sexta-feira, 21 de março de 2014

TeVê

TV paga

Estado de Minas: 21/03/2014



 (O Cruzeiro/Arquivo EM %u2013 27/11/1957)


PRESTES EM CENA

O velho – A história de Luiz Carlos Prestes, documentário de Toni Venturi, será exibido às 21h40 no canal Curta!. O polêmico líder do Partido Comunista Brasileiro (PCB) encarnou uma causa e, por mais de 35 anos, carregou ideais que hoje estão soterrados. O documentário atravessa 70 anos da conturbada história contemporânea brasileira, da qual Prestes foi um dos protagonistas: a épica marcha de 25 mil quilômetros da Coluna invicta nos anos 1920; o dramático romance com a judia alemã Olga Benário, durante a desastrada revolução comunista de 1935; o golpe militar; a luta armada e a dura repressão política entre 1964 e 1974. A produção conta com depoimentos de jornalistas, família, amigos, ex-integrantes do PCB e historiadores e, ainda, raro material de arquivo em vídeo.

DOCUMENTÁRIO NA ÁFRICA
BASEADO EM CASO REAL


O Telecine Premium exibe, às 22h, o drama Redenção, com Gerard Butler e Michelle Monaghan. Homem religioso dedica sua vida e seus recursos para resgatar crianças que vivem na zona de conflito do Sudão. A história é baseada num caso real.

LOUCOS POR CARROS
EM ALTA VELOCIDADE


Jeff Allen e Perry Barndt são jogadores. Seu jogo: carros clássicos e exóticos. Viajam pelos EUA comprando e vendendo automóveis. Não importa se é um Shelby Mustang ou um Bugatti especial, a chave é comprar barato e vender por um bom preço. Jeff e Perry são as estrelas de Automaníacos, estreia do History, às 21h. O programa apresenta os automóveis mais raros e fantásticos dos Estados Unidos. Feito para os fanáticos por carros de colecionador, que captura a curiosidade deles e vai além, mostrando que há muito sobre esse assunto a revelar.

DOSE DUPLA DE
SÉRIES JOVENS


O Sony traz duas novidades para os teens. Às 21h entra no ar a segunda temporada de Teen wolf. Logo depois, às 22h, estreia Twisted. O protagonista é Danny (Avan Jogia), adolescente que deixa a cadeia aos 16 anos depois de cumprir pena por ter assassinado sua tia. Tentando recomeçar a vida, ele é logo envolvido em outro crime, quando um dos alunos da sua escola é assassinado

MÚSICA DO MUNDO
NO CANAL BRASIL


Desafinado, programa apresentado por Pierre Aderne, vai ao ar às 18h45 no Canal Brasil. Man in despair é a música que abre o episódio com a interpretação de Tina Kristina. Ainda no programa, Aderne recebe a chilena Camila Meza, o grupo Wax Poetic e o brasileiro Vinícius Cantuária.

MARATONA DE TERROR
NO CANAL UNIVERSAL


De hoje a domingo, o canal Universal vai exibir um especial de filmes de terror. Os destaques desta sexta são Vozes do além (19h40), sobre homem que tenta entrar em contato com sua mulher morta usando rádios e TVs mal sintonizadas; A chave mestra (21h25), sobre jovem que descobre segredos de uma antiga casa; e Atividade paranomal (23h15), o filme que deu origem à série.


CARAS & BOCAS » Mais que um policial
Simone Castro

Nanda Costa, Cauã Reymond, Cleo Pires e Alejandro Claveaux: estrelas da série O caçador (Paulo Belote/TV Globo)
Nanda Costa, Cauã Reymond, Cleo Pires e Alejandro Claveaux: estrelas da série O caçador

Foi apresentada, anteontem, no Rio de Janeiro, a nova série da Globo, O caçador. No elenco, o onipresente Cauã Reymond, que voltará à cena três meses depois de Amores roubados, que também protagonizou, além de Nanda Costa, Alejandro Claveaux, Jackson Antunes, Ailton Graça e Paulo Miklos, entre outros. É um drama policial, mas o diretor José Alvarenga garante que é muito mais: “Não é apenas um policial. É um seriado intenso, e a cada semana temos um novo caso, uma nova aventura. São personagens que cometeram erros que não têm volta. No fundo, todos são caçadores de si mesmos”, definiu. O ponto de partida é uma tradicional família de policiais que se orgulha do ofício. André (Cauã) segue os passos do pai, Saulo (Jackson Antunes), que se aposenta com toda honra e respeito dos integrantes da corporação. Já Alexandre (Alejandro Claveaux), o irmão, alcançou o posto de delegado, apesar de jovem. A trama se desenvolve depois que André assume o comando de uma delicada operação, sem imaginar que uma traição vai tirar todo o equilíbrio familiar e afetará sua moral profissional. Depois de ter sua vida totalmente modificada, ao ser preso injustamente, ele se vê livre novamente, mas é expulso da corporação e visto como um criminoso. O rapaz se isola, até que Lopes (Ailton Graça) sugere que ele use suas habilidades de investigador, trabalhando como caçador de recompensas. Ele assume o novo trabalho e tenta também provar sua inocência. André se envolverá com a cunhada Kátia (Cleo Pires), com quem protagonizará cenas quentes. Já Marinalva (Nanda Costa), ex-prostituta que se torna evangélica, é filha de policial e ajudará André na busca pela justiça. Detalhe: o ex-policial carrega no corpo 14 tatuagens, espécie de símbolos que representam a transformação dele depois de sua temporada na cadeia. Com estreia marcada para 11 de abril, O caçador é criação de Marçal Aquino, Fernando Bonassi e José Alvarenga.

PROGRAMA DE DANILO
GENTILI É O PREFERIDO


Internautas que responderam à enquete do site NaTelinha: “o que você achou do The noite com Danilo Gentili?”  elegeram o programa do SBT/Alterosa como o preferido. Com 15.607 votos, a grande maioria (78%) disse que a nova atração é excelente. Em segundo lugar, com 16,74%, os internautas escolheram a opção “razoável”, enquanto 3,5% dos votos disseram que é “muito bom”. Apenas 1,75% dos votos foram destinados para a opção “ruim”. O The noite tem superado os concorrentes, caso do também recém-lançado Agora é tarde, que Gentili apresentava na Band e agora é comandado por Rafinha Bastos, e do já tradicional Programa do Jô (Globo), que reestreou na segunda-feira.

CONFIRA O QUE VEM AÍ EM
EPISÓDIO FINAL DE SÉRIE


Craig Thomas, produtor da série How I met your mother, revelou, em entrevista ao site TV Guide, alguns detalhes do episódio final. O início será logo depois do casamento de Barney (Neil Patrick Harris) e Robin (Cobie Smulders), repassando o que aconteceu com o grupo de amigos entre maio de 2013 até 2030. É que Ted (Josh Radnor) estará contando a história para seus filhos. Será destacado, ainda, o momento em que Ted conhece a mãe de seus filhos e
é revelado o nome dela. Para Thomas, os últimos minutos do episódio prometem, pois tudo saiu como foi planejado e algumas cenas foram gravadas em 2006, quando os atores que interpretam os filhos de Ted ainda não haviam crescido. A série é exibida no Brasil no canal Fox (TV paga).

MÃO DOURADA É TUDO
QUE VALE PARA VILÃO


Os fãs de Games of Thrones se lembram: na terceira temporada da série, o vilão Jaimie Lannister (Nikolaj Coster-Waldau) teve sua mão decepada. Agora, na quarta temporada, que vai estrear simultaneamente no Brasil e nos Estados Unidos, em 6 de abril, na HBO (TV paga), ele aparecerá usando uma mão dourada. Promete.

“NOÉ” NO BRASIL

O ator Russell Crowe, protagonista do longa-metragem Noé, desembarcou no Brasil, ontem, para lançar o filme. A primeira parada foi o Rio de Janeiro. Instalado em um hotel em Ipanema, Crowe surgiu na sacada e ficou um tempo apreciando a vista da cidade, enquanto fumava um cigarro. Dirigido por Darren Aronfsky, o filme relata a passagem bíblica em que, a pedido de Deus, um homem, Noé, construiu uma arca e salvou sua família e animais do dilúvio que acabou com o mundo. Russell Crowe fez campanha nas redes sociais para que o papa Francisco assistisse ao filme. Mas ainda não teria obtido resposta.

VIVA
Negra Li, muito bem, e Rafinha Bastos, no Agora é tarde, anteontem, na Band. O apresentador soltou a voz com a cantora e não fez feio.

VAIA
Repeteco de piada sobre a palavra “ensino”, grafada com “c” no uniforme escolar do Distrito Federal, no Agora é tarde e no The noite. Não pode.

MEMÓRIA » Pery que o mundo ouviu‏ - Otacílio Lage

MEMÓRIA » Pery que o mundo ouviu 
 
Selo Discobertas lança pacote com sete álbuns do cantor, gravados entre 1967 e 1972, que representam carreira internacional de sucesso nos Estados Unidos, México e Japão 
 
Otacílio Lage
Estado de Minas: 21/03/2014


Pery Ribeiro veio a Belo Horizonte em outubro de 2002, para prestigiar espetáculo sobre a mãe, a cantora Dalva de Oliveira (Marcos Vieira/EM/D.A Press)
Pery Ribeiro veio a Belo Horizonte em outubro de 2002, para prestigiar espetáculo sobre a mãe, a cantora Dalva de Oliveira

Um ano depois de lançar a primeira caixa – produção entre 1961 e 1966 – para lembrar a morte do cantor Pery Ribeiro, ocorrida no Rio de Janeiro em fevereiro de 2012, a gravadora Discobertas, para marcar o segundo aniversário dessa perda inestimável para a música popular brasileira, manda às lojas outro box de sete álbuns, Pery internacional (1937-2012), abrangendo o período de 1967 a 1972 da carreira do artista. São álbuns gravados no Brasil, Estados Unidos, México e Japão, uma verdadeira raridade. A edição documenta uma fase em que Pery buscou, no exterior, dar maior visibilidade à sua carreira.

O primeiro disco, Gemini V en Mexico (1967), traz Pery, Leny Andrade e o Bossa Três – Luiz Carlos Vinhas (piano), Octavio Vailly Jr. (contrabaixo) e Ronie Mesquita (bateria) – interpretando composições como Samba de verão (Marcos Valle), Reza e Último canto (ambas de Edu Lobo e Ruy Guerra), Tristeza (Haroldo Lobo), O pato (Jayme Silva e Neusa Teixeira) e Rosa morena (Dorival Caymmi). No álbum Pery (1968), o cantor, acompanhado do Primo Quinteto, brilha em Máscara negra (Zé Ketti), Na Baixa do Sapateiro (Ary Barroso), Água de beber (Tom Jobim e Vinicius de Moraes), Corcovado (Tom Jobim), Arrastão (Edu Lobo e Vinicius). Há três bônus: The girl from Ipanema (Tom e Vinicius), Quiet Nights (Tom) e And roses and roses (Dorival Caymmi).  Bossa Rio (1968), produzido originalmente por Sergio Mendes, traduz Pery Ribeiro nos EUA: Por causa de você, menina (Jorge Bem), Canção do sal (Milton Nascimento), Wave (Jobim), Day by day (Sammy Cahn, Axel Stordahl e Paul Weston) e Gentle rain (Luiz Bonfá).

Em Alegria/Bossa Rio (1969), a coletânea é enriquecida com Zazueira (Jorge Ben), Andança (Dorival Caymmi, Eduardo Souto Neto e Paulinho Tapajós), Mustang cor de sangue (Marcos e Paulo Sérgio Valle) e Don’t do breaking my heart (Burt Bacharach e Hal David). Marcado pela bossa nova, da qual foi um dos mais destacados intérpretes, Pery Ribeiro assume a função de crooner requintado em um dos melhores discos da caixa: Bossa Rio/Live in Japan (1970). Acompanhado pela voz de Gracinha Leporace e pelo grupo, Pery dá o seu recado desde Osaka, no Japão, em canções como Canto de Ossanha (Baden Powell e Vinicius de Moraes), Irene (Caetano Veloso), Eleanor Rigby, come and get it e Blackbird (John Lennon e Paul McCartney) e Far away (Octavio Bailly Jr. e Lani Hall).

No CD Pery Ribeiro (1971) destacam-se as composições O que faço para te esquecer e Pra você (Silvio César), Canto puro amor (Tito Madi), Coisas (Taiguara), Praça Onze (Herivelto Martins e Grande Otelo), Agora (Ivan Lins e Ronaldo M. de Souza) e Vida ruim (Catulo de Paula). Em Pery Ribeiro (1972), o cantor procura aproximar-se da música que se fazia no Brasil de então. Expande seu repertório contemporâneo gravando gente nova da época: Dois animais na selva suja da rua (Taiguara), Morte do amor (Antônio Carlos e Jocafi) e as autorais Metades (parceria com Gerson) e Canto livre (parceria com o pai, Herivelto Martins).

A produção é de Marcelo Fróes, com remasterização de Ricardo Carvalheira. Esta é a primeira vez que esses discos são lançados em CD no Brasil, com as capas reproduzindo as artes originais dos LPs. Encartes com textos e fotos acompanham as edições. O preço médio da caixa é R$ 150.





ANOS 60 Há um ano, a gravadora Discobertas lançou a caixa, com sete CDs, Pery Ribeiro anos 60, para lembrar um ano da morte do cantor. A coletânea, primorosa, indispensável, reuniu os álbuns Eu gosto da vida (1961) – Vou me aposentar do meu amor (Paulo Tito e Ricardo Galeno), Até quando (Marino Pinto e Vadico), Cantiga de quem está só (Evaldo Gouveia e Jair Amorim) –, Pery Ribeiro e seu mundo de canções românticas (1962) – Meu nome é ninguém (Luiz Reis e Haroldo Barbosa), Caminhemos (Herivelto Martins), Alguém como tu (José Maria de Abreu e Jair Amorim) –, Pery é todo bossa (1963) – Só eu sei (Tito Madi), Samba de uma nota só (Tom Jobim e Newton Mendonça), O barquinho (Roberto Menescal e Ronaldo Bôscoli) –, Pery muito mais bossa (1964) – Berimbau (Baden Powell e Vinicius de Moraes), Feio não é bonito (Carlos Lyra e Gianfrancesco Guarnieri), Moça da praia (Roberto Menescal e Lula Freire) –, Pery (1965) – Carinhoso (Pixinguinha e João de Barro), Enquanto a tristeza não vem (Sérgio Ricardo) –, Show da boate Porão 73 – Preciso aprender a ser só (Marcos e Paulo Sérgio Valle), Consolação (Baden Powell e Vinicius); A felicidade (Tom Jobim e Vinicius), e Encontro Pery + Bossa Três (1966) – Olê olá (Chico Buarque), Tristeza (Haroldo Lobo e Niltinho). Ao todo, são 99 músicas.
Família musical e polêmica









Pery Ribeiro, nascido Peri Oliveira Martins, no Rio de Janeiro, em 27 de outubro de 1937, morreu aos 74 anos, vítima de um infarto, quando tratava de uma endocardite em um hospital de Vila Isabel. Era filho da cantora Dalva de Oliveira (1917-1972) e do cantor e compositor Herivelto Martins (1912-1992), casal que entre brigas, separações e reatamentos contribuiu muito para a música popular brasileira. Dalva  com sua voz diferenciada, e Herivelto com suas letras emblemáticas, como Caminhemos, Camisola do dia, Isaura, Ave-maria do morro e Atiraste uma pedra, algumas delas em parceria com David Nasser.

Pery iniciou a carreira artística aos 3 anos, quando fez a dublagem do anão Dengoso em filmes de Walt Disney ao lado da mãe, que interpretava a Branca de Neve. Aos 5, em 1942, participou de It’s all true, o filme inacabado de Orson Welles, filmado no Brasil. Em 1959, trabalhando na TV Tupi como operador de câmera, foi convidado para participar do programa de Paulo Gracindo, na Rádio Nacional. Assumiu, então, o nome artístico de Pery Ribeiro, seguindo sugestão de César de Alencar. Ainda em 1960, gravou seu primeiro disco, um compacto, com a canção Sofri você (Ricardo Galeno e Paulo Tito), entre outras.

Em 1961, gravou Manhã de carnaval e Samba de Orfeu (ambas de Luiz Bonfá e Antônio Maria), seguindo-se a primeira versão comercial de Garota de Ipanema (Tom Jobim e Vinicius de Moraes). Lançou 32 álbuns, sendo 12 discos dedicados à bossa nova. Desenvolveu trabalhos mais jazzísticos, ao lado de Leny Andrade, viajando pelo México, Japão, Europa e Estados Unidos, onde atuou também ao lado do conjunto de Sérgio Mendes, de 1966 a 1970. Entre os 50 troféus e 12 prêmios que ganhou destacam-se o Roquette Pinto, o Chico Viola e o Imprensa. Foi apresentador de programas de televisão e participou de alguns filmes no cinema nacional.

Em 2012, a revista Rolling Stone Brasil declarou-o número 64 entre os 100 melhores cantores do Brasil. Para a revista, ele "foi, possivelmente, o cantor mais subestimado do Brasil, apesar de ele ter se tornado uma das principais vozes da bossa nova". De fato, técnica, afinação, gosto apurado, inteligência musical: Pery tinha tudo isso de sobra e cantava todos os estilos. Ele tinha cinco irmãos: um de pai e mãe (Ubiratan), três por parte de pai (Fernando, Yaçanã e Herivelto Jr.) e uma irmã adotiva, por parte de mãe. Pery teve dois filhos: Paula, do primeiro casamento, com Tereza, e Bernardo, do casamento com Ana Duarte. Morou durante 10 anos com a segunda família em Miami, na Flórida, retornando em 2007 para o Rio de Janeiro.

Cientistas identificam proteína que aumenta imunidade contra HIV

Anticorpo aumenta imunidade contra HIV 
 
Cientistas identificam proteína que faz com que as células de defesa do corpo neutralizem mais estruturas infectadas pelo vírus da Aids. A IgG3 poderá ser usada em vacinas eficazes 
 
Bruna Sensêve
Estado de Minas: 21/03/2014


Até hoje, apenas um ensaio de vacina em humanos contra o HIV, nomeado RV144, foi capaz de demonstrar algum grau de eficácia. Também conhecido como o ensaio tailandês, esse experimento combinou dois imunizantes que falharam por conta própria. A vacinação na Tailândia se deu ao longo de 24 semanas, em 2003. Em seguida, foram testados os níveis de infecção para o HIV até julho de 2006. O relatório inicial mostra que a taxa de infecção pelo vírus entre os voluntários que receberam a vacina experimental foi 31% menor do que a taxa em voluntários que receberam o placebo. O dado animou médicos e infectologistas do mundo todo, que começaram a buscar explicações para o fenômeno. Agora, dois grupos de pesquisadores norte-americanos relatam ter chegado a uma resposta inédita que pode ajudar no desenvolvimento de uma imunização eficaz e de longa duração contra o patógeno causador da Aids.

A chave, detalhada em dois estudos divulgados na revista Science, está na comparação dos resultados alcançados na Tailândia com um ensaio clínico anterior, chamado VAX003, que falhou em mostrar qualquer eficácia, apesar dos níveis mais elevados do que o RV144 de outros tipos de anticorpos específicos para o HIV. A equipe da pesquisadora Nicole Yates, do Instituto de Duke de Vacinas Humanas, descobriu que, entre o mix de respostas de anticorpos, apenas um se destacou. Os indivíduos que receberam a vacina tailandesa protetora eram mais propensos a ter a proteína IgG3 específica para o HIV em comparação aos indivíduos dos testes da vacina que falhou completamente. A IgG3 é uma imunoglobina conhecida por proteger contra a malária e outras doenças infecciosas.

As duas estratégias a que os pesquisadores tiveram acesso – a RV144 e a VAX003 – estavam voltadas à mesma região do vírus, conhecida como proteína do envelope do HIV. Trata-se da membrana que envolve o patógeno. Eles se perguntaram a razão da existência de diferença na resposta imunitária das vacinas. Como era possível detectar quais foram os anticorpos produzidos por ambas as tentativas, a primeira hipótese analisada foi a dosagem dos subtipos de imunoglobina G (IgG). Professor da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo e vice-presidente da Sociedade Brasileira de Imunologia, Edécio Cunha Neto explica que esse é o principal anticorpo do sangue humano, e os subtipos dele se especializam em determinadas funções de proteção.

A IgG3, por exemplo, facilita a fagocitose e a livre destruição por complemento – dois processos sabidamente importantes para a destruição do HIV. Na fagocitose, a célula “engole” outro micro-organismo ou uma célula menor. Quando a IgG3 potencializa esse processo, faz com que as estruturas infectadas sejam engolidas e, portanto, neutralizadas. A importância de todo esse processo do sistema de defesa não é uma novidade na medicina. O fator que chama a atenção é como ele parece ser imprescindível para a proteção contra o HIV. “Até agora, ninguém sabia por que a vacina RV144 foi melhor que a VAX003. Existem diversas possibilidades e eles foram testando hipóteses.”

Para Cunha Neto, um dos líderes do estudo que desenvolve a vacina brasileira contra o HIV, ambos os estudos publicados hoje fazem pergunta científica semelhante e dosam a mesma substância no soro de pessoas que foram vacinadas com os dois imunizantes. A diferença entre os trabalhos está em pequenas variações na forma como avaliam a função da proteína IgG3 e em como ele está relacionado com uma resposta mais protetora – a partir de testes in vitro.

Segundo o infectologista Esper Kallas, depois da divulgação dos resultados dos ensaios RV144 e VAX003, vários pesquisadores fizeram buscas nos chamados “marcadores de proteção”, identificando alguns deles. Acredita-se que os anticorpos induzidos parecem ter sido capazes de conferir alguma proteção, uma vez que ambos os estudos apontam que anticorpos dirigidos contra uma parte do envelope do vírus estão associados com proteção. “Agora, fica a pergunta de quais são as repercussões de tais achados. Será que podemos aprimorar uma vacina que, mais especificamente, induza resposta contra essa porção específica do vírus? Se conseguirmos, tal vacina será eficaz?”. Kallas acrescenta que os trabalhos são resultado do esforço para entender o porquê do sucesso marginal da vacina que foi testada na Tailândia. “Será importante acompanhar a evolução desses achados, especialmente nos futuros estudos que devem começar em breve.”

Palavra de especialista
Alexandre Cunha,
diretor da Sociedade rasileira de Infectologia
Um novo caminho 
“Sempre que há uma des-coberta em ciência básica, que estuda as moléculas, inclusive em macacos e ratos, elas não se correlacionam diretamente com o efeito clínico em humanos. Então, especificamente para vacinas contra o HIV, há muitos anos, várias estratégias e substâncias são investigadas para alcançar uma boa imunização em humanos. Até agora, nenhum dos resultados foi bom, a eficácia é muito baixa. Claro que a descoberta de uma molécula muito promissora dá mais um caminho para novas pesquisas, mas é leviano dizer que ‘agora vai’. É mais uma tentativa que, talvez, se reverta em algo realmente útil, mas, enquanto não tivermos estudos em humanos não podemos afirmar nada.” 

Carlos Herculano Lopes - Sobre onças‏

Sobre onças

Carlos Herculano Lopes
Estado de Minas: 21/03/2014


Nascido no Vale do Rio Doce, onde vivi até a adolescência, cresci ouvindo histórias sobre onças. Meu pai, que quando criança costumava acompanhar a tropa de burros do meu avô, numa jornada de Coluna até Diamantina levava sete dias, contava muitas delas. Algumas de arrepiar os cabelos, como da vez em que uma suçuarana (vá acreditar!) chegou a arrastar o couro no qual dormia. “Era uma bicha enorme, pesava mais de 100 quilos, vocês precisavam ver que situação...”, dizia para mim e minhas irmãs, sempre à noite, antes de irmos para a cama. Os pesadelos eram inevitáveis.

Histórias outras, que envolviam os eternos embates das onças com o coelho (esse sempre levava vantagem pela sua esperteza), também eram frequentes. Ouvi-las era uma espécie de encantamento. No fim dos anos de 1960, quando vim para Belo Horizonte de caminhão com meus tios, passando pela Serra do Cipó, num determinado momento da travessia, para a nossa surpresa, uma delas pulou no meio da estrada, nos proporcionando uma visão da qual – tanto tempo passado – ainda não me esqueci.

Anos depois, já com alguns livros publicados, quando fui a Carajás, no interior do Pará, na companhia do cartunista Mário Vale, para falar aos alunos do Colégio Pitágoras, outra imagem inesquecível: em um zoológico natural mantido pela Vale do Rio Doce (obviamente, protegido por grades), fiquei a menos de um metro de distância de uma onça negra, enorme. Gritava, batia palmas, mexia na cerca e ela nada. Apenas me olhava, dentro dos olhos, majestosamente, com a pontinha do rabo balançando.

Se estou contando tudo isso é também para dizer que, recentemente, recebi correspondência de Adalton Barbosa, secretário de Agricultura e Meio Ambiente de Coluna. Nela, ele diz que as onças, sobretudo as suçuaranas, voltaram a aparecer com frequência nas imediações na cidade, em torno das matas que fazem limite com Frei Lagonegro, na comunidade do Pasmado. É um corredor natural, que leva ao Parque Estadual da Serra Negra, na vizinha Itamarandiba. “Devido ao desmatamento, elas estão atacando os rebanhos na região e já mataram dezenas de animais”, relata.

Dia desses, no Facebook, numa outra mensagem postada pelo secretário, ele volta a falar desses felinos, que precisam, para sobreviver, de um território de cerca de 60 quilômetros: Numa fotografia feita na estrada que passa por Itamarandiba, vê-se uma linda suçuarana morta. Igualzinha àquelas das histórias que meu pai contava. Talvez tenha sido atropelada ou foi vítima de algum caçador. Uma pena.