quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

FERNANDO BRANT » Uma noite em Santiago de Compostela

FERNANDO BRANT » Uma noite em Santiago de Compostela

Estado de Minas: 15/01/2014


Também posso dizer que conheço o Caminho de Santiago. Não andei e nem fui de bicicleta como o Paulo Sérgio Valle e sua Malena. Sou mais acomodado e apenas estive no início e no fim do místico percurso. Em 1981, me vi em frente à Igreja de Saint Jacques, E quase 15 anos depois,  passeei meu jeito mineiro pelas ruas da cidade da Galícia. Logo se deduz que, apesar de tão demorado, meu trajeto foi feito por avião.

Nas duas aventuras eu acompanhava o meu amigo Bituca. Na primeira, ele fez suas primeiras apresentações em Paris, por duas semanas, no Theatre de La Ville. Foi também meu batismo europeu. Perto do teatro, no Chatelet, fica a construção dedicada ao santo milagreiro.

Fui a Compostela para a encenação da Missa dos Quilombos ou Missa Negra, criação do Milton com textos de Pedro Casaldáliga e Pedro Tierra. Na praça em frente à monumental catedral seria realizada a cerimônia musical, religiosa, brasileira. Diante da grandeza da igreja, em seu interior a gente se sente ínfimo, uma formiga no infinito. A majestosa e opressiva presença da instituição parece querer nos sufocar, realçando o quão pequeno somos.

Enquanto o palco era armado, andei pelas ruas da Galícia. Além da beleza do sítio , chamaram-me a atenção os vários cartazes conclamando a população a falar galego.

Encontrei-me com vários galegos, que tinham morado muitos anos no Brasil, e que me serviram cervejas, camarões fritos e o destilado Don Pepe. Aí eu me dei conta de que a Galícia, vizinha de janela com Portugal, tem muito a ver conosco. O pessoal do espetáculo tinha me convencido a falar o meu Pai Nosso e eu concordara. O que não deveria ter aceito foi dizê-lo em uma versão para o castelhano. Eu me arrependeria dessa decisão.

A noite foi maravilhosa. A música encantadora e sublime do Milton, os tambores da Serrinha, de Minas e de todos os brasis, as coreografias deslumbrantes e sensuais, o canto harmonioso e divino das moças e rapazes da turma. No intervalo de um solo vocal do Milton, os sinos da monumental igreja começaram a tocar. Era como se o santo quisesse participar do acontecimento. Todos ficaram em silêncio. E quando eles se calaram, a voz do Milton ganhou novamente os ares e os ouvidos. A emoção, os arrepios e as lágrimas se espalharam pela praça.

Ao fim da noitada, sou apresentado a uma juventude galega interessada em nosso trabalho. Quando ficaram sabendo que, apesar de ter declamado o meu Pai Nosso em castelhano, queria mesmo era tê-lo dito em português, eles me recriminaram. Deveria ter falado em nossa língua. Eles entenderiam e achariam mais bonito.
Aí eu recitei para eles, em português, o meu Pai Nosso. E saímos para a noite, ainda jovem.

Frei Betto-Tragédia maranhense‏

Tragédia maranhense
Temos 515 mil detentos amontoados. O nó da questão é que o governo não tem real interesse na ressocialização de presos comuns
Frei Betto

Estado de Minas: 15/01/2014


Por descaso do governo Roseana Sarney, o Brasil e o mundo assistem a uma tragédia no Maranhão. Na Penitenciária de Pedrinhas, em São Luís, 62 presos foram assassinados nos últimos meses, a maioria degolada. As imagens estão na internet.  O Alto Comissariado de Direitos Humanos da ONU pediu que o governo brasileiro apure a chacina de Pedrinhas. É bom lembrar que, em novembro de 2013, o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, declarou que, no Brasil, “é preferível morrer de que ficar preso”.

 Nosso país abriga, hoje, 515 mil detentos. Muitos sem culpa formada. A maioria dos encarcerados vive amontoada promiscuamente, sem que o sistema de segurança impeça a prática de delitos de dentro para fora da cadeia.

 Como explicar celulares nas prisões? Em nenhum aeroporto se consegue passar no controle eletrônico portando o aparelho. Ora, sabemos que os agentes penitenciários são mal pagos, insuficientemente preparados para a função, o que torna muitos vulneráveis à corrupção. Assim, os presídios se transformam em queijos suíços, cheios de buracos pelos quais entram celulares, drogas e armas.

 Há diretores e funcionários de penitenciárias que resistem aos bloqueadores porque ficariam sem contato externo via celular. O crime agradece ao corporativismo.

 De dentro de cárceres, presos comandam o crime, como as extorsões telefônicas, em que a vítima cai no trote de que um parente está em mãos de bandidos. Das celas da Penitenciária de Pedrinhas, facções criminosas ordenaram a queima de ônibus, que resultou na morte de uma menina.

O Brasil clama por uma reforma do sistema prisional, que adote novos métodos de ressocialização dos detentos. Insisti nesse tema, junto ao Ministério da Justiça, nos dois anos em que assessorei o presidente Lula. Em vão.

Vivi dois dos quatro anos em que estive encarcerado (1969-1973) como preso comum. Em São Paulo, estive na Penitenciária do Estado, no Carandiru e na Penitenciária de Presidente Venceslau. Constatei, na prática, como não é difícil recuperar presos comuns. Basta saber ocupá-los. Não com faxina, ajudante de cozinha ou capinando, como é frequente.

Seis presos políticos, misturados a 400 comuns, promovemos grupos bíblicos, grupo de teatro, oficinas de arte e curso supletivo de madureza (hoje, segundo grau). Mais de 100 detentos foram beneficiados por aquelas iniciativas, e vários se ressocializaram.

Cada presídio poderia ser transformado, em parceria com a iniciativa privada, em escola de informática, culinária, idiomas, formando também encanadores, eletricistas, mestres de obras etc.

O nó da questão é que o governo não tem real interesse na ressocialização de presos comuns. Quem estiver interessado nas razões dessa absurda omissão leia Michel Foucault.

TeVê

TV PAGA » Bizarrices 

 
Estado de Minas: 15/01/2014



 (TLC/Divulgação)


Seria trágico se não fosse cômico, mas na verdade a série Muquiranas trata de um tema forte: pessoas que levam a economia ao extremo, a ponto de reutilizar papel higiênico e consumir apenas alimentos vencidos porque são mais baratos. Alguns dividem a escova de dentes, frequentam ferros-velhos, reaproveitam a água do banho para lavar a louça e até pedem sobras aos vizinhos. Uma das personagens é Melody (foto), que dorme na mesma cama com marido e dois filhos e todos compartilham a água do banho. A segunda temporada estreia às 21h30, no canal TLC.

Série mostra relação  dos EUA com o álcool

Conhecido como apresentador da série Trabalho sujo, o ator Mike Rowe comanda a série Os Estados Unidos e o álcool, que estreia às 23h, no Discovery Civilization. Como o título indica, Rowe vai levar o assinante de bar em bar para mostrar como o álcool influenciou a história americana. Outra novidade na telinha é a volta dos mestres da barganha Antonio Palazzola e Steve Mchugh na terceira temporada de Barter kings, às 22h30, no A&E.

Cachorro de madame  toma aula de etiqueta

No canal History, são três os destaques. Às18h15, em O infiltrado, o repórter Fred Melo Paiva tenta transformar um vira-lata em cachorro de madame, no caso a cadela Baleia, que passa pelo processo de tosa, banho em um spa e aulas de etiqueta. Às 20h, a emissora exibe mais dois episódios de Gigantes da indústria, seguidos de outros dois de Humanidade: a história de todos nós, às 22h.

Documentário resgata  a arte de Alex Vallauri

Um grupo de escritores do Rio de Janeiro defende a ideia de que a literatura pode ser entretenimento sem perder a qualidade e o valor estético. É isso que o Entrelinhas vai mostrar hoje, às 23h30, na Cultura. No SescTV, às 21h30, vai ao ar a primeira parte de um especial da série Artes visuais destacando a trajetória e as principais obras do artista gráfico e grafiteiro Alex Vallauri, morto em 1987, reconhecido por seus painéis figurativos com repertório pop de personagens como o cupido, o diabo, a bruxa e o acrobata.

Rio está no roteiro de  férias dos Simpsons

Os Simpsons vão curtir suas férias e o canal Fox segue com eles no especial Sombra e água fresca, às 22h30. No total, serão seis episódios da série de animação de Matt Groening. Uma de suas viagens é para o Brasil. Em “Blame it on Lisa”, a família amarela vai ao Rio de Janeiro para encontrar Ronaldo, um amigo de Lisa. Mas Homer é sequestrado e levado para o Amazonas, com um pedido de recompensa de US$ 50 mil. Durante a busca por Ronaldo e Homer, a família encontra carros alegóricos de carnaval e vê as paisagens clássicas do Rio.

Muitas alternativas  no pacotão de filmes

Na programação de cinema, as melhores opções estão sempre na faixa das 22h: A grande luta de Muhammad Ali, na HBO; Barton Fink – Delírios de Hollywood, no TCM; Réquiem para um sonho, na MGM; Jonah Hex – O caçador de recompensas, no Space; O resgate, no Telecine Premium; O lado bom da vida, no Telecine Pipoca; Cavalo de guerra, no Telecine Touch; e Febre do rato, no Telecine Cult. Outras atrações da programação: O clube dos corações partidos, às 21h, no Comedy Central;
Mestre dos mares – O lado mais distante do mundo, às 21h45, no Megapix; e Independence day, às 22h30, no FX.

CARAS E BOCAS » Nova dieta

Simone Castro
simone.castro@uai.com.br



Murilo agarrou Ellen e não a larga mais (Frederico Rozário/Globo)
Murilo agarrou Ellen e não a larga mais

Valdirene (Tatá Werneck) pode até achar que se deu bem ao ser escolhida para o BBB 14, mas quem se saiu bem foi Murilo. O personagem de Emílio Orciollo Netto em Amor à vida (Globo) conseguiu fisgar a exuberante Ellen (Dani Vieira), a Mulher Pupunha. De volta para casa com a namorada, Murilo surpreende Gigi (Françoise Forton) e Sandrinha (Thavyne Ferrari) e a apresenta a todos como a mulher de sua vida. Isso ainda vai dar a maior confusão.

Manfred não é filho de  Ernest, mas de Venceslau

Reviravolta em Joia rara (Globo).
O vilão Manfred (Carmo Dalla Vecchia) não perde por esperar: nos próximos capítulos, ele vai descobrir que
é filho de Venceslau (Reginaldo Faria), e não de Ernest (José de Abreu), como sua mãe, Gertrude (Ana Lúcia Torre),
fez com que acreditasse. Após a revelação, o pai de Iolanda (Carolina Dieckmann) ainda será nomeado
vice-presidente da Fundição Hauser.
O que será que as autoras Thelma Guedes e Duca Rachid ainda vão aprontar por aí? Dizem até que Gertrude possa ter matado Catarina, a primeira mulher de Ernest.

Nívea Maria começou no  teatro, escondida do pai

Para quem curte televisão e, especificamente, novelas, o programa Damas da TV é uma atração e tanto. Hoje, às 21h, no canal Viva, quem vai dar o ar da graça é a atriz Nívea Maria, que, aos 66 anos, reúne mais de 60 trabalhos na telinha. Entre outros assuntos, ela conta que começou com o balé e passou ao teatro escondida do pai. Na TV, o primeiro papel de destaque
foi em Melodia fatal, exibida em 1964 pela TV Excelsior. Letícia Sabatella e CamilaPitanga vão fazer terapia

As atrizes Letícia Sabatella e Camila Pitanga foram confirmadas no elenco da terceira temporada de Sessão de terapia, do canal GNT (V paga). A nova leva de episódios terá roteiro totalmente original, criado no Brasil, numa produção da Moonshoot Pictures. Selton Mello continua na direção. A estreia está prevista para o segundo semestre.

Discovery Kids preparou atividades para as férias

Muitos mineirinhos que estiverem curtindo férias nas praias do Rio de Janeiro e de São Paulo vão ter a chance de se divertir com um projeto promovido pelo canal Discovery Kids. Durante o verão, a emissora vai realizar atividades de lazer em Santos (dias 18 e 19), Ubatuba (25 e 26) e Niterói (dias 1º e 2 de fevereiro).

TV Horizonte põe no ar  hoje a nova home page

A TV Horizonte (canal 19 UHF) lança hoje seu novo site, criado com a preocupação de equilibrar um design mais moderno com novas ferramentas oferecidas ao internauta e prometendo acessibilidade mais rápida e facilidade na navegação e na busca de conteúdo. Confira no endereço tvhorizonte.com.br.



Um hobby  que dá lucro

A conscientização sobre a importância da preservação do meio ambiente tem levado muitas emissoras a apostar em atrações ecologicamente corretas. Algumas estão no ar há anos (ou décadas, como o ótimo Globo rural), mas sempre será digno de nota o surgimento de qualquer produção que defenda a natureza. Por isso, é altamente recomendável a série Nova Amazônia, que vai ao ar pela Rede Minas e TV Brasil (canal 65 UHF). O tema de hoje, às 17h30, é pesca esportiva, aquela em que o pescador devolve o peixe à água depois de fisgado, levando para casa apenas as imagens do seu feito. Iniciativas como essa evidenciam ainda o aumento de negócios no ramo do ecoturismo.

HOMENAGEM » Lírico e acústico Kiko Ferreira

HOMENAGEM » Lírico e acústico
Kiko Ferreira
Estado de Minas: 15/01/2014


O pianista João Carlos Assis Brasil, Alaíde e Carlos Navas celebram Ernesto Nazareth (Tadeu Lopara/Divulgação  )
O pianista João Carlos Assis Brasil, Alaíde e Carlos Navas celebram Ernesto Nazareth


Em 1991, o pianista João Carlos Assis Brasil foi responsável, junto com o cantor Nando Gabrielli, pela homenagem mais eficiente que o país conheceu ao centenário do americano Cole Porter. O show Cole Porter – We concentrate onyou, apresentado no Rio Jazz Clube, no Rio, foi o que se costuma chamar de sucesso de público e crítica. Agora, depois de uma trajetória que inclui releituras de Scott Joplin, Eric Satie, Gershwin, Ravel, Fauré e outros grandes autores, o pianista aproveita o sesquicentenário de nascimento de Ernesto Nazareth (1863-1934) para registrar Nazareth revisitado, em que coloca sua técnica erudita e seu bom gosto de intérprete para reler 13 temas (oito deles divididos em duas suítes) do pioneiro chorão.
Gravado em dois dias e quatro horas de estúdio, ao vivo, sem necessidade de remendos ou refazendas, o álbum oferece uma visão diferenciada de outro namoro recente com a obra de Nazareth, o Elétrico Nazareth, de Mu Carvalho. Enquanto o tecladista da Cor do Som usou eletrônica e pegada de trilha sonora para escarafunchar raridades do compositor, o irmão de Victor Assis Brasil fica no acústico, com mais semelhanças com a célebre série de dois LPs que Arthur Moreira Lima registrou em 1983.

Aberto com a emblemática Batuque, o disco reduz à essência obras mais conhecidas, como Brejeiro, Faceira e Apanhei-te cavaquinho, traz uma emocionada leitura da valsa Coração que sente e um curto (pouco mais de dois minutos) e certeiro improviso que captura bem a alma artística do homenageado, Para Nazareth.

Outro diferencial é a participação de dois canários com trajetórias dedicadas à música brasileira. Carlos Navas, que também é produtor do disco, acerta ao defender com sutileza a letra inspirada que Zé Miguel Wisnik fez para Bambino e no poema que Vinicius de Moraes fez para o choro Odeon. E Alaíde Costa põe a voz de cristal a serviço da letra que Catulo da Paixão Cearense fez para Sertaneja.

Descaso com o telespectador - Anna Marina

Descaso com o telespectador

Anna Marina
Estado de Minas: 15/01/2014


Fim de semana mortalmente quente sugere que todos fiquem em casa, aproveitando o sossego de ventiladores ou do ar-condicionado. E, de preferência, aproveitando os programas de TV. Os de graça desanimam qualquer um, nunca vi tamanha falta de respeito ao público. Os pagos são outra ofensa, esta mais séria porque o telespectador está pagando para uma programação que deveria, no mínimo, ser mais bem planejada. Já reclamei aqui como é que os filmes são repetidos ad infinitum; passei a acreditar que a repetição torna os filmes mais baratos. E essa repetição agora tornou-se ainda mais agressiva, depois que os canais foram, supostamente, divididos por temas.

Como estamos em férias escolares, dá para entender o número exagerado de filmes de animação (não é assim que os desenhos animados de antigamente são identificados nos dias de hoje?). A história dos pinguins já é enfarosa até para crianças, que se cansaram dela de tanto que é mostrada.

No fim do ano, fiquei mais animada com um canal que peguei no Now, que mostra apenas programas culturais. Vi, como se estivesse em Nova York, o Quebra nozes no dia de ano-novo, com o corpo de baile inglês, um programão. Vi também A bela adormecida, outro balé raro de ser ver por aqui, principalmente inteiro. Quis repetir a dose no último fim de semana. O canal, cujo nome não consigo guardar, é qualquer coisa que começa com "p", agora é pago. Só pode ser acessado por quem paga um valor mensal, além da assinatura normal que é feita na Net. Assinando mensalmente o canal você paga por poucos filmes, porque a programação não muda. Já tinha comentado aqui o alto custo dos jogos de futebol, acessados em canal especial – esse de cultura não fiquei sabendo quanto custa. E outro canal que deve ser pago separadamente é a BBC, o de noticiários, não a BBC HD, de programas normais, alguns até bem interessantes, como os de culinária. Por que será que a rede inglesa foi dividida em dois canais?

Outra descoberta que fiz é que se a revista da Net mostra a função do botão amarelo do controle remoto, que abre a possibilidade de ver os programas com legenda, a realidade é bem diferente. E pode ser coincidência, mas nos fins de semana, 99% dos filmes e programas exibidos são apenas dublados, não existe legenda em nenhum, nem de dia, nem à noite. Fico pensando se os filmes legendados são mais caros do que os dublados, e não consigo entender a razão. Principalmente porque os legendados facilitam ao telespectador assisti-los sem som, para não incomodar outras pessoas.

O canal cujo número agora é 130 – Universal –, que gosto de assistir por causa das séries, apresenta, entre um programa e outro, um What's now, que é repetido até não poder mais. Já sei de cor tudo que será mostrado, os flashs dos filmes são sempre os mesmos (o de biografias aparece todos os dias, em todas as horas), porque a montagem é sempre a mesma. Já decorei até o nome de quem os escolhe, um tal de Diego Gebara. Que bem podia abrir o leque da escolha para outros tópicos.
Desconfio vagamente que esse descaso pelo telespectador pagante só ocorre porque ninguém reclama, ninguém bota a boca no mundo. Fui das primeiras assinantes de TV a cabo da cidade, quando ninguém acreditava muito que sobrevivessem. Sobreviveram – mas não podiam ser melhor?

Eduardo Almeida Reis-Fatos‏

Fatos 
 
Abajur é galicismo. Sugiro abaixa-luz, bandeira, guarda-vista, lucivelo, lucivéu, luminária, pala, pantalha, para-luz, quebra-luz ou tapa-luz 
 
Eduardo Almeida Reis
Estado de Minas: 15/01/2014




Sou idoso e friorento, concordo, mas dormir de cobertor no verão mineiro, cidade da Zona da Mata, 715m de altitude, não me parece normal. Dir-se-á que tem chovido, é certo, mas em Manaus e Belém chove muito sem que as duas sejam cidades siberianas. Próximas do Equador, admito, sem que me conforme com a temperatura que tem feito por aqui. Isto posto, vamos aos outros fatos. Gosto de poltronas e já comprei várias até encontrar uma de couro, da Lafer, que me livrou dos problemas de coluna há mais de 14 anos. Também no capítulo das poltronas o pessoal malucou. Vejo o anúncio de uma chamada Paulistana, de couro, pés inox, à venda na loja Arquivo Contemporâneo por R$ 19.685. Salvo melhor juízo, é muito dinheiro. Desenho de um cavalheiro chamado Jorge Zalszupin, que nasceu na Polônia em 1922. Presumo que o leitor seja íntimo da obra de Zalszupin espalhada pelos palácios da Alvorada e do Planalto, nos quais, felizmente, nunca botei os pés. Nada melhor para fazer pendant com a Paulistana do que um abajur João-Bobo, projeto de Fernando Prado, à venda na Lumini carioca por R$ 2.649,77. Isso mesmo: ...e setenta e sete centavos. Abajur é galicismo. Sugiro abaixa-luz, bandeira, guarda-vista, lucivelo, lucivéu, luminária, pala, pantalha, para-luz, quebra-luz ou tapa-luz. Consiste em meia bola de metal, que não deixa o João-Bobo cair, com um espeto metálico e zimbório de material translúcido. O tchã deve estar nos 77 centavos.Boni e Ricardo Amaral, beirando os 80, desbundaram. Lançaram um guia de restaurantes e já caitituaram sua obra em trocentos programas de tevê, noves fora 1,2 mil jornais e revistas. Citaram três restaurantes de Belo Horizonte, um dos quais foi visitado pela nossa Anna Marina, que o achou uma porcaria. A médica Lívia Salomé, casada com o Clebinho, que tem o site “Sem pepino, por favor”, também lá esteve (com Clebinho): um garçom para 15 mesas. Jantou e fotografou o restaurante, os pratos e confirmou a avaliação da jornalista do Estado de Minas. Donde se conclui que as pessoas normais devem tomar cuidado com as sugestões do Boni e do Ricardo.

Milagre em domicílio

Em 1970, deixei dois ótimos empregos no Rio: tenho dessas maluquices. Dias antes de nos mudarmos para uma roça desprovida de telefone, estrada e luz elétrica, minha mulher botou pequeno classificado no Jornal do Brasil oferecendo emprego a uma babá que se dispusesse a morar no interior. Informado, falei que seria mais fácil aparecer alguém que nos desse presente de US$ 10 milhões, do que uma doméstica que gostasse de viver na roça. Pois fique o leitor sabendo o milagre ocorreu. Não só a moça leu o pequeno anúncio, como aceitou o emprego. Era paranaense de família polonesa, chamava-se Vitalina e foi a doméstica mais sensacional que se possa imaginar. Feminina, limpíssima, adorava viver na roça. Foi babá das duas meninas mais velhas durante quatro anos. Inimiga da vida dentro de casa, passava os dias com as meninas caminhando pelos campos, colhendo frutas no pomar, ovos no galinheiro, mesmo com o tempo gélido daquele alto de serra. Casou-se com um marceneiro português, solteirão, foi viver com o marido e se emocionava às lagrimas quando visitada pelos ex-patrões com as meninas que ajudou a criar. Tudo isso a partir de pequeno anúncio no JB.

O mundo é uma bola

15 de janeiro de 69: Galba é morto pela Guarda Pretoriana. No mesmo dia, o senado reconhece Otão como novo imperador romano. Otão, que se chamava Marcus Salvius Otho foi imperador por três meses até se suicidar, mostrando que não era fácil a vida de imperador romano. Em 1559, coroação da rainha Elizabeth I da Inglaterra. Reinou até morrer em 1603, isto é, durante 44 anos. Seu reinado ficou conhecido como Período Elizabetano ou Era Dourada, marcando os primeiros passos daquele que seria o Império Britânico. Na dramaturgia rendeu nomes como Marlowe e Shakespeare. Era filha de Henrique VIII e Ana Bolena, mandada executar pelo maridão. Em 1759, abertura do Museu Britânico. Em 1833, criação do município de Nova Iguaçu, onde nasceu professor Wanderley Luxemburgo, futuro senador pelo estado de Tocantins. Em 1943, inauguração do Pentágono, Departamento de Defesa dos Estados Unidos, que ainda não teve a sorte de ser comandado pelo ministro Celso Amorim, que rivaliza em ferocidade com o general Belizário, aquele que mandou degolar 30 mil sujeitos na Revolta de Nika em Constantinopla em 532. Em 1970, Muamar Abu Minyar al-Kdafi é nomeado primeiro-ministro da Líbia. Seria morto em outubro de 2011. Em 1989, Maílson da Nóbrega, ministro da Fazenda, lança o Plano Verão e o Cruzado Novo. Em 2001 surgiu a Wikipédia, que mataria a ótima Encarta Premium seis anos mais tarde. Em 2009, depois de decolar do Aeroporto de La Guardia, em Nova York, um Airbus A320, pilotado pelo comandante Chesley Sullenberger, sugou aves pelas turbinas obrigando o piloto a pousar no Rio Hudson. A tripulação e os 155 passageiros escaparam sem ferimentos. Hoje é o Dia dos Adultos.

Ruminanças `


“O importante não é ver tudo. É ver o que os outros não veem” (José Ingenieros, 1877–1925).

Ácido úrico nas alturas‏

Ácido úrico nas alturas
 
Consumo de bebidas alcoólicas e excesso de alimentos ricos em proteína elevam nível da substância. Quando alta demais no organismo, ela provoca inflamação nas articulações, gerando muita dor


Paula Takahashi
Estado de Minas: 15/01/2014


Entre as doenças mais antigas de que se tem registro na medicina, a gota está na mira da Sociedade Brasileira de Reumatologia (SBR). “Apesar de ter tanto tempo, as causas serem conhecidas e haver remédios para o tratamento, a enfermidade ainda é muito mal tratada”, reconhece o coordenador da Comissão de Gota da SBR, Geraldo Castelar. Segundo o especialista, são poucos os pacientes que conferem cuidado adequado ao problema ou recebem orientações corretas para controlar os sintomas. Para mudar esse quadro, pesquisas estão em andamento e serão usadas para atualizar o quadro da gota no Brasil.

Desencadeada pela elevação de ácido úrico no sangue, a gota tem um fator genético determinante, podendo ser passada de pai para filho. Bebidas alcoólicas em excesso e alimentação rica em proteína também podem aumentar os índices da substância, evoluindo para a inflamação das articulações. “O principal causador é a predisposição genética, aferida por meio do histórico familiar. Mas se a pessoa abusa do álcool, pode desenvolver a gota, mesmo com pouca predisposição para isso”, alerta o reumatologista e presidente da Sociedade Mineira de Reumatologia, Boris Cruz.

Ao contrário do que reza o conhecimento popular, qualquer bebida alcoólica pode desencadear a produção excessiva de ácido úrico no sangue e não apenas as fermentadas, como a cerveja. “Existe uma crença de que as versões destiladas podem ser consumidas, mas qualquer bebida alcoólica provoca alterações no metabolismo”, esclarece Boris. É no fígado que dois terços do ácido úrico é produzido. O restante é proveniente da degradação da purina, proteína encontrada principalmente em carnes brancas e vermelhas, vísceras e frutos do mar.

Parte desse ácido úrico é eliminado pelos rins, enquanto o restante permanece no sangue. Para superar os níveis considerados aceitáveis, é preciso produzir muito mais ácido úrico do que o organismo é capaz de eliminar ou ter alguma deficiência no processo de expulsão da substância do corpo por meio da urina. “Esse último caso atinge 90% dos pacientes”, calcula Geraldo Castelar.

Em excesso, o ácido úrico pode formar cristais que, com o passar do tempo, são depositados nas articulações, evoluindo para a gota. “Por ter uma temperatura local mais baixa, esse depósito de cristais ocorre principalmente nas extremidades do corpo, como no dedão do pé e na orelha”, explica Castelar. Traumas frequentes como batidas formam o cenário perfeito para que as primeiras crises ocorram justamente no dedão do pé. Com o tempo, podem atingir outras regiões, como cotovelo, tornozelo, joelho, calcanhar, ombros e mãos. Vale lembrar que não são todas as pessoas que têm a substância em nível elevado no organismo que desenvolverão a gota. O diagnóstico definitivo só é possível mediante a punção do líquido presente no local inflamado e verificação da presença dos cristais de ácido úrico.

HOMENS EM FOCO A doença é predominantemente masculina, podendo se manifestar a partir dos 30 anos, sendo mais comum na faixa de 40 a 50 anos. “A mulher, principalmente durante a vida fértil, tem altos níveis de estrogênio, hormônio que aumenta a excreção renal de ácido úrico. Por isso a gota não é comum antes da menopausa”, explica Castelar. O sintoma mais comum é de inchaço na área atingida, seguido de uma forte dor. “É a forma de inflamação das articulações que provoca a dor mais intensa. Essa condição é utilizada, inclusive, como fator de diagnóstico”, reconhece o reumatologista e presidente da Sociedade Mineira de Reumatologia Boris Cruz.

Se não tratada corretamente, a gota pode atingir quadros preocupantes que incluem deformidade das articulações e formação de tofos, caroços fixados próximo às articulações. “Eles podem inflamar, provocar erosão e desgaste ósseo e levar até a deformidades características da fase crônica da doença”, descreve Cruz. Outras funções do organismo também podem ser comprometidas pelo ácido úrico em excesso. “Pode haver formação de pedras nos rins, doenças renais, hipertensão, artrite e problemas cardiovasculares. Pesquisas recentes associam a substância à resistência à insulina, determinando um maior risco de desenvolvimento de diabetes”, alerta a nutricionista Juliana Castilho.


Enquanto isso... dados são coletados


Foi lançado no final de 2013 levantamento para verificar como os profissionais estão tratando a gota no Brasil. “A partir dos resultados, vamos elaborar atividades de educação médica continuada”, afirma Geraldo Castelar, coordenador da Comissão de Gota da Sociedade Brasileira de Reumatologia (SBR). Na maior parte dos casos, não é o reumatologista, mas sim o clínico geral, médico de saúde da família, cardiologista e até o ortopedista que identificam o problema. “No primeiro momento, queremos atualizar os conhecimentos dos próprios reumatologistas para depois reproduzir as informações para as demais especialidades médicas”, planeja Castelar. Também está em fase de pesquisa o percentual da população brasileira acometida pelas dores nas articulações causadas pelo excesso de ácido úrico no sangue. Nos Estados Unidos e Europa, estima-se que 1,5% da população adulta seja portadora de gota.


Sem carne e sem álcool


Américo José Vivas de Sá - empresário    (Euler Júnior/EM/D.A Press)
Américo José Vivas de Sá - empresário
Com gota desde os 30 anos, o empresário Américo José Vivas de Sá, de 48, lembra que, durante as crises, não podia fazer qualquer movimento com o pé. “Não podia nem sequer ventar no local”, conta, na tentativa de descrever a intensidade do sofrimento. Com nível de ácido úrico quase duas vezes superior ao considerado normal, ele lembra que qualquer excesso era suficiente para desencadear as crises, que, ao longo do tempo, se tornaram mais intensas e frequentes. “Diante disso, resolvi eliminar as bebidas alcoólicas e reduzir o consumo de carne. Somente com o lançamento de um remédio é que as crises foram controladas definitivamente.”

CARTÃO DE CRÉDITO » Anuidades até 900% mais caras

CARTÃO DE CRÉDITO » Anuidades até 900% mais caras
Victor Martins

Estado de Minas: 15/01/2014


Os consumidores que receberam as faturas de cartão de crédito neste início de ano levaram um susto. Sem qualquer explicação plausível, os bancos e as administradoras desse meio de pagamento aumentaram as tarifas de anuidade entre 14,6% e 937%, provocando uma reação irada da clientela. Como não há um teto para as tarifas e uma regulação mais severa para o segmento, as instituições financeiras e as empresas se sentem confortáveis para avançar sobre o bolso dos usuários de cartões.

Além dos reajustes abusivos, uma vez que a inflação de 2013 foi de 5,91%, muitos clientes se queixam de promessas não cumpridas. É comum, na aquisição do dinheiro de plástico, que a instituição dê garantias de taxas reduzidas ou mesmo nulas. Com o tempo, porém, as cobranças das anuidades são inseridas nas faturas em parcelas que passam despercebidas pelos consumidores.

Para os órgãos reguladores, a exemplo do Banco Central e o Ministério da Justiça, não é possível definir um valor máximo das tarifas. Os encargos são determinadas pelo mercado e o consumidor deve ficar atento na hora de decidir se permanece ou não cliente do banco ou da administradora. "Não há controle sobre o valor das tarifas em cartões de crédito. Circulares do BC e resoluções do Conselho Monetário Nacional (CMN) determinam transparência e que as tarifas correspondam a prestação de um serviço. É importante ressaltar que os reajustes devem ser informados com clareza aos consumidores", disse Juliana Pereira, secretária Nacional de Defesa do Consumidor (Senacon).

MULTA O economista Giancarlo Gil Soares, 50 anos, queixa-se de problemas com o Citibank. Depois de promessas de que o cartão emitido pelo banco seria isento da taxa de anuidade, após o primeiro ano de uso foi cobrada uma tarifa de R$ 24. Inconformado, ele entrou em contato com a instituição para entender o porquê da mudança no acordo, mas o máximo que conseguiu foi dividir o valor em três prestações de R$ 8. "Quando ameacei cancelar o cartão, me ofereceram o parcelamento", explicou Soares. Entre 2012 e 2013, no entanto, a anuidade subiu para R$ 249 — um aumento de 937,5% frente a primeira anuidade. "Eu me recusei a pagar esse valor", disse.

Diante da negativa em quitar a tarifa, o Citibank, segundo Soares, passou a cobrar juros e multa sobre o valor. Com a virada do ano, a tarifa apresentou nova alta. Passou para R$ 315, um ajuste de 26,5%, quase cinco vezes mais que a inflação oficial de 2013. "Essa conta veio rolando e hoje está em R$ 1.110,63." O Citi informou que deu descontos ao cliente e que está à disposição para mais esclarecimentos.

Problemas semelhantes foram detectados em outras instituições. No Bradesco, clientes relataram aumentos de 14,6%, com a anuidade passando de R$ 348 para R$ 399. Na bandeira American Express, a tarifa passou de R$ 960 para R$ 1.200 — mais de 25%. No Itaú Unibanco, os ajustes ficaram em torno de 30%. O Bradesco, que controla a American, informou, por meio da assessoria de imprensa, que os reajustes em valores elevados, são improcedentes. O Itaú Unibanco não se pronunciou até o fechamento da edição.

Carro, presente de Deus ou de grego?‏

Carro, presente de Deus ou de grego?
Eduardo Amaral Gomes
Médico Ortopedista

Estado de Minas: 15/01/2014


Observa-se, atualmente, com uma frequência cada vez maior, estampado no vidro traseiro dos automóveis, um adesivo em letras garrafais, para deleite dos felizes e orgulhosos motoristas, usuários de um bonezinho com a aba voltada para trás: “Presente de Deus”. Denota-se no adesivo a concretização de um acalentado sonho, em nível mundial: a posse de um automóvel está, atualmente, em primeiro lugar na lista de consumo dos bens duráveis, até mesmo na frente da tão sonhada casa própria – em segundo plano, dado seu elevado valor e prolongado tempo para a efetivação da aquisição.

Mas, pensando racionalmente, seria mesmo um presente de Deus ou estaria o orgulhoso proprietário usando o Seu santo nome em vão? Observa-se tal fato até mesmo na área da construção civil. Quando da compra de um apartamento, por exemplo, o cabeça do casal preocupa-se, fundamentalmente, com a vaga de garagem, onde ele vai guardar seu valioso carrinho. Pede ao vendedor detalhes como o número de vagas, dimensões, se é coberta ou não, se é livre ou travada. A infeliz esposa, preocupada com as diminutas dimensões da cozinha, onde um tem que sair quando o outro entra, ou com a área minúscula do quarto do filho adolescente, onde não cabe uma cama de casal, fica em segundo plano. Alguns corretores até acham que o marido gosta mais do carro do que da esposa.

Por outro lado, as despesas de um carro são múltiplas, equivalendo às de uma segunda família. Economistas de renome fizeram as contas, na ponta do lápis, e chegaram à conclusão de que um veículo zero quilômetro, popular, rodando 1.250 quilômetros por mês e totalmente pago, equivale a uma despesa de, no mínimo, R$ 800 mensais. Incluem-se aí a depreciação acentuada do veículo e o custo de oportunidade, que seria o rendimento auferido mensalmente se o dinheiro pago estivesse aplicado em uma instituição financeira qualquer. Com um detalhe: deixando-se o automóvel totalmente parado em uma garagem, a economia que se faz é somente do combustível que se deixa de gastar. O taxímetro das outras despesas continua a trabalhar dia e noite.

Se o veículo for financiado, o que ocorre na maioria das vendas, aí é que a “porca torce o rabo”, lembrando que 58% da frota brasileira de veículos é financiada. Muitas vezes, o adquirente de um carro preocupa-se em saber se o valor do financiamento cabe em seu bolso, desprezando os juros a serem pagos, a quantidade de prestações e demais despesas inerentes à manutenção do veículo.

Desse modo, somando-se os R$ 800 de despesas mensais mais a mensalidade do financiamento de R$ 500, por exemplo, de um carro dito popular, chegaríamos à estonteante quantia de R$ 1.300 mensais, se não houver “acidente de percurso”, como uma batida, por exemplo. Como o ainda feliz proprietário não vive de vapor de gasolina, seu salário para sobreviver e com as despesas do carro deveria ser, pelo menos, o dobro, cerca de R$ 2.600 mensais líquidos, salário difícil de receber por muita gente. Muitas pessoas também se esquecem de que as despesas com um carro nos três primeiros anos de uso equivalem ao preço de outro carro novo.

Se o saltitante proprietário do carro tem outros financiamentos, como o da casa própria, empréstimo consignado, cartão de loja, cartão de crédito, cheque especial, empréstimos bancários e outros, e não fizer os cálculos na ponta do lápis, terá uma porta aberta para o caos financeiro; ou seja, o tão temido superendividamento, um inferno astral para o devedor. Tal fato denota o elevado número de inadimplentes em carros financiados.

Destarte, conclui-se que, muitas vezes, se não posicionado financeiramente, o presente de Deus pode se transformar em um presente de grego.

Tecnologia e terceira idade - Moema Belo

Tecnologia e terceira idade 
 
Moema Belo
Diretora executiva do Grupo Cotemig


Navegar na internet e enviar e-mails favorece a autoestima dos idosos

Estado de Minas: 15/01/2014


A tecnologia e os meios de informação fazem parte do cotidiano como facilitadores da comunicação e de diversos serviços. O processo marca a importância da inclusão digital na sociedade, indiferentemente da idade ou classe social. Dados do IBGE revelam que a parcela da população que utiliza a internet passou de 20,9% em 2005 para 46,5% em 2011. O incremento em seis anos foi de 45,8 milhões de usuários, sendo que, desses, cerca de 8 milhões estão com mais de 50 anos. Ainda que essa pesquisa aponte a participação dos idosos no meio digital, é fácil encontrar muitas pessoas com alienação tecnológica. A capacitação do idoso é uma grande aliada para a saúde e bem-estar, sendo apropriada também para estimular o cérebro e a memória, aumentar a autoestima e facilitar a aquisição de informações e relacionamentos. A evolução tecnológica para a sociedade está cada vez mais acelerada. Ninguém escapa de usar novos aparelhos ou serviços em plataformas digitais. Isso impulsiona todos os setores e gera grandes melhorias, que auxiliam na conclusão de tarefas do cotidiano. Saber usar o computador ou navegar na internet, em qualquer faixa etária, garante maior interação com a sociedade, uma vez que o internauta estará diante de possibilidades de negócios, de ampliar seus relacionamentos e de obter uma pluralidade de informações e serviços.

Contudo, assim como a maioria dos processos que envolvem a evolução social, o acesso à tecnologia não aconteceu de forma igualitária, gerando uma exclusão digital. No Brasil, essa exclusão ainda é acompanhada pela desigualdade social e diferenças regionais. Outro aspecto que dificulta ainda mais a participação de idosos no universo on-line é o choque de gerações. Ao contrário das gerações mais novas, amadurecidas em um período com ampla tecnologia, a terceira idade vê os equipamentos como uma novidade e precisa de estímulos para perder o receio da tecnologia. O aprendizado tecnológico pode acontecer de forma gradual com estímulos para isso. Os mecanismos de inclusão digital devem ser proporcionados à população sem distinção de idade ou escolaridade. Apesar de raros, existem programas de extensão que oferecem cursos estruturados de informática. O conteúdo didático é elaborado de acordo com as peculiaridades dos idosos e ministrado por pessoas preparadas para lidar com o processo de aprendizagem desse público. No Colégio e Faculdade Cotemig, por exemplo, promovemos, anualmente, um projeto para inclusão digital da terceira idade, atendendo as comunidades dos bairros Barroca e Floresta, onde estão nossas unidades. Trata-se de um curso de informática gratuito, ministrado e monitorado por alunos voluntários para pessoas acima de 60 anos, que aprendem a utilizar o computador e a internet, enviar e-mails e navegar em sites de pesquisas e entretenimento.

A importância do acesso dessa população ao universo virtual é indiscutível na era digital. A tecnologia pode ser definida como um elemento-chave para o desenvolvimento da sociedade. Ter acesso a esse artifício mantém o idoso informado sobre questões que permeiam o seu cotidiano, proporcionando cidadania, autonomia e, acima de tudo, gerando benfeitorias para a saúde, já que o contato tecnológico mantém a mente ativa.