular de ética e filosofia política na Universidade de São Paulo. 
E-mail: rjanine@usp.br


TeVê

TV paga

Estado de Minas: 30/06/2014



 (Globo Filmes/Divulgação )

Mestre Cartola


Dirigido por Lírio Ferreira e Hilton Lacerda, o documentário Cartola – Música para os olhos é a atração de hoje, às 19h, no Film&Arts. A produção retrata, por meio de imagens de arquivo e depoimentos, a vida de um dos compositores mais admirados da música brasileira. A maior qualidade é evitar uma simples biografia ou registro do processo criativo do artista, mas destacando a importância do personagem na própria história do samba.

Série do A&E promove
desfile de belas pin-ups


A série Caos, exibida pelo canal A&E, emenda dois episódios a partir das 21h30. No primeiro, Tibira, proprietário da loja-bar na Rua Augusta, sai pelos antiquários e feiras à procura de réplicas de armas antigas, incluindo espadas e facas. No segundo, a sócia dele, Carrô, tem a ideia de fazer uma noite de cabaré no Caos e convida um grupo de pin-ups para promover um leilão do cor set, peça básica da indumentária burlesca.

Pequi é saboroso, mas
disso o mineiro já sabia


No episódio de hoje de Fominha, às 18h, no GNT, Ana Luiza vai a Brasília investigar as origens do pequi, fruta típica do cerrado – inclusive em terras mineiras. Ela conversa ainda com a chef que comandou a cozinha do Palácio da Alvorada e prepara uma galinhada especial para o músico Dado Villa-Lobos. No mesmo canal, às 22h, Grazi Massafera recebe a atriz e apresentadora Ana Furtado, que fala sobre flacidez, no programa Superbonita.

Atriz interpreta menino
que virou um mulherão


Daniele Winits faz o papel de um transexual no episódio desta noite de As canalhas, às 22h30, no GNT. Seu personagem é Gil, que foi hostilizado na adolescência por ser gay, deixou sua cidade no interior e retorna adulto, para o enterro da mãe, mas como Gilda, sua nova identidade, louca para se vingar de seus agressores do passado. Na sequência, às 23h, em Surtadas na yoga, a academia corre o risco de fechar por causa de problemas financeiros.

Muitas alternativas na
programação de filmes


Num dia sem estreias, destaque para oportunas reprises de filmes importantes, como os anunciados para a faixa das 22h: Falsa loura, no Prime Box Brasil; Minority report – A nova lei, no MGM; Assassinato em primeiro grau, no Studio Universal; É o fim, na HBO 2; E estrelando Pancho Villa, no Max Prime; O lado bom da vida, no Telecine Premium; Gabriela, no Telecine Cult; e Um dia de cão, no TCM. Outras atrações do pacotão de cinema: Um encontro com seu ídolo, às 20h30, no Universal Channel; O palhaço, às 21h25, na TNT; e 2012, às 22h30, no Megapix.


CARAS & BOCAS » Enfim, o beijo
Simone Castro
Estado de Minas: 30/06/2014


Clara (Giovanna Antonelli) e Marina (Tainá Müller) trocam carinho: gravação surpresa    (TV Globo/Divulgação )
Clara (Giovanna Antonelli) e Marina (Tainá Müller) trocam carinho: gravação surpresa

Acabou o suspense: o casal homossexual Clara (Giovanna Antonelli) e Marina (Tainá Müller) troca, finalmente, o beijo. A cena será exibida no capítulo de hoje de Em família (Globo), que já está na reta final. Especulava-se que, talvez, o carinho não fosse ocorrer, visto que há uma rejeição de parte do público ao relacionamento das personagens. Na trama, a fotógrafa quer oficializar a união e compra uma aliança para a namorada. Em clima romântico, ela oferece a joia e pede que Clara a use na mão direita e mostra uma igual já no próprio dedo. Clara percebe que é um pedido de casamento e aceita. Marina põe a aliança no dedo da dona de casa e elas selam o compromisso com um beijo. A gravação teria ocorrido de surpresa para as atrizes, combinada apenas entre o autor, Manoel Carlos, e os diretores Jayme Monjardim e Leonardo Nogueira, marido de Giovanna. Vale lembrar que as atrizes não trocaram o primeiro beijo gay feminino da TV aberta, que foi registrado em 2010 na novela Amor & revolução, do SBT/Alterosa, entre as personagens de Luciana Vendramini (Marcela) e Gisele Tigre (Marina). Já na Globo, o beijo inédito entre homens foi realizado por Mateus Solano (Félix) e Thiago Fragoso (Niko) em Amor à vida, antecessora de Em família.

TUDO O QUE ROLOU EM
NOVA FASE DO MUNDIAL


O Alterosa no ataque desta segunda-feira, às 19h10, na TV Alterosa, coloca o telespectador na cara do gol mostrando – e repercutindo – tudo o que rolou em campo e nos bastidores de Brasil e Chile, no sábado, no Mineirão. E os destaques vão além, com os outros jogos das oitavas de final da Copa do Mundo no fim de semana.

TRAMA DE WALCYR SUPERA
A DE MANECO EM PORTUGAL


Amor à vida registra mais do que o dobro de audiência de Em família, ambas da Globo, em Portugal. A primeira é de Walcyr Carrasco e a outra de Manoel Carlos. As novelas são exibidas pelo canal SIC, às 22h55 e às 18h45, respectivamente. De 2 a 25 de junho, segundo o GFK, instituto que mede a audiência da TV portuguesa, a trama de Walcyr marcou 11,2 pontos de média, contra 5,4 da novela de Maneco. Em família ainda perde para Salve Jorge, de Glória Perez, por lá chamada de A guerreira, exibida à meia-noite. E só vence Senhora do destino, de Aguinaldo Silva, reprise que vai ao ar à tarde.

PERSONAGEM RETORNA
EM QUINTA TEMPORADA


Covert affairs, série do canal AXN (TV paga), vai contar com o ator Oded Fehr em sua quinta temporada. Ele retorna à atração no papel de Eyal Lavin, um ex-agente da Mossad, a divisão de inteligência de Israel. Eyal ajuda Annie Walker, jovem agente da CIA, em algumas missões arriscadas.

NOVELAS MEXICANAS NA
SUCESSÃO DE CHIQUITITAS

O SBT ainda não definiu, mas estão cotadas as tramas mexicanas Carinha de anjo e Patinho feio para substituir Chiquititas. Especula-se, no entanto, que a mudança pode demorar, pois há interesse em prorrogar o remake de Íris Abravanel durante todo o ano que vem.

GILBERTO BRAGA
NO CANAL VIVA


O dono do mundo, trama de Gilberto Braga, vai substituir História de amor, de Manoel Carlos, no canal Viva (TV paga), no ar às 15h30. No elenco, entre outros, Antônio Fagundes, Glória Pires, Malu Mader e Fernanda Montenegro. Exibida na Globo em 1991, conta a história do pedante cirurgião Felipe Barreto, personagem de Fagundes, machista e mulherengo, que decide conquistar a noiva de seu funcionário em pleno dia do casamento, a fim de transar com ela depois de descobrir que a moça é virgem. Ao perceber que foi usada, Márcia, vivida por Malu Mader, passa a tramar uma vingança contra o safado. Detalhe: O dono do mundo patinou na audiência, assombrada por um fenômeno, nada menos do que a mexicana Carrossel, exibida na época pelo SBT/Alterosa. A estreia está prevista para agosto.

VIVA

Gina (Paula Barbosa), que rouba a cena de coadjuvante e acaba no posto de mocinha em Meu pedacinho de chão (Globo).


VAIA

Megan, personagem de Isabelle Drummond, precisa de uma virada em Geração Brasil (Globo). Ô garota sem noção!

LEGADO » O mais corajoso dos homens [ Bobby Womack]

LEGADO » O mais corajoso dos homens
Com a morte de Bobby Womack, a soul music perde um de seus mais influentes artistas. Cantor gravado pelos Rolling Stones mostrou capacidade de dar a volta por cima e vencer o ostracismo 

Mariana Peixoto
Estado de Minas: 30/06/2014


Bobby Womack tocou com Aretha Franklin e Ray Charles e teve canções gravadas por Janis Joplin e George Benson     (Paul Bergen/AFP)
Bobby Womack tocou com Aretha Franklin e Ray Charles e teve canções gravadas por Janis Joplin e George Benson


Ninguém se torna o homem mais corajoso do universo à toa. Bobby Womack sofreu com diabetes, conseguiu superar a cocaína e o câncer. Até o Alzheimer, que o alcançou mais recentemente, não foi capaz de tirá-lo dos palcos. Foi visto pela primeira vez no Brasil em novembro, no Rio e em São Paulo, no festival Back2Black. Mas até o homem-coragem sucumbe. Womack morreu sexta-feira, aos 70 anos. No entanto, um dos últimos grandes remanescentes da era de ouro da soul music partiu deixando um legado que vai sobreviver a ele. E um canto dos cisnes que o recuperou do ostracismo e o apresentou, da maneira devida, às novas gerações.

Lançado em 2012, The bravest man in the universe, presente em todas as listas de melhores discos de 2012, foi cria de Damon Albarn. O líder do Blur tirou Womack do limbo dois anos antes para uma participação em Plastic beach, álbum de sua segunda banda, o Gorillaz. Albarn, aqui em parceria com Richard Russell, repetiu a dobradinha de produção que também tirou outro velho herói da música americana do esquecimento. Os dois produziram I’m new here (2010), de Gil Scott-Heron. Coincidência infeliz, foi também o derradeiro disco de Scott-Heron, que morreu um ano mais tarde.

Voltando a Womack, The bravest man in the universe, seu primeiro álbum em 13 anos, começa com a faixa homônima, com a interpretação a capela, com sua voz de barítono ainda potente, porém um tanto descarnada, que explicita a acidentada biografia do cantor, compositor e guitarrista. A canção continua num clima quase trip-hop, que está em função da voz de Womack. A dupla de produtores não o atropela em momento algum, só atualizando, sem forçar a barra, uma obra que sempre foi moderna. Promove ainda encontros inusitados, como a de Womack dividindo uma canção (Dayglo reflection) com a então estrela em ascensão Lana Del Rey. E até o embate entre os monstros Womack e Scott-Heron numa pequena vinheta (Stupid introlude).

Ao longo de sete décadas, Womack renasceu várias vezes. Nascido em 4 de março de 1944, o filho de um metalúrgico de Cleveland não fugiu à regra no início de carreira. A rígida educação religiosa o levou, ainda criança, a se unir aos quatro irmãos – Cecil, Curtis, Harry e Friendly Jr. – e formar o quinteto gospel The Womack Brothers. Foi Sam Cooke, considerado o inventor da soul music, quem levou os irmãos, a contragosto do pai, para o caminho da música secular. Rapidamente, os Womack se tornaram The Valentinos. Mas a estrela de Bobby começou a brilhar realmente por meio de terceiros. Foi guitarrista da banda de Cooke e, depois do assassinato deste, os Valentinos não renderam muito tempo. Surpreendentemente, Womack, a despeito da tragédia com o mentor, não esperou muito para se casar com a viúva de Cooke, Barbara Campbell, o que deixou a comunidade R&B consternada.

Nas paradas


Como guitarrista, Womack gravou com Aretha Franklin, Ray Charles, Dusty Springfield e Wilson Pickett. Este último, por seu lado, registrou 17 canções de autoria de Womack, I’m a midnight mover entre elas. Suas composições foram também ouvidas nas vozes de George Benson (Breezin’) e Janis Joplin (Trust me). Mas foi com os Rolling Stones que Bobby chegou ao topo das paradas. O primeiro hit da banda de Mick Jagger e Keith Richards foi uma gravação de It’s all over now, que os Valentinos haviam registrado anteriormente.

Como artista solo, só estreou em 1968, numa carreira discográfica cujo auge ocorreu nos anos 1970, com álbuns como Communication (1971) e Understanding (1972). Quando entrou para o Hall da Fama do Rock, em 2009, Womack declarou: “Se você é abençoado por ser capaz de esperar o que é importante para você, um monte de coisas vão mudar na vida.” Infelizmente, a morte chegou para Womack em meio à produção de seu novo álbum, projeto que contaria com a participação de Stevie Wonder e Rod Stewart. O título anunciado é The best is yet to come (O melhor ainda está por vir). Pura ironia.

Biomassa como combustível para aciaria‏

Equipe de pesquisadores mineiros apresenta uma solução na área de engenharia de materiais, com foco nas energias renováveis, e vence prêmio da Associação de Aço e Tecnologia dos Estados Unidos

Augusto Pio
Estado de Minas: 30/06/2014



A partir da esquerda, Thales Leal, Paulo Assis, Tiago Oliveira e Jaderson Ilídio (arquivo pessoal)
A partir da esquerda, Thales Leal, Paulo Assis, Tiago Oliveira e Jaderson Ilídio

Um grupo de pesquisadores da Universidade Federal de Ouro Preto (Ufop) conquistou o 3º lugar na categoria Graduate Student Poster Contest, na 10ª edição do prêmio dado pela Associação de Aço e Tecnologia dos EUA (AISTech), evento realizado em Indianápolis, nos Estados Unidos. O grupo da Ufop apresentou um projeto sobre o uso de biomassa na aciaria elétrica, que busca a utilização de fontes renováveis de combustível para geração de energia elétrica e aproveitamento dos gases de combustão na queima do material. “Os combustíveis propostos neste trabalho foram biomassas, no caso, capim-elefante, casca de arroz e casca de feijão. Esse processo trata da substituição de fontes não renováveis, como gás natural e petróleo, por renováveis, que seriam resíduos de agricultura, já que o Brasil é rico nessas fontes”, explica Jaderson Ilídio, estudante de matemática que integra o grupo, formado ainda pelo professor da Ufop e coordenador da Rede Temática em Engenharia de Materiais (Redemat) Paulo Santos Assis e pelo doutorando da Redemat Tiago Luis de Oliveira. A Redemat é fruto de uma parceria entre a Ufop e a Universidade do Estado de Minas Gerais (Uemg).

O projeto usa conceitos da lei da termodinâmica para realizar os cálculos. “Aplicamos diretamente a fórmula para encontrar a quantidade de energia necessária e a quantidade de material a ser utilizado, podendo avaliar, assim, o custo de material gasto para a produção de aço. Pretendemos usar, futuramente, a fumaça das caldeiras para fornecer energia térmica para outro processos da aciária elétrica. Os resíduos que servem como matéria-prima são, em geral, desperdiçados, e com sua reutilização há uma reciclagem e ganho de crédito de carbono”, ressalta o estudante.

Jaderson esclarece quer o projeto tem como pretensão apresentar vantagens para o uso de biomassas como capim-elefante, cascas de arroz e de café na geração de energia térmica e elétrica dentro da cadeia de produção do aço. A geração da energia elétrica se dá pela queima do material diretamente dentro de uma caldeira, e quanto à energia térmica, a biomassa poderia ser aplicada pela injeção desse material dentro dos fornos utilizados para refinar ou fundir o aço, como principal exemplo, e forno elétrico a arco. A indústria do aço é muito dependente do uso de gás natural e outros combustíveis de origem fóssil, como carvão mineral, e esse projeto abre as portas para a substituição desses poluentes atmosféricos por produtos renováveis, que não agridem a natureza”, acrescenta o estudante.

Aluno de iniciação científica no grupo de pesquisa do professor Paulo Assis, atualmente Jaderson Ilídio trabalha na continuidade e no aprimoramento desse projeto e colabora com mais um outro na mesma área de estudos, de energias renováveis. “Conjuntamente com os alunos de graduação em metalurgia, foi desenvolvida a pesquisa teórica sobre o tema e feita uma base para cálculo do custo de material necessário para cada 100 toneladas de aço produzida. Uma pesquisa atual dos preços de mercado das biomassas e gás natural foi feita para aplicarmos aos artigos produzidos”, diz Jaderson.

O doutorando Tiago Oliveira salienta que o projeto tem como pano de fundo uma dissertação de mestrado em engenharia de materiais sobre o uso de biomassa como fonte energética sustentável na cadeia da fabricação do aço. “Esse artigo foi elaborado com a minha supervisão e coordenação do professor Paulo, com alunos de graduação em engenharia metalúrgica da Escola de Minas de Ouro Preto.” Sua contribuição foi orientar os estudantes Thales Leal, Ramon Pasquali, Lucas Gibram e Renan Artilha, fornecendo elementos teóricos e práticos relativos ao processo de fabricação de aço empregando um forno elétrico a arco que tem uma tecnologia de pré-aquecer sucata, usando a energia elétrica.

“Outra tecnologia é o uso de lanças no forno para injeção de oxigênio e gás natural. Tudo isso é objeto de estudo no processo de fusão e produção de aço dentro do forno. Essa tecnologia já existe e é empregada nos mais de 190 fornos dos EUA, porém a utilização de biomassa em substituição ao gás natural e integrado ao sistema ainda é inédito. Nosso objetivo é aprofundar as discussões, como no último congresso da Associação de Aço e Tecnologia dos EUA”, salienta Tiago. “Atualmente, estamos trabalhando juntos em um projeto de utilização de biomassa para geração de energia elétrica, via forno de micro-ondas”, revela.


Protocolo de Kyoto

Criado em 1997, em Kyoto, no Japão, esse documento foi assinado pela Convenção do Clima da Organização das Nações Unidas e definiu metas de redução de emissões para os países desenvolvidos, responsáveis históricos pela mudança atual do clima. Esses países se comprometeram a reduzir suas emissões totais de gases de efeito estufa a, no mínimo, 5% abaixo dos níveis de 1990, no período compreendido entre 2008 e 2012. Os países não listados no chamado Anexo I, entre eles o Brasil, tiveram estabelecidas medidas para que o crescimento necessário de suas emissões fosse limitado pela introdução de medidas apropriadas, contando, para isso, com recursos financeiros e acesso à tecnologia dos países industrializados. O protocolo entrou em vigor em fevereiro de 2005, mas nem todos os países industrializados, como os Estados Unidos, assinaram o documento.


Objetivo é associar ideia ao agronegócio

Paulo Assis esclarece que o projeto visa ainda ao aproveitamento do potencial do agronegócio em uma sinergia com o setor siderúrgico e metalúrgico. “Existe no país uma produção agrícola bastante pujante, notadamente, cana-de-açúcar, café, arroz e outros. Esses produtos, durante seu processamento, geram resíduos. Parte deles não é aproveitada e muitas vezes constituem um passivo ambiental, que além de contaminar o solo, prejudica a atmosfera, através da emissão de metano, que é 24 vezes pior que a emissão de gás carbônico.”

O professor ressalta que a contribuição do grupo foi exatamente avaliar esse potencial e encontrar alternativas de uso no setor siderúrgico, que sempre consome muita energia. As vantagens são sociais, econômicas, financeiras e ambientais e, segundo ele, a viabilidade técnica do projeto é inquestionável pelos estudos até então realizados. “Temos recebido muito apoio pela maior associação mundial de ferro e aço do mundo, que é a Association for Iron and Steel Technology, sediada nos EUA. Este ano, o grupo recebeu, pela terceira vez, o prêmio de reconhecimento técnico. Isso, em um país que tem toda a sua matriz energética fundamentada em combustíveis não renováveis, mostra que os norte-americanos estão atentos às produções científicas que estão sendo desenvolvidas no mundo para minorar o impacto ambiental de um consumo exacerbado de combustíveis não renováveis, a despeito de não terem assinado o Protocolo de Kyoto.”

Assis ressalta que o grupo envolvido nesses projetos é bastante eclético e tem trabalhado desde 2004, com as alternativas do uso da biomassa. “Inicialmente, nosso foco foi o carvão vegetal, visto que a indústria siderúrgica nacional atualmente tem uma participação desse redutor bastante notável (cerca de 25%) e posteriormente, outros materiais da biomassa foram sendo anexados ao projeto”. A produção de ferro-gusa no Brasil é dependente de dois redutores. O primeiro, o coque, é um material derivado da transformação do carvão mineral, e responsável por cerca de 75 % de toda a produção de gusa. O segundo, o carvão vegetal, derivado da carbonização da madeira (eucalipto principalmente) é o responsável pelo restante. A grande vantagem do segundo em relação ao primeiro é que ele é genuinamente nacional e oriundo de florestas plantadas, amenizando a pressão sobre o carvão vegetal de florestas nativas.

Opções - Eduardo Almeida Reis‏

Estado de Minas: 30/06/2014 



Engraçado: com boneca de silicone pode, mas com caixa eletrônico é proibido transar. Como noticiou o Daily Mail, Mr. Lonnie Hutton, de 49 anos, estava em um restaurante na cidade de Murfreesboro, Tennessee, EUA, quando tirou suas calças e cuecas e começou a fazer movimentos como se estivesse transando com um caixa eletrônico. A polícia conseguiu encontrar Hutton nas proximidades do restaurante ainda sem roupas, balançando os quadris, exibindo badalhocas e pirilau, com bafo de álcool e dificuldade de movimentos.

Quando estava sendo preso ainda tentou transar com uma mesa de madeira. Foi multado em US$ 250. Maldade das leis do Tennessee, pois Hutton não sequestrou a mesa nem o caixa eletrônico, que, por seu turno, não se queixaram da tentativa de estupro.

Muito mais grave do que o sexo do americano foi a decisão do STF sobre os envolvidos na Operação Lava Jato, mandando soltar o mais perigoso dos ladrões de alto coturno para ajeitar seus negócios em liberdade, enquanto Hutton não passa de um bêbado inofensivo. É óbvio que todo brasileiro, em seu juízo perfeito, não sabe que Murfreesboro, fundada em 1811 e incorporada em 1817, fica no condado de Rutherford e é uma das cidades de mais rápido desenvolvimento populacional dos Estados Unidos. Em 2012, tinha alcançado 114 mil moradores, a quinta parte da população de Juiz de Fora, MG. Desde 1977, a cidade americana tem um time de futebol, o Murfreesboro Soccer Club. Juiz de Fora tem o Tupi Football Club, fundado em 1912, que tem como mascote o Galo Carijó: “que ou o que possui penas pintalgadas de branco e preto. Diz-se especialmente do galináceo, mas se aplica aos mestiços de índio com branco, bem como a diversas madeiras, aos índios guaranis que nos séculos 16 e 17 ocupavam diversas regiões brasileiras e aos índios escravizados pelos colonos paulistas. Etimologia: do tupi cari-yó – procedente do branco; a ave pedrês”.

Religião

Afamanado bispo evangélico, que amealhou pessoalmente uma das maiores fortunas deste país grande e bobo graças a um ardil que comentei na coluna de ontem, publicou no YouTube diversos vídeos afirmando que o candomblé e a umbanda não são religiões. Deu um bololô dos diabos, sobretudo depois que o juiz Eugênio Rosa de Araújo, da 17ª Vara Federal do Rio, atestou que manifestações religiosas afro-brasileiras não constituem religiões. Em sua opinião, só seriam religiões aquelas que tivessem um texto-base como a Bíblia ou o Corão, uma estrutura hierárquica e um deus a ser venerado. Afirmou e voltou atrás, como virou moda até no STF.

Com todo o respeito devido ao magistrado federal, ao bispo bilionário, aos umbandistas e aos candombes praticantes, acho que erraram pelo seguinte motivo: tudo é religião. O autor destas bem traçadas, que tem horror a todas as religiões, é o mais religioso dos brasileiros. Observo desde sempre aquilo que considero obrigação moral, dever inelutável, e desafio os religiosos, todos eles, num teste de princípios morais e éticos.

Obrigação moral, princípios morais e éticos, isso tudo é religião. Tenho defeitos, é lógico, muito menos que os dos tais religiosos. E me permito dizer ao papa Francisco: enquanto philosopho penso que ele enveredou com muito entusiasmo pela trilha das canonizações.

Ouço falarem das canonizações de cavalheiros e damas que não resistem a um advogado do diabo reprovado nos exames da OAB: tenha o papa Francisco a santa paciência. Em sua igreja, canonização é assunto sério. Aventando a hipótese de canonizar bandidos, traquinas ou idiotas, desmoraliza os outros santos.

Crime e castigo

Não há dia em que não se veja na mídia a lenga-lenga criminológica sobre recuperação de bandidos, ressocialização, licenças para deixar a cadeia pela Páscoa, pelo Natal, pelo Dia das Mães. Todo mundo opina e acha que entende do assunto, que se resume ao seguinte: cadeia não recupera ninguém, mas é ótima para isolar o criminoso do convívio social. Só isso: o isolamento basta para justificar a prisão. O resto é piu-piu, como dizia Ibrahim Sued, meu contemporâneo nas redações cariocas. O Turco humilhava a plebe com os seus charutos: “Estou queimando cinco dólares”. Bons tempos! Hoje, por cinco dólares só encontramos charutos de macumba.

O mundo é uma bola 

30 de junho de 1559: o rei Henrique II, da França, é seriamente ferido numa justa contra Gabriel de Montgomery. Justa era torneio em que dois cavaleiros armados de lanças, indo um na direção do outro, procuravam desmontar o oponente. Morreu 10 dias depois. Em 1793, inauguração do Teatro Nacional de São Carlos, em Lisboa. Algumas das passagens mais deliciosas dos livros do Eça ocorreram em São Carlos, localizado no centro histórico de Lisboa, zona do Chiado. Foi construído para substituir o Teatro Ópera do Tejo, destruído no terremoto de 1755. No mesmo largo, em frente ao teatro projetado pelo arquiteto José da Costa e Silva, nasceu uma das mais importantes figuras da poesia portuguesa, Fernando António Nogueira Pessoa.

Em 1908, no Evento de Tunguska, a explosão de alguma coisa na atmosfera terrestre destruiu milhares de quilômetros quadrados de florestas na Sibéria e o tremor foi sentido até no centro da Europa. Hoje é o Dia do Biotécnico, do Economista e do Caminhoneiro.

Ruminanças
“Um tolo sempre encontra outro mais tolo que o admira” (Boileau, 1636-1711).

Mulheres no futebol - Maria das Graças Brasil Pinto

Estado de Minas: 30/06/2014


Contrariando a visão utópica de que o futebol é um esporte exclusivamente masculino, cada dia mais mulheres garantem seu espaço como apreciadoras e praticantes da modalidade, participando ativamente tanto nas arquibancadas quanto dentro das quatro linhas. Muito antenadas, algumas delas se mostram profundas conhecedoras das regras, do esquema tático e do posicionamento dos jogadores de cada time. Atualmente, a participação feminina é aprovada e exigida pela maioria dos homens. Alguns, aliás, acreditam que elas dão o charme que o esporte precisava.

Registros do século 19 confirmam a longevidade dessa relação. Nessa época, porém, a participação das mulheres nos jogos se restringia à socialização em busca de bons pretendentes. Durante muito tempo elas exerceram um papel secundário no esporte, limitando-se à torcida ou aos concursos de madrinhas de clubes. Pequenas exceções tiveram a oportunidade de participar com o pontapé inicial ou na disputa de tiros livres.

Com o tempo, o interesse ultrapassou as arquibancadas e as mulheres passaram a praticar a modalidade. No Brasil, há registros de partidas mistas em 1908 e 1909. Oficialmente, a primeira partida de futebol feminino no país ocorreu em 1921, entre as senhoritas dos bairros Tremenbé e Cantareira, atual Santana – zona norte de São Paulo.

Durante um tempo, o preconceito e o machismo fizeram com que a prática do esporte pelo público feminino no país fosse proibida. Especificamente, durante o governo do presidente Getúlio Vargas, por meio de um decreto de 14 de abril de 1940. Somente em 1979 o veto foi revogado e as mulheres puderam voltar a se divertir com a modalidade.

Atualmente, as mulheres completam a torcida nas arquibancadas dos estádios de todo o país. Aproximadamente, 30% delas acompanham de perto campeonatos e jogos, inclusive, da Seleção Brasileira, segundo pesquisa realizada pela Sophia Mind com 2.084 mulheres entre 18 e 60 anos, em todo o Brasil.

Ainda de acordo com o levantamento, pelo menos 80% delas torcem por algum time. A ironia é que os homens, que tempos atrás proibiam a participação delas, hoje a influenciam desde pequenas a escolher o time do coração.

Contudo, o que percebemos é que a participação delas no esporte ainda é pequena. Em pesquisa divulgada pela Pluri Consultoria, as mulheres relatam os motivos de não ir aos jogos. A maioria alega que falta infraestrutura nos estádios, como condição de uso dos banheiros (81%), segurança (64%), falta de cobertura nos estádios para situações de chuva (34%), preços dos ingressos (32%), falta de companhia (14%) e outros fatores somados (21%). A pesquisa foi realizada em seis cidades (São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Curitiba, Porto Alegre e Salvador) e ouviu 1.122 mulheres acima de 16 anos.

Mesmo que a participação ainda seja pequena, podemos nos orgulhar de diversas mulheres que praticam o esporte profissionalmente e levam o nome do Brasil por todo o mundo. Um grande exemplo é a meia-atacante da Seleção Brasileira Marta, considerada a maior jogadora de futebol de todos os tempos. Marta já conquistou o prêmio de melhor do mundo entre 2006 e 2010, além de dois pan-americanos e dois sul-americanos e duas medalhas de prata olímpica.

Em tempos de Copa do Mundo no país, a expectativa é que a participação feminina aumente cada vez mais com as melhorias realizadas nos estádios que sediam o evento e, claro, a abolição do preconceito contra elas dentro ou fora de campo.

Cabelo Cabeleira Cabeludo Descabelado Lilian Monteiro

Estado de Minas: 30/06/2014 


Além do futebol e do toque de bola, os jogadores na 20ª Copa do Mundo despertam interesse também pela personalidade e estilo. É o momento de eleger os mais gatos, os corpos mais sarados e, claro, os donos das madeixas mais descoladas e ousadas, para o bem ou para o mal. A cabeleireira Dani Ribeiro, sócia do salão Tif’s , unidade Mangabeiras, define: “O cabelo é a escolha perfeita e rápida para se criar estilo e se destacar, ainda mais no ambiente do futebol, onde todos usam uniformes. Um bom look simboliza poder, gera mudança e faz nascer um personagem, seja para intimidar o adversário ou ajudar no marketing pessoal do atleta”. Ela analisa a escolha de alguns astros que desfilam pelos gramados do Brasil.


Pranjic (Croácia)
Conhecido estilo moicano, mas levado ao extremo


Gervinho (Costa do marfim)
Talvez o mais radical, pois tem trancinhas, dreads e também a testa raspada


Debuchy (França)
Lindo, um ar de Mauricinho, vanguardista, cabelo arrumado, gel e pomada


Beckerman (Estados Unidos)
Muito cool, passa uma impressão de poder e segurança com seu grande rastafári


Nestor Pitana (árbitro argentino)
A dificuldade em assumir a calvície o faz ser criativo; acha outro caminho para os fios


Pogba (França)
O mais divertido, estiloso, e parece ter uma pegada cultural, da sua origem

 (Mike Blake/reuters)

Cavani (Uruguai)
Cabelão longo, descontraído e bem ao estilo uruguaio


Raul Meireles (Portugal)
O moicano hipster radical


Assou-Ekotto (Camarões)
No estilo black power, exala charme e usa faixa para o cabelo não atrapalhar o jogo


Sagna (França)
Talvez o mais exótico de todos com suas tranças. Puro estilo e personalidade

 (Marcelo Del Pozo/reuters)

Neymar
Com sua franja lateral ou cada visual que tem feito, cria estilo próprio, supercopiado


David Luiz
Com seu cabelo longo e anelado, passa uma imagem de inocência, lúdica e juvenil

Zona Mista

Zona mista
kelen cristina (Com Paulo Galvão)
Estado de Minas: 30/06/2014


 ( Twitter/Reprodução de internet)


Batalha aérea

O confronto entre Holanda e México não se limitou aos quase 100 minutos que as equipes disputaram no gramado do Castelão. Se em terra a parada foi disputada, com a vitória de virada dos europeus por 2 a 1, no ar o voo também não foi em céu de brigadeiro. Empresas aéreas dos dois países acabaram duelando no mundo virtual, ainda que indiretamente. Tão logo acabou a partida, a holandesa KLM resolveu fazer uma brincadeira, postando no Twitter um letreiro de sala de embarque e os dizeres: “Adiós, amigos”. Muitos mexicanos se revoltaram, entre eles o ator Gael García Bernal, que escreveu: “Nunca mais viajo por essa companhia aérea. Vão se f…”. A repercussão foi tão negativa que a KLM retirou o tuíte do ar. Momentos depois, coincidência ou não, a Aeroméxico foi ao Twitter e, também exibindo um letreiro de aeroporto (de desembarque), postou uma singela mensagem aos compatriotas: “Obrigado por este grande campeonato, estamos orgulhosos e os esperamos em casa. #VivaMéxico”.

Na trilha dos vencedores

O técnico da França, Didier Deschamps, lançou mão de um artifício diferente para inspirar seus jogadores na busca pelo título da Copa do Mundo em gramados brasileiros. Nada de mensagens da família ou filmes motivacionais. Ele deu a cada atleta da seleção um exemplar da biografia do ex-técnico Alex Ferguson, que durante 26 anos comandou o Manchester United, e um do livro escrito por Phil Jackson (Onze anéis: a alma do sucesso), treinador 11 vezes campeão da NBA – seis com o Chicago Bulls e cinco com o Los Angeles Lakers.

Amor à camisa

Normalmente bastante procuradas por turistas, as boates de striptease do Rio registram aumento do movimento com a Copa. No fim de semana, foi possível ver filas na porta de algumas delas, como Barbarella e Cicciolina, ambas no Leme. Uma prova de que muitos dos que estavam ali eram estrangeiros que vieram acompanhar o Mundial eram as camisas de seleções usadas por eles – todos ávidos por provar o amor à camisa.

Sem bicho...

Chegar ao mata-mata pela primeira vez na história não foi o único mérito da Seleção Grega no Mundial. Na véspera do confronto contra a Costa Rica, pelas oitavas de final, os jogadores divulgaram uma carta na qual recusavam qualquer premiação em dinheiro pela campanha no Brasil – o bônus, segundo a imprensa do país, teria sido oferecido pelo primeiro-ministro Antonis Samaras. “Não queremos bônus extra ou dinheiro. Queremos apenas jogar pela Grécia e seu povo. Tudo o que queremos é que apoiem nosso esforço e achem um terreno para criar um centro esportivo para hospedar nossa seleção”, dizia o comunicado.

… E quase sem casamento

O zagueiro Sokratis Papastathopoulos, autor do gol grego que levou a partida contra a Costa Rica para a prorrogação (o jogo acabou definido nos pênaltis, com vitória costa-riquenha) enfrentou um grande dilema ontem: ou a sonhada vaga nas quartas de final da Copa ou o casamento. Certamente sem acreditar muito no desempenho da Seleção da Grécia no Brasil, ele marcou seu matrimônio numa igreja de Cape Sounio – paradisíaca península a 65 quilômetros de Atenas – para sábado, mesma data do confronto com a Holanda, pela próxima fase do Mundial. O destino quis que Sokratis subisse ao altar. Azar no jogo, sorte no amor, decretariam os românticos.

 (Instagram/Reprodução de internet)


Tietagem

Aos 39 anos, o volante Zé Roberto, do Grêmio, comprovou ontem o quanto ainda é respeitado na Alemanha, onde atuou por 12 temporadas. Ele foi “tietado” pelo volante Schweinsteiger, o armador Götze e o atacante Podolski   em visita ao hotel da Seleção Alemã, em Porto Alegre.   Ex-companheiro do brasileiro no Bayer, Schweinsteiger  até posou (foto) vestido com uma camisa do tricolor gaúcho. Podolski rasgou elogios a Zé Roberto em sua conta no Instagram: “Ele ainda está top! Ótimo encontrar meu ex-companheiro de equipe Zé Roberto aqui no Brasil”. Até o jovem Götze, de 22 anos, revelou sua admiração pelo brasileiro, chamando-o de “lenda”.

# BOMBANDO

“Vamos embora com a cabeça erguida. Muito orgulhoso com o que os meninos conseguiram. Obrigado  à torcida, que está sempre conosco”
• Miguel Herrera (@MiguelHerreraDT), técnico da Seleção Mexicana, no adeus    ao Brasil

“Deixamos o Brasil, estamos eliminados, mas tranquilos por saber que este grupo deu o máximo. Graças ao Senhor por me permitir esta experiência”
• Cavani (@EcavaniOfficial), atacante da Seleção Uruguaia, que também se despediu do Mundial

COLUNA DO JAECI » Não vendo ilusão.Sou realista‏

Jaeci Carvalho
Estado de Minas: 30/06/2014



Neymar é supercraque; Oscar, o melhor armador do mundo; Paulinho, Fernandinho e Luiz Gustavo lembram Cerezo, Ryjkaard e Davids; Fred e Jô são semelhantes a Ronaldo; Felipão se compara ao saudoso mestre Telê Santana. É o que alguns idiotas querem ler e ouvir deste escriba, mas não posso mentir. A distância do Fenômeno para os centroavantes citados é abissal. Entre os volantes é como daqui a Marte. E de um técnico para outro mais ou menos cinco voltas em torno do mundo. Muitos dirão: Felipão foi campeão em 2002. Sim, está na história, como também está que a Seleção de Telê em 1982 foi escolhida entre as três melhores de todos os tempos, mesmo sem ganhar.

Infelizmente, na Copa em nosso país, temos a pior safra da história. O único com pinta de craque – vejam bem, pinta – é Neymar. Mas se ele continuar caindo em vez de procurar chutar, vai se perder. Lembro-me de Bismark. Apontado como craque na década de 1980, não passou de bom jogador. Muitos que surgiram foram lá no alto e se apagaram.

Um amigo a meu lado me lembrava sábado, na tribuna, no jogo contra o Chile, que Ronaldo na área sempre arrumava um jeito de chutar: de bico, canela, peito do pé. Já Neymar até consegue entrar na área, pois é habilidoso, mas cai sempre. No primeiro tempo, ainda conseguiu algo. Depois, foi apenas mais um. Acho que encheram demais a bola desse rapaz. Vejo excepcional qualidade nele, mas se continuarem tratando-o como gênio não irá a lugar nenhum. Muito oba, oba, comerciais, exposição na mídia. Esperava mais, porém, já escrevi que marcado ele não consegue jogar. Messi, por exemplo, não tem feito boa Copa, mas decidiu dois jogos para a Argentina.

Nosso próximo adversário será a Colômbia. Em Mundiais anteriores, vibrávamos ao pegar dois sul-americanos, mas hoje a realidade é outra. Tememos o Chile, que só não nos eliminou porque o chute de Pinilla explodiu no travessão, no último lance da prorrogação. Nos pênaltis, fizemos o possível para sair, com Willian e Hulk, mas havia Júlio César, a quem devemos a classificação. Os colombianos têm 100% de aproveitamento, grande futebol e James Rodríguez. O primeiro gol dele contra o Uruguai, para mim, é o mais bonito da Copa. Aquela matada no peito, ajeitando para chutar no ângulo, é de craque. Artilheiro da competição, com cinco gols, é parceiro, no Monaco, de Falcao García, que não veio porque se recupera de contusão. Mas, com a mesma idade de Neymar, 22 anos, o amigo assumiu o posto de melhor do time.

Repito o que escrevi sobre o Chile: se a Colômbia nos respeitar, mesmo sendo melhor no momento, o Brasil avança. Se jogar como no primeiro tempo contra o Uruguai, nos derrota. Que time bem treinado por José Pékerman, mais um da excelente safra de técnicos argentinos. Estudioso, põe o time pra frente. Cada um sabe o que deve fazer, não há ligação direta defesa-ataque. Não o vi dar chutão nesta Copa. Fruto de trabalho. Já o Brasil não tem organização e competência do meio para a frente. Quem sabe Neymar desencabule na sexta-feira, dê show e leva a equipe às semifinais? É o mínimo que esperamos de alguém com tanto marketing, mas com futebol aquém do que dele se fala.

Aos que me contestam por dizer a verdade, um conselho: ganhar a qualquer preço foi o que fez o Brasil virar o que virou. Quero ser campeão do mundo jogando bem, mostrando o que nos fez respeitados pelo mundo. O time pode até ganhar, pois sorte não falta, mas convencer jamais. Não estou aqui para iludir ou jogar confetes em quem não merece. Torcer é o que nos resta. De cada 10 pessoas que encontro, nove concordam comigo, até quem não gosta de futebol.

domingo, 29 de junho de 2014

MARTHA MEDEIROS - Coraçãozinho

Zero Hora 29//06/2014

Quem viaja para um país exótico sempre acaba provando algum prato estranho, fora do seu costume. Nem que seja para fotografar e postar numa rede social com a legenda: sobrevivi.

Escorpião frito em Cingapura, morcego à caçarola no Vietnã, cérebro de macaco na África, sopa de cachorro na Coreia do Sul, ou mesmo uma iguaria chique e nem tão exótica, como o escargot francês – lesma, em bom português. Nada disso mata, mas produz muita cara feia. Minto: algumas refeições matam, sim – o baiacu venenoso da cozinha japonesa, por exemplo. Por mais bem treinados que sejam os chefs que se habilitam a preparar esse peixe, ainda assim 20 pessoas por ano dão adeus à vida depois de ingeri-lo.

Pois o Brasil está tendo a chance de, simpaticamente, dar o troco. Nunca recebeu tantos estrangeiros de uma só vez como no período da Copa, e essa gente toda, de tantas partes do mundo, precisa se alimentar. A caipirinha cai no agrado de todos, mas como eles estarão enfrentando os sólidos? Vatapá não mata, só nocauteia. Buchada de bode dizem que também não mata, mas duvido. E farofa de formiga costuma ser confundida com farofa de amendoim, ou seja, os gringos não devem estar passando muito trabalho no Norte e Nordeste, ao menos nada que se compare com a cena que vi de uns australianos, aqui no Sul, encarando seu primeiro coração de galinha.

“Vocês comem coração de galinha???? Oh, my God!”

Dizer a eles que chamamos carinhosamente de coraçãozinho não minimizou o asco. Entendo: eu também não ficaria comovida se me servissem um filezinho de cobra. Mas cobra é um réptil repugnante, viscoso, traiçoeiro, já a galinha é uma criatura doméstica, pacífica, rechonchuda. Mais arisca do que dócil, é verdade, mas nunca fez mal a ninguém, logo, é tenro seu coraçãozinho.

Tentaram. Mas foi como se estivessem de frente para um olho de cabra, um rabo de camundongo, o músculo de um gambá. Demonstraram absoluto pavor em comer um coração, algo que ainda estava batendo dias atrás, símbolo da paixão e da vida – mesmo de uma galinha.

Uns não tiveram coragem, outros tiveram e fizeram caretas tão repugnantes e sofridas que chegou a me dar pena: coitados, não estava sendo uma experiência cultural, e sim uma tortura impiedosa. Ok, acabou a brincadeira, vamos pedir hot dog para todo mundo – e que ninguém venha comentar as minúcias da fabricação de salsichas.

Dias atrás teve churrasco aqui em casa e vi meus dois pequenos sobrinhos devorarem um quilo de coração sem dó, com uma gula de centroavantes. Por que eles não questionam o que comem? Porque a gente só reluta diante do desconhecido. Se fosse servido um canguruzinho a vapor (que os australianos, aliás, adoram), aí teria que ter preleção antes – e nem gosto de imaginar as caretas.

TeVê

TV paga

Estado de Minas: 29/06/2014



 (Élcio Paraiso/Bendita)

Boa música Baby do Brasil é a convidada de hoje de Estúdio do Dado, às 19h, no canal Bis. No SescTV, o guitarrista argentino Pablo Passini (foto) é o artista da vez em Passagem de som e Instrumental Sesc Brasil, a partir das 21h. E na Cultura, às 23h, Fernando Faro recebe Thunderbird e Os Devotos de Nossa Senhora Aparecida no programa Ensaio.

Clássico Com música de Gustav Mahler, coreografia de Angelin Preljocaj e figurino de Jean Paul Gaultier, o balé Branca de Neve é o destaque de hoje da programação do Film&Arts, às 18h. O espetáculo é fiel ao conto de fadas escrito pelos irmãos Grimm, com algumas pequenas alterações pessoais do coreógrafo, de acordo com sua base na análise dos símbolos da história. Os bailarinos Virginie Caussin e Sergio Diaz lideram o elenco.

Saudosistas O Discovery Home & Health reservou para  hoje, às 21h30, o especial Esposas do passado. O programa acompanha a rotina nada comum de um grupo formado por quatro mulheres que moram na Los Angeles de hoje, mas vivem literalmente no passado. Para as amigas Dollie, Amber, Leslie e Shelby, a década de 1950 não passou, é um estilo de vida que pode ser recriado a qualquer momento em figurino, mobília e modelos de carros. 

Enlatados

Mariana Peixoto - mariana.peixoto@uai.com.br


Deixados para trás
Quem acompanha True blood – cujo retorno, domingo passado, não foi lá muito empolgante – deve ficar acordado até mais tarde hoje. Às 23h, na HBO, logo depois da saga dos vampiros, estreia The leftovers. A história, escrita por Damon Lindelof (um dos autores de Lost) é inspirada no livro homônimo de Tom Perrotta (no Brasil, lançado pela Intrínseca com o título de Os deixados para trás). A trama fala de pessoas que ficaram na Terra após o arrebatamento – o momento em que Jesus volta para resgatar os seus, deixando aqui quem não o aceitou como salvador. Os que permaneceram tentam entender o que ocorreu. A narrativa é centrada num grupo de pessoas do interior do estado norte-americano de Utah. Alguns se deprimem, outros se amedrontam e muitos se juntam a cultos para tentar encontrar apoio espiritual. Encabeçando o elenco, Justin Theroux, mais conhecido como o noivo de Jennifer Aniston. E também Amy Brenneman, Liv Tyler e Christopher Eccleston.

Um por todos – Mais novidade, só que no Netflix: a partir de terça-feira, o site de streaming vai disponibilizar a primeira temporada de Os mosqueteiros, versão da BBC para a clássica história de Alexandre Dumas. A temporada, com 10 episódios, começa com a chegada de d’Artagnan a Paris, em 1630, para vingar a morte de seu pai, assassinado pelo mosqueteiro Athos.

Microfone – Reality show musical que une TV e internet, o Breakout Brasil começou a produção de sua segunda temporada, no ar no segundo semestre, no Sony. Até 20 de julho, artistas e bandas podem se inscrevem no site www.breakoutbrasil.com.

Repórter-detetive – Sarah Jessica Parker vai participar de um policial em estado de gestão. Ainda sem título, o projeto vai mostrar a rotina de duas repórteres que tentam desvendar um escândalo de corrupção na polícia da Filadélfia. Desde o fim de Sex and the city, há 10 anos, a atriz só fez na TV uma participação em Glee.



De olho na telinha
Simone Castro

Juliana Paes (Catarina) é destaque da novela de pura fantasia (Globo/Divulgação)
Juliana Paes (Catarina) é destaque da novela de pura fantasia
Trama incompreendida
Dizem os números da audiência que Meu pedacinho de chão (Globo), remake de Benedito Ruy Barbosa e direção de Luiz Fernando Carvalho, registra a pior audiência de uma novela das 18h. Registro recente dá conta de que dia 19 deste mês, por exemplo, quando chegou ao capítulo 60, marcou 17,7 pontos. Cordel encantado (Globo, 2011), a título de comparação no mesmo patamar, teve 25,9 pontos. Por causa da baixa audiência, já teria sido apelidada nos corredores da emissora de “Meu ibopinho no chão”, tornando-se a piada do momento, o que é uma tremenda injustiça.

A novela é positiva sob vários aspectos. O texto, versão para o original do próprio Benedito Ruy Barbosa, exibido na emissora em 1971, segue atual. Não é possível que o telespectador não perceba, por trás daquela estética maravilhosa, que o coronel Epaminondas (Osmar Prado) repete o velho discurso dos poderosos que só pensam neles e para o povo, necas! Na fictícia Vila de Santa Fé, pequeno distrito da cidade das Antas, comandada por um prefeito corrupto, a comunidade continua sendo deixada de lado, sem contar com suas necessidades básicas. O progresso e as melhores condições de vida querem chegar com a escola de Juliana (Bruna Linzmeyer), o posto médico do doutor Renato (Bruno Fagundes) e a visão progressista e humana do candidato a prefeito Ferdinando (Johnny Massaro), não por acaso filho do astuto e ambicioso coronel.

Outro ponto diz respeito à concepção estética da novela. O diretor Luiz Fernando Carvalho é um profissional de primeira linha, mas também é um incompreendido. Em seu currículo constam trabalhos simplesmente arrasadores, como a minissérie Os Maias (Globo, 2001), as microsséries Hoje é dia de Maria (Globo, 2005) em suas duas edições, Capitu (Globo, 2008), Afinal, o que querem as mulheres? (Globo, 2010) e Subúrbia (Globo, 2012), só para citar os mais recentes. Desses, apenas Hoje é dia de Maria caiu no gosto popular. Os demais quase foram um retumbante fracasso. Uma pena para quem não aprecia novidade e trabalho de qualidade.

Meu pedacinho de chão trouxe a magia para o horário das seis, com seus animais estilizados, seu colorido abundante, seus figurinos especiais, seu cenário de sonho, sua trilha sonora comovente, seus personagens arrebatadores, suas interpretações simplesmente deliciosas. Nesse quesito – o de tirar dos atores seu melhor desempenho –, Luiz Fernando Carvalho é um craque. Basta acompanhar Juliana Paes, a Catarina, em seu momento mais expressivo na TV, talvez, sem exagero, o único em que realmente conseguiu mostrar-se como atriz, longe dos batidos tipos que apenas exploraram sua inegável sensualidade.

Na galeria dos atores que deitam e rolam na trama estão Irandhir Santos, Johnny Massaro e Gina (Paula Barbosa), esta última uma grande revelação. E nem é preciso falar nos veteranos, como Osmar Prado, Antônio Fagundes (Giácomo), Emiliano Queiroz (Padre Santo), Ricardo Blat (Prefeito das Antas), Rodrigo Lombardi (Pedro Falcão), Teuda Bara (Mãe Benta), Inês Peixoto (Dona Tereza), ambas do prestigiado Grupo Galpão, Flávio Bauraqui (Rodapé), Bruna Linzmeyer, entre outros. Destaque, ainda, para estreantes como Bruno Fagundes e Gabriel Sater (Viramundo) e, claro, as crianças Tomás Sampaio (Serelepe) e Geytsa Garcia (Pituquinha), absolutamente emocionantes. Meu pedacinho de chão, por tudo isso, é um sucesso! Só não vê quem não quer.

PLATEIA

VIVA
- Caio Ribeiro, comentarista de futebol da Globo, sensato e comedido, que entende realmente do assunto e destoa da maioria dos que ocupam o mesmo posto.

VAIA
- Uma pena que Manoel Carlos, em sua última novela, Em família (Globo), tenha perdido a mão, delirado na trama e desperdiçado o talento de bons profissionais.


Caras & Bocas
Simone Castro
simone.castro@uai.com.br

 (Ellen Soares/TV Globo)
Próxima mocinha

Leandra Leal volta à cena no papel de Cristina (foto), uma mocinha que faz de tudo pela família em Império, substituta de Em família, na Globo, a partir de 21 de julho. Depois da combativa Zélia, do remake de Saramandaia,   atriz interpreta uma personagem que supostamente é filha do milionário José Alfredo (Alexandre Nero), fruto da relação no passado com Eliane (Malu Galli). Cristina, no entanto, cresce acreditando ser filha do marido de sua mãe. A família se completa com o irmão da jovem, Elivaldo (Rafael Losso), e a tia, Cora (Drica Moraes), irmã de sua mãe, que ninguém desconfia ser um “lobo em pele de cordeiro”. Com sacrifício, Eliane, que na primeira fase será vivida por Vanessa Giácomo, conseguiu montar uma barraca no camelódromo do Rio de Janeiro. Cristina tem grande admiração pela mãe, que perdeu o marido prematuramente e faz tudo para manter a família unida. Mas tia Cora não deixará pedra sobre pedra. Uma das vilãs da trama de Aguinaldo Silva, ela foi responsável por separar a irmã e José Alfredo ainda jovens, quando pretendiam fugir. Sem que ninguém soubesse, ela seguiu a vida do dono de joalherias e montou um dossiê, inclusive com fotos. É por meio deste documento que Cristina descobre toda a história do passado da mãe, o que poderá abalar a relação das duas.

PRODUÇÃO DE BABILÔNIA
JÁ ESTÁ EM ANDAMENTO

Por falar em Império, a produção de sua sucessora, Babilônia, de Gilberto Braga, Ricardo Linhares e João Ximenes Braga, já está a todo vapor. Afinal, o tempo é curto, pois a trama está prevista para estrear em fevereiro de 2015. O elenco, que tem Glória Pires e Fernanda Montenegro nos principais papéis, também conta com Natália Thimberg, Daisy Lúcidi, Camila Pitanga e Letícia Sabatella.

ACERTO DE CONTAS TERÁ
UMA SEGUNDA TEMPORADA


Série do canal Multishow (TV paga), Acerto de contas já garantiu sua segunda temporada. Autor e protagonista, Sílvio Guindane está à frente dos preparativos para a nova fase da produção, que deverá entrar no ar nos primeiros meses de 2015.

ATRIZ SAI DE SERIADO, MAS
CONTINUA COM FALABELLA

Não foi em vão que Miguel Falabella abriu mão da atriz Karin Hils, de Pé na cova (Globo). No episódio de terça-feira passada, Soninja, personagem de Karin, uma das “cachorras quentes” do Irajá, foi para uma clínica fazer uma lipoaspiração em 3D, como ela explica, e volta outra. Na versão mais enxuta, a personagem agora será interpretada pela ótima Mary Sheila. Autor da série, Falabella convocou Karin Hils para o elenco de outra produção que está criando para a emissora, Sex & as nêga, uma paródia do badalado seriado norte-americano Sexy and the city e que contará também com Alessandra Maestrini, Bia Nunes e Marcos Breda, entre outros. A previsão de estreia é setembro.

AGOSTINHO MORRE E TEM
QUE SE EXPLICAR É NO CÉU


O final do seriado A grande família promete. Nos últimos episódios, Agostinho (Pedro Cardoso) passará desta para a melhor. Enviado para o céu, será julgado pelos seus atos, segundo a Central Globo de Comunicação. O julgamento será longo e ao fim, a sentença: o genro folgado de Lineu (Marco Nanini) e Nenê (Marieta Severo) deve ficar no céu ou voltar para a Terra?

VRUM TRAZ NOVIDADES DO
MERCADO AUTOMOBILÍSTICO


Você acha que entende tudo sobre carros ou é daqueles que não sabe nada? Não faz diferença. O Vrum promete agradar a todos. Hoje tem uma matéria sobre a ergonomia dos automóveis, o lançamento do Camaro conversível e os testes da BMW Nine T e do novo Honda Fit. Às 8h30, na Alterosa.

GABI VAI ENTREVISTAR HOJE
UMA MODELO TRANSEXUAL

 (Carol Soares/SBT)

Carol Marra nasceu com o nome de Cláudio, mas aos 22 anos assumiu uma nova condição. Jornalista e produtora de moda, agora brilha nas principais passarelas do Brasil como modelo transexual. E é a convidada de Marília Gabriela no De frente com Gabi de hoje, à meia-noite, no SBT/Alterosa. Carol Marra fala sobre sua infância, carreira, as barreiras que venceu, sonhos e projetos. “Um transexual não aceita a genitália, enquanto o travesti aceita e faz uso. Aí está a diferença”, diz Carol, que contou ter decidido fazer na Tailândia a cirurgia de mudança de sexo, pois no Brasil o processo é muito burocrático. Sobre a infância, ela relembra que foi muito solitária e que para ser uma grande mulher também teve que ser um grande homem. “Percebo que, quando faço algum desfile, sou vista como uma aberração. Infelizmente, a ideia que as pessoas têm de transex e travesti é a da esquina”, lamenta. Mas Carol se diz tranquila. E revela: “Já dei alta para o meu terapeuta, porque sou muito bem resolvida”.

EM DIA COM A PSICANáLISE » Futebol, um fenômeno‏

EM DIA COM A PSICANáLISE » Futebol, um fenômeno
Estado de Minas: 29/06/2014


Nenhum outro evento em qualquer campo, seja esporte, conhecimento ou cultura, consegue arregimentar tantos corações. A Copa do Mundo no Brasil conta com a participação de 32 países e se um dia fomos chamados país do futebol, hoje o interesse por esse esporte e bons times está no mundo todo. É o mundo voltado para o futebol.

Nesses dias de Copa, vemos em manchetes de jornais de todo o mundo o grande sucesso do futebol em todas as classes e nacionalidades. É difícil entender esse alcance. Um fenômeno sociocultural que envolve a massa orientada na mesma direção, torcendo por um mesmo objetivo com um ideal comum. União que gera euforia. Mas como entender esse fenômeno?

Mais uma vez somos socorridos por Freud, que, se nem tudo explica, pelo menos dá o caminho das pedras. E sobre fenômenos de massa contribui significativamente com o artigo “Psicologia de grupo e a análise do eu” (1921). Ele analisa os fenômenos de grupo partindo das relações individuais em um âmbito restrito, as relações na família, fundadoras das relações sociais mais amplas.

Segundo Freud, nas relações com os pais, irmãos e irmãs e com uma pessoa amada, os amigos, o médico, o sujeito cai sob a influência de apenas uma só pessoa ou de um número bastante reduzido de pessoas, cada uma das quais se torna enormemente importante para ele.

Quando se fala de psicologia social ou de grupo, costuma-se deixar essas relações de lado e isolar a influência exercida sobre um sujeito por um grande número de pessoas simultaneamente, pessoas com quem se acha ligado por algo, embora sob outros aspectos e assuntos elas possam ser-lhe estranhas.

A psicologia de grupo interessa-se pelo indivíduo como membro de uma raça, de uma nação, de uma casta, de uma profissão, de uma instituição; ou como parte componente de uma multidão de pessoas que se organizaram em grupo, numa ocasião determinada, para um intuito definido.

E quando um se junta a um bando, costuma praticar atos, que geralmente, sozinho, jamais praticaria, como o vandalismo do primeiro dia de jogo na Praça da Liberdade e no Detran. Ou como os chilenos invadindo área restrita de um estádio.

Tipos de grupos que Freud estuda são a Igreja e o Exército. Ele os considera artificiais, porque uma força externa é empregada para impedi-los de desagregar-se e evitar alterações em sua estrutura. Nem sempre há livre arbítrio do sujeito na entrada ou saída e, no caso dessa última, o sujeito se defronta, geralmente, com perseguição ou severas punições.

Outro tipo de grupo são os formados pela rivalidade que produz a coesão entre os membros que, por mais que discordem entre si, se unem para defender-se, abandonando as pequenas diferenças narcísicas. Quando duas famílias se vinculam por matrimônio, por exemplo, cada uma delas se julga superior ou de melhor nascimento que a outra.

A rivalidade e agressividade com o diferente é comum ao homem, mas quando um grupo se forma, a totalidade da intolerância se desvanece, temporária ou permanentemente, dentro do grupo. Uma tal limitação do narcisismo só pode ser produzida por um laço libidinal com outras pessoas. O amor por si mesmo só conhece uma barreira: o amor pelos outros, o amor por objetos.

No futebol, vemos esse fenômeno. As disputas entre países unem cada um de seus membros pelo mesmo ideal: vencer o torneio. Esse ideal comum produz uma identificação horizontal, que abole particularidades. Uma união promove o sentimento pelo outro como um igual e remove divergências, como diz a música: “Todos juntos vamos... todos unidos na mesma emoção, tudo é um só coração”.

DOCUMENTÁRIO » Poeta da arquitetura [Sérgio Bernardes] - Walter Sebastião

DOCUMENTÁRIO » Poeta da arquitetura 
 
Filme de Gustavo Gama Rodrigues e Paulo Barros mostra a trajetória de Sérgio Bernardes, vencedor da Bienal de Veneza de 1964, que pensava o mundo de maneira muito particular 
 
Walter Sebastião
Estado de Minas: 29/06/2014


 (Debs Comunicação/Divulgação  )


Um arquiteto famoso pelo projeto de belas casas integradas à natureza, quando a palavra ecologia ainda nem era tão popular, em certo momento da vida deixa de lado a carreira bem-sucedida, inclusive fora do Brasil, e começa a desenvolver projetos visionários. Que, inicialmente, trocam a escala residencial pela metropolitana. Imagina, por exemplo, o Rio de Janeiro como microcidade autossuficiente, inclusive com relação à moeda. E, em sucessivas radicalizações, passa a pensar o Brasil, o mundo e o universo. O preço por tal aventura foi ser posto à margem e sob a tarja de utópico.

Sérgio Bernardes (1909-2009) é um representante ilustre, mas pouco conhecido, da geração que criou e recriou a arquitetura brasileira (Lúcio Costa, Oscar Niemeyer e José Zanine Caldas, entre outros). Assinou projetos institucionais, residência de celebridades (é dele a casa do cirurgião plástico Ivo Pitangui), ganhou prêmios em bienais, sonhou com um mundo diferente. E viveu como quis. Ao vencer a Bienal de Veneza, em 1964, trocou o prêmio em dinheiro por uma Ferrari, que levava em suas viagens ao exterior e pilotava em autódromos.

Já estreou em algumas salas do país e deve chegar em breve a Belo Horizonte o documentário Sérgio Bernardes, de Gustavo Gama Rodrigues e Paulo Barros, que apresenta o personagem ao público. “Quem for ver o filme vai conhecer a história de um homem que bagunça a nossa cabeça. E que, por acaso, é arquiteto. Mas de fato é um poeta, um filósofo e um ser humano especial, que foi ao limite do possível”, conta o diretor Paulo de Barros. “Por ser uma metralhadora de ideias, achavam que ele era maluco. Mas o que ele diz e defende tem fundamento. E faz pensar. O caminho que as cidades e mundo estão tomando tem de ser o que estamos vendo?”, observa.

O filme é o primeiro longa dos dois diretores. “Foi uma gestação de quase quatro anos, enfrentando logística financeira complicada, imposta a quem faz cinema no Brasil. Mas mergulhar na vida de um personagem carismático trouxe prazer que supera todos os obstáculos”, garante. Mérito dos documentários, para ele, é serem aulas sintéticas sobre diversos temas ou personagens. O diretor aprova o crescimento de filmes sobre arquitetura e urbanismo, que vão chegando inclusive à TV. “São oportunidade de enxergarmos o lugar onde vivemos de outro modo. O mundo carece de soluções para a vida louca que vivemos”, observa.

Memórias  

Sérgio Bernardes dizia que, no futuro, as pessoas iam comprar terrenos medidos em centímetros, do mesmo jeito que hoje compramos a metros e, no passado, a medida era em hectares. A recordação vem de um animador ilustre do documentário sobre o arquiteto: Thiago Bernardes, de 39 anos, neto dele (autor, em parceira com Paulo e Bernardo Jacobsen, do projeto do Museu de Arte do Rio, o MAR). “Sérgio Bernardes inventou uma profissão: o inventor social. Que está muito além da arquitetura”, afirma Thiago, valendo-se de expressão que o avô usava para se autodefinir.

“Para Sérgio, o importante era abrir a cabeça das pessoas. Ele considerava que suas propostas poderiam não ser aceitas, mas, em algum momento, teriam de ser discutidas”, conta Thiago Bernardes. E, por isso, ele não considera preciso aplicar a palavra utópico às ideias do avô. Sérgio propôs, conta, uma espécie de seguro-habitação, que garantia a todos o direito à moradia. Cada projeto era produto de estudos. Há, na marginalidade em que Sérgio foi colocado, drama. “Mostra o que a sociedade faz com grandes pensadores: abafa, chama de maluco”, afirma, criticando imediatismos.

 Sobre como era a personalidade do avô, Thiago Bernardes conta que ele era pessoa especial. “Para ele, todo mundo era igual, tinha uma ausência de preconceitos que era fascinante. Todos que o conheceram ficaram marcados por ele. Desde o porteiro do prédio aos clientes”, afirma. “Dava a sensação de ser um homem que veio ao mundo para plantar sementinhas de mudança na cabeça das pessoas”, acrescenta, contando que o sonho de Sérgio Bernardes era uma sociedade tropical. 

Nobreza do samba Monarco lança CD‏ - Ailton Magioli

Nobreza do samba Monarco lança CD comemorativo de seus 80 anos com parcerias com o filho Mauro Diniz e canção com versos de Mário Lago. Zeca Pagodinho e Marisa Monte têm participação especial

Ailton Magioli
Estado de Minas: 29/06/2014


Baluarte da Velha Guarda da Portela, Monarco é legítimo representante da tradição do samba de terreiro (Ana Paula Migliari/Divulgação )
Baluarte da Velha Guarda da Portela, Monarco é legítimo representante da tradição do samba de terreiro

Baluarte de uma das matrizes mais ameaçadas do samba carioca – o samba de terreiro, ou de quadra; as outras são o partido-alto e o samba-enredo – Hildmar Diniz, o Monarco, se prepara para comemorar 81 anos em agosto, enquanto chega às lojas Passado e glória – Monarco 80 anos, com o qual marca, devidamente, a data redonda.

O agradecimento de Beth Carvalho (“Que beleza de música, Monarco. Que bom que você existe meu amor. Um beijo!”), depoisde interpretar Tristonha saudade, de autoria do próprio sambista, é a senha para a audição completa do disco, que ainda conta com as participações de Marisa Monte (Estação primaveril), Diogo Nogueira (A grande vitória) e Cristina Buarque (Momentos emocionais), entre outros bambas. Além da profundidade dos versos, há que se destacar o timbre belo e agradável de Monarco, espécie de “rei” da Portela.

“O que faço é o mesmo de 40 anos atrás, ou seja, o samba de terreiro com andamento normal”, diz o mestre da Velha Guarda da Portela, aproveitando para criticar o samba- enredo que, na opinião dele, também, está “corrido demais”. “Continuo compondo da mesma maneira que sempre fiz. Não faço samba corrido”, posiciona-se, salientando que, mesmo não tendo nada contra, pagode ele também não faz.

Em meio às 13 pérolas reunidas em Passado e glória, chama a atenção de imediato o samba Poeta apaixonado, com a qual Monarco abre o CD. “É o velho Mário Lago. Fiz como tributo a ele, que é o poeta apaixonado”, emociona-se Monarco, lembrando que um dos seus grandes sonhos era fazer música com o autor de Ai que saudades da Amélia, que é seu ídolo. “Já rapaz, tive a felicidade de conviver com ele, mas não consegui estabelecer a parceria. Agora, então, fiz Poeta apaixonado como tributo, usando versos do próprio Mário”, explica o sambista, que recorre a versos de clássicos como Nada além e Devolve na composição, parceria póstuma com o antigo companheiro.

“Sugeri estas estrofes e fui feliz. É o samba mais novo que há no disco”, data a própria criação, ressaltando que, em contrapartida, Crioulinho Sabú, também no repertório, tem mais de 70 anos. Trata-se do primeiro samba de Monarco que, sob influência do pai, começa a compor paródias aos 8 anos. “As rimas vêm de meu velho pai, José Felipe Diniz, que era mineiro de Ubá”, recorda. “Já a musicalidade é o dom que Deus me deu”, completa.

Com o filho Mauro Diniz, de 61, Monarco assina três composições do novo disco: Insensata e rude, A grande vitória e Horas de meditação. “Mas nós temos mais. Tem Dolores, que o Zeca Pagodinho gravou”, começa a listar a relação dos sambas feitos com o filho, que já somam cerca de 30 composições e que, em breve, deverão ser selecionadas para o repertório de um disco dos dois. Como revela, normalmente ele faz a primeira parte do samba, dando preferência a Mauro Diniz para completar a criação.

“Além de filho, Mauro é amigo. Vamos fazer um disco só com nossas canções”, afirma, orgulhoso da parceria, enquanto familiares mais jovens, como os netos João Matheus Diniz e Thereza Beatriz Diniz também fizeram questão de participar do disco do avô. Juliana Diniz, a mais conhecida das netas, que fez o musical Sassaricando, depois da estreia fonográfica foi estudar inglês nos Estados Unidos.

Em família “Como a gente já se conhece bem e tem afinidade grande, fica mais fácil”, diz Mauro Diniz a respeito do trabalho com o pai. Depois de um DVD, ele agora está por trás do CD de Monarco. “Sei os caminhos e sigo com ele”, constata Mauro, que diz ter começado a compor influenciado pelo pai.

“Comecei a fazer samba com meus contemporâneos: Zeca Pagodinho, Ratinho, Jorge Aragão”, lista Mauro Diniz, salientando que só depois da carreira consolidada foi compor com o pai. “Ele me mostra a primeira parte e eu faço a segunda e vice-versa”, conta, explicando o método de trabalho adotado pelos dois.

“Agora meu pai é o parceiro mais constante”, diz orgulhoso Mauro, lembrando que de 15 a 20 delas já foram gravadas. A simplicidade, a profundidade dos versos e a força melódica são o que mais encanta o filho em relação à obra musical do pai. “Não tem mais compositores que fazem samba como Monarco. Hoje visam mais ao lado comercial. Meu pai nem sequer grava os sambas dele, faz por amor mesmo”, diz Mauro Diniz.

Ele ressalta o fato de as escolas de samba terem criado concursos de samba de terreiro diante da ameaça de extinção do subgênero. Candeia, que já morreu, Wilson Moreira e Nei Lopes são alguns dos contemporâneos do mestre portelense, todos, felizmente, ainda na ativa.


Palavra de especialista

Nei lopes
compositor e escritor

Deus salve o Rei!

O samba carioca, matriz da música popular brasileira, nasceu entre a ocorrência das duas guerras mundiais e de diversos movimentos internos, quando o militarismo exercia forte influência na vida nacional. Daí a presença, nas escolas, de signos e elementos, como a percussão da bateria; a “evolução”; a própria denominação “escola” de samba; e a figura do “baluarte”. No vocabulário militar, “baluarte” é o sustentáculo de um reduto, a fortaleza inexpugnável. E o termo acabou se incorporando ao universo das escolas, para designar aquele indivíduo indispensável à defesa do samba, sempre ameaçado.
Em 1970, lançada em disco, nascia institucionalmente a Velha Guarda da Portela, revelando um “velha-guarda” de apenas 37 anos, o Monarco. Cantor de belo timbre e compositor de letras densas, como as reveladas em seu primeiro LP solo, de 1974, ele logo se destacou. E com o falecimento de Manaceia, em 1995, assumiu, como baluarte que é, a liderança do grupo. Memória viva de sua escola, na melhor tradição dos griôs africanos, eis Monarco, verdadeiro monarca, no esplendor de seus 80 anos. Deus salve o Rei!



Passado e glória – Monarco 80 anos
Todas as faixas
1 – Poeta apaixonado, Monarco e Mário Lago
2 – Verifica-se de fato, Monarco e Ratinho, com Zeca Pagodinho
3 – Não reclame pastorinha, Monarco
4 – Tristonha saudade, Monarco, com Beth Carvalho
5 – Insensata e rude, Monarco e Mauro Diniz
6 – Estação primaveril, Quinho e Monarco, com Marisa Monte
7 – A grande vitória, Monarco e Mauro Diniz, com Diogo Nogueira
8 – Pobre passarinho, Ratinho e Monarco, com a neta Juliana Diniz
9 – Momentos emocionais, Monarco, com Cristina Buarque
10 – Fingida, Monarco, com Tuco Pellegrino, do Batalhão de Sambistas
11 – Meu criador, Mijinha e Monarco, com o filho Marquinhos Diniz e Velha Guarda da Portela
12 – Horas de meditação, Mauro Diniz e Monarco, com o filho Mauro Diniz
13 – Crioulinho Sabú, Monarco, com os netos Thereza Beatriz Diniz e João Matheus Diniz

O sonho não acabou‏ - Mariana Peixoto

O sonho não acabou 
 
Biografia destaca momentos marcantes da vida e da obra de Paul McCartney nos anos 1970. Fora dos Beatles e em busca de linguagem pessoal, artista viveu fase hippie ao lado da mulher 

Mariana Peixoto
Estado de Minas: 29/06/2014

Paul com a terceira formação do Wings, em 1979: Lurence Juber, Linda, Paul, Steve Holley e Denny Lane, em Liverpool (Howard Barlow/ Leya)
Paul com a terceira formação do Wings, em 1979: Lurence Juber, Linda, Paul, Steve Holley e Denny Lane, em Liverpool


Em 1973, entediado com o ambiente no Reino Unido, Paul McCartney decidiu que o novo álbum dos Wings deveria ser gravado num território mais exótico. Pediu à gravadora EMI a lista dos estúdios que ela possuía pelo mundo. Havia opções como Mumbai (então Bombaim), Pequim e até mesmo o Rio de Janeiro. Mas escolheu Lagos, na Nigéria. Vivendo com Linda e as filhas numa fazenda na Escócia, em ambiente hippie-rural, esqueceu-se de se informar sobre o local.

Não sabia que o período escolhido para a empreitada era de monções. A praia que esperava pegar com a família em setembro sofria com chuvas diárias. Pior, sequer tinha consciência de que o país havia acabado de passar por uma guerra civil, então o ambiente era para lá de hostil. Pois os McCartney, mais o guitarrista Denny Laine (o baterista Denny Seiwell havia pulado fora da banda na noite anterior ao embarque para o Nigéria, copiando o guitarrista Henry McCullough, que tinha abandonado o barco semanas antes) conceberam ali seu mais importante álbum, Band on the run (lançado em dezembro daquele ano), também o mais conhecido álbum de um Beatle depois do fim da banda.

Em Man on the run – Paul McCartney nos anos 1970, o jornalista escocês Tom Doyle não busca o ineditismo (as 300 páginas da fluida leitura não trazem nenhuma revelação que vá surpreender um beatlemaníaco). O autor procura sim chegar à persona de McCartney, um músico que começa a década completamente desacreditado de si mesmo. Para Doyle, a década de 1970 foi para McCartney um período de luta e fuga. Com o fim dos Beatles – e McCartney em litígio com os ex-companheiros na Justiça – ele inicia um período difícil da vida musical. Na pessoal, o clima também é de recomeço. Recém-casado com a fotógrafa norte-americana Linda Eastman, embarca num ambiente familiar que contradizia em tudo o glamour que acompanha os rockstars.

Com narrativa cronológica, que começa com o fim dos Beatles e termina com o assassinato de John Lennon, o livro veio de uma necessidade que o autor sentiu em tirar McCartney de sua zona de conforto. Ao longo da última década, realizou uma série de entrevistas com ele e sentiu, pouco a pouco, a armadura se abrir. “Para mim, uma imagem bem diferente começava a emergir, em nítido contraste com o tesouro (inter)nacional em geral percebido como ligeiramente oportunista e hesitante que, hoje em dia, canta na abertura dos Jogos Olímpicos ou se apresenta para a rainha... Por trás de sua forte imagem desse período, como um cantor de rock suave e de olhos de Bambi, ele era na verdade um indivíduo muito mais inclinado à contracultura”, escreveu Doyle.

Linda e Paul, em 1974, momento de descontração depois dos turbulentos ensaios preliminares com a nova banda     (Corbis/Leya)
Linda e Paul, em 1974, momento de descontração depois dos turbulentos ensaios preliminares com a nova banda
Paul e Wings em 1972: turnê a bordo de ônibus com pintura psicodélica, com apresentações a 50 cents   por cabeça (Getty Images/Leya)
Paul e Wings em 1972: turnê a bordo de ônibus com pintura psicodélica, com apresentações a 50 cents por cabeça


Maconha

O recorte da biografia de Doyle não é o período mais retratado na extensa bibliografia que existe sobre McCartney, daí que o tom, por vezes romanceado da narrativa, surja como um atrativo a mais. Depois do casamento e fugindo das constantes brigas com os Beatles, Paul se refugia com a mulher e Heather (filha de Linda, que ele criou) e Mary, a primogênita do casal, para a Escócia. Ali, o quarteto viveu da maneira mais rústica possível. Sem aquecimento, numa casa de poucos cômodos, McCartney se tornou Paul, o marceneiro. Consumidor voraz de maconha, teve até uma pequena plantação em casa – quando foi levado a juízo, justificou com a cara mais levada possível que recebia sementes de fãs e não sabia que aquela era de cannabis.
Tão hippie quanto foi a primeira turnê dos Wings, que em fevereiro de 1972 rodou 10 universidades inglesas. Os músicos viajavam num ônibus de dois andares, chegavam de surpresa nos locais e faziam apresentações, a 50 cents por cabeça. McCartney admite, mais de uma vez, que foi Linda quem o salvou. A mulher, cuja atuação musical sempre foi discutível, aparece como uma figura forte que tinha consciência de sua limitação como tecladista. Mas foi a maneira que a família – que cresceu com o nascimento dos três filhos que tiveram juntos – encontrou para permanecer unida. Entre muitos erros e acertos, o retrato apresentado por Doyle humaniza o maior artista vivo do rock.

Quanto a Band on the run, passadas sete semanas de gravação em Lagos, McCartney decidiu voltar à Inglaterra, onde o terceiro álbum dos Wings foi finalizado. Escapou ileso, ou quase, da aventura africana. Teve as fitas cassete originais roubadas por um grupo armado – como eram os únicos registros existentes, teve que gravar de novo as músicas, muitas das quais se lembrou de cabeça –; precisou provar ao músico Fela Kuti, que andava com um grupo de guarda-costas, que não tinha ido à Nigéria para “roubar” uma sonoridade africana; e de sofrer um ataque de pânico numa noitada, depois do consumo exagerado de maconha nigeriana. São histórias que, quatro décadas mais tarde, dão ainda mais sabor ao seu mais importante álbum fora dos Beatles.

MAN ON THE RUN: PAUL MCCARTNEY NOS ANOS 1970
. De Tom Doyle
. Editora Leya, 352 páginas, R$ 49,90

 (Leya/Reprodução)



Trecho

“Talvez, estranhamente, um dos elementos mais agradáveis para Paul em tudo isso foi receber o cachê da banda, metade do valor arrecadado com os ingressos, depois da apresentação, um saco de moedas de 50 centavos, que depois foi igualmente distribuído pelo cantor entre os músicos. Em virtude do fato de, após assinar com a NEMS, de Brian Epstein, em janeiro de 1962, os Beatles jamais terem lidado com dinheiro vivo que ganhavam por suas apresentações, isso era uma emoção inesperada. Foi a primeira vez em 10 anos que Paul viu dinheiro depois de um show, e ele gostou do aspecto ‘dignidade do trabalho’ do músico disso, sentindo-se como ‘Duke Ellington dividindo o dinheiro’ com sua banda.” (Sobre o primeiro show dos Wings, em 9 de fevereiro de 1972, no refeitório da universidade de Nottingham, norte da Inglaterra)

Em forma

Nesta semana, Paul McCartney reapareceu em vídeo disponibilizado na internet para informar aos fãs que está muito bem. Em maio, ele ficou internado em Tóquio, onde faria shows da turnê Out there, Recuperando-se de um vírus, também teve que adiar a parte norte-americana da turnê. Aos 72 anos recém-completados, McCartney adiou os shows nos EUA para setembro e outubro. “Venham nos ver, que nós veremos você, sentindo bem e rock’n’rollin”, finalizou ele, antes de emendar um air guitar.

Band of the run, de Paul McCartney e Wings, um clássico de 1973   (Emi/Reprodução)
Band of the run, de Paul McCartney e Wings, um clássico de 1973


Discografia no período

. Paul McCartney
McCartney (1970)
McCartney 2 (1980)
Tug of war (1982)

. Paul e Linda McCartney
Ram (1971)

. Paul McCartney e Wings
Red rose speedway (1973)
Band on the run (1973)

. Wings
Wild life (1971)
Venus and Mars (1975)
Wings at the speed of sound (1976)
Wings over America (1976)
London Town (1978)
Wings greatest (1978)
Back to the egg (1979)

Eduardo Almeida Reis - Contratos‏

Brasileiros submetidos a condições parecidas com as da escravidão nunca souberam o significado de análogo


Eduardo Almeida Reis
Estado de Minas: 29/06/2014



Não sei onde anda a escritora Patrícia Secco, especializada na modificação do português de Machado de Assis, que ainda não fechou contrato com o Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) para simplificar os termos do trabalho dos ilustres fiscais empenhados na descoberta de brasileiros submetidos a condições análogas às da escravidão. Trocar “análogas” por “parecidas” vale contrato de R$ 2 milhões.

Cá entre nós, que ninguém nos ouça: brasileiros submetidos a condições parecidas com as da escravidão nunca souberam o significado de análogo, em nosso idioma desde 1695, do latim analògus,a,um 'proporcionado, simétrico, análogo, semelhante'.

Escravo no Brasil foi associado à cor da pele, mas a palavra nos chegou através do latim medieval slavus, sclavus, do grego bizantino sklábos, sklabénós 'eslavo', mais tarde 'escravo, cativo'. E o eslavo é branco. Fazendeiro durante séculos, conheci os senhores fiscais do antigo Ministério do Trabalho, hoje do Trabalho e Emprego, como se fosse admissível, no mundo civilizado, emprego sem trabalho, mas no Brasil é. E são centenas de milhares de patrícios apaniguados, outra palavrinha difícil, aqueles que são favoritos, protegidos, afilhados, seguidores de um partido que não preciso dizer qual é.

Ainda bem que os operosos fiscais do MTE não pintaram aqui no pedaço doméstico para descobrir servidora em condições análogas. Motivo: cor da pele. A do patrão é branquíssima, ao passo que a da comadre é pardacenta. No item jornada de trabalho, que vai das 9h às 16h nos dias de expediente espichado, não creio que a analogia se caracterize. Enquanto ao mais, a gente vai vivendo e se divertindo com as palhaçadas inventadas pelo país grande e bobo.

Credulidade

Crédulo pra dedéu, acredito em tudo que vejo e ouço na TV, ainda quando a informação me pareça estranha. Acreditei, por exemplo, na notícia de que também nos Estados Unidos as igrejas têm isenção de impostos. Pensei que fosse coisa de Quinto Mundo, mas parece que existe nos quatro primeiros. Cabe a pergunta: por que, diabo, os ateus trabalhamos e pagamos impostos, enquanto as igrejas têm isenção?

Afinal, em quatro ou cinco dias, pagando cerca de R$ 500, todo brasileiro pode montar uma igreja. Dois repórteres da Folha registraram a sua em poucos dias e gastaram exatos R$ 418. Aí, você tem uma igreja registrada, aluga um galpão e começa a faturar livre de impostos.

Levando jeito, inventa uma toalhinha benta com o seu suor, dízimos em cobrança bancária, desencapetamento total, acusa de irreligião umbandistas e candombeiros (veja Candomblé VIP no Google) e a sua igreja fica rica, riquíssima, bilionária. Você pode morar num palácio com torneiras de ouro, como existe um em Belo Horizonte, mas o dinheiro, o palácio, as torneiras são da igreja.

Já me hospedei nas casas de amigos muito ricos, sei que podem ser bonitas e confortáveis, mas bom mesmo é o cantinho da gente com os nossos pertences, ainda que modestos. Como resolver o problema da transferência do dinheiro da igreja para o seu bolsinho de pastor?

É a coisa mais fácil do mundo. Você compra em seu nome uma rádio, várias rádios, uma retransmissora de tevê. Já sabe onde tirar o dinheiro: dos dízimos. Portanto, a rádio é sua, pastor Fulano de Tal, com CPF, tudo bonitinho. A partir daí, a igreja passa a alugar horários na sua emissora a preços estratosféricos. Você, pessoa física, paga os impostos e fica bilionário. Há exemplos e são muitos.

O mundo é uma bola

29 de junho de 1613: um incêndio destrói o Globe Theatre, em Londres, onde Shakespeare encenava suas peças. Noite dessas, na TV, um especialista em Shakespeare contou coisas interessantíssimas sobre o teatro londrino e o gênio britânico. No Globe Theatre, os espectadores levavam laranjas para cortar ao meio e botar sobre os respectivos narizes. Função: abafar o cheio de urina e fezes que havia no teatro, onde as pessoas faziam suas necessidades. Não havia banheiros: tudo era feito no piso da plateia. Shakespeare tinha dois textos para a mesma peça. Um popular para entendimento da patuleia, outro rebuscado que representava nos palácios para a nobreza e a família real.

Em 1845, com a chegada dos colonos alemães, fundação da Imperial Colônia de Petrópolis. Mês passado, subi de automóvel a velha Serra de Petrópolis pela milésima vez. A vegetação continua muito bonita, mas a pista, com aquela sucessão de curvas, é insuportável. Hoje é mão única, mas ainda peguei o tempo da mão dupla.

Em 1951, Joseph Ratzinger (futuro Bento XVI) é ordenado padre. Em 1995, a explosão de um shopping em Seul, capital da Coreia do Sul, mata 502 pessoas. Em 1996, no Morro da Igreja, município de Urubici (SC), registrada a temperatura de -17,8 graus, a mais baixa do Brasil.

Ruminanças

“Antes de se casar, procure saber se o seu amor é biodegradável, ecológico, taxa zero, pode ser pré-pago e tem dotz, a sua segunda moeda” (R. Manso Neto).