quinta-feira, 17 de julho de 2014

Marca-passo biológico

Cientistas conseguem regular a frequência cardíaca de porcos injetando neles uma solução de genes. A terapia será testada em humanos até 2017 e tem potencial de uso até mesmo em fetos


Isabela de Oliveira
Estado de Minas: 17/07/2014



A cada ano, 300 mil marca-passos são colocados no coração de pacientes em todo o mundo. Os custos globais com o dispositivo que regula a frequência do órgão vital não custam menos que US$ 8 bilhões. Embora funcione bem, o aparelho está longe de ser universal: nem sempre chega às populações de baixa renda e não pode ser usado em alguns grupos de pacientes, como fetos com problemas cardíacos congênitos. Por isso, cientistas tentam desenvolver métodos mais acessíveis e que dispensem as violentas intervenções cirúrgicas necessárias para o implante de um coração eletrônico. Alguns buscam a solução para o problema dentro do próprio corpo humano.

Nesse sentido, resultados da tentativa mais recente de inovar no tratamento de disritmias cardíacas foram publicados na edição de ontem da revista Science Translational Medicine. Os pesquisadores do Instituto do Coração Cedars-Sinai, em Los Angeles, nos Estados Unidos, descobriram um “marca-passo biológico” que poderá funcionar como uma alternativa ao equipamento tradicional. A equipe liderada pelo taiwanês Yu-Feng Hu apostou no gene TBX18 para reverter os defeitos da máquina humana.

O alvo dos cientistas era o bloqueio cardíaco completo, uma doença caracterizada pelo descompasso dos batimentos do órgão vital. “Queríamos um modelo que fosse clinicamente realista, mas minimamente invasivo e que pudesse servir como um projeto inicial que pavimente ensaios clínicos com pacientes”, conta Yu-Feng Hu. O principal autor descreve, no estudo, que há uma pequena área do coração que é altamente especializada na tarefa de fazê-lo bater: o nódulo sinoatrial.

A região é o motor que faz as câmaras musculares bombear o sangue pelo corpo. Quando essa parte da engenharia cardiovascular falha, o órgão pode bater muito lentamente ou parar de pulsar por completo. Uma série de experimentos com porcos, animais com características genômicas semelhantes às dos seres humanos, revelou que o TBX18 tem capacidade de transformar as células normais do coração em células especiais do nódulo sinoatrial. Os resultados da injeção do gene nas cobaias apareceram poucos dias após o procedimento, e o coração dos suínos funcionou no ritmo normal por até duas semanas sem o auxilio do dispositivo eletrônico.

Sem dor Eugenio Cingolani, coautor do estudo, acredita que a ação do TBX18 no coração poderá ser de valor inestimável para duas categorias de pacientes que precisam urgentemente de um marca-passo, mas que não podem receber o dispositivo. O primeiro grupo é o de fetos que têm problemas cardíacos congênitos. Não é possível colocar o dispositivo tradicional nesses bebês, que, em decorrência dos problemas, correm o risco de morrer ainda na barriga da mãe.

Outra aplicação potencial envolve adultos que dependem do dispositivo, mas que desenvolveram infecções graves após a implantação dele e, por isso, precisam removê-lo. “Nessas pessoas, esperamos usar injeção de TBX18 como uma espécie de ponte para permitir que elas sobrevivam tempo suficiente sem o marca-passo até que as infecções sejam curadas e os aparelhos sejam instalados definitivamente”, diz o especialista.

O melhor da técnica é que não é preciso abrir o tórax, o que geralmente é feito em procedimentos cardíacos, para injetar o gene. Além disso, o sucesso do tratamento pode ser medido apenas com um monitor cardíaco. “É preciso verificar a eficiência do tratamento em longo prazo e se ele apresenta toxidade aos pacientes. Esperamos iniciar os testes em humanos dentro de três anos”, prevê Cingolani.

Sequenciamento

Em 2012, cientistas da Universidade de Wageningen (Holanda) e do Instituto Roslin, da Universidade de Edimburgo (Reino Unido), sequenciaram o genoma dos porcos e mostraram que eles são mais parecidos com os humanos do que se imagina. Segundo o estudo, publicado na revista Nature, os animais partilham conosco pelo menos 112 mutações do DNA ligadas a uma variedade de doenças, como Parkinson e Alzheimer. O sequenciamento também mostrou que os suínos sofrem de defeitos genéticos responsáveis por enfermidades humanas como obesidade, diabetes e dislexia. Na época, os pesquisadores assinalaram que estudos mais aprofundados podem levar a novos tratamentos para combater doenças devastadoras que ameaçam a vida humana. 

Palavra de especialista
Gustavo Lacerda,
coordenador do setor de Arritmia e Eletrofisiologia do Instituto Nacional de Cardiologia (INC)

Eficazes, mas caros
O marca-passo e os dispositivos de estimulação cardíaca artificial são empregados em cardiologia desde a década de 1950. Eles são muito eficazes e, quando bem indicados, são capazes de melhorar a qualidade de vida e de aumentar a sobrevida de diversos pacientes portadores de distúrbios do ritmo cardíaco. No entanto, têm alto custo e só devem ser implantados por médicos experientes e altamente treinados. Por esse motivo, em muitos países subdesenvolvidos, os pacientes candidatos a implante de marca-passo não são beneficiados. O esforço para encontrar alternativas ao marca-passo é justificado mesmo nos países em que o custo do aparelho não é um fator limitador. Como todo dispositivo eletrônico, eles dependem de uma bateria, que dura em torno de sete a oito anos. Quando esgotada, o paciente precisa ser submetido a uma nova cirurgia para a troca da unidade geradora do aparelho. Além disso, o marca-passo é uma prótese e, embora não exista risco de rejeição, sempre há o perigo de uma infecção da prótese, uma complicação rara mas potencialmente grave. 

TeVê

TV paga

Estado de Minas: 17/07/2014



 (Discovery/Divulgação)
O valente treme-treme

Para algumas coisas Jeremy Wade é valentão, encara a situação de peito aberto. Mas em determinadas condições ele arrega bonito. O que os fãs estão torcendo é que ele tome mais coragem este ano, na nova temporada de Monstros do
rio (foto),que estreia hoje, às 21h30, no Dicovery. Biólogo e pescador, ele passou um ano viajando na selva para investigar relatos que ligam seres de água doce a mortes de pessoas. A Amazônia, logicamente, é um dos destinos do cidadão. E começa no Pará, em pleno Rio Amazonas.

A amizade entre homem
e cão vem de longa data


Um amor pra vida toda é o titulo do documentário que o NatGeo reservou para hoje, às 22h30. A produção mostra a relação entre homens e cães desde o início dos tempos. A história parte de dois grupos: um de lobos, do qual evoluiu o cachorro; e o de humanos, no qual os animais foram aceitos como companheiros de trabalho, guardiões e, por fim, amados membros da família.

Aventureiros exploram
novas grutas no Peruaçu


No episódio de hoje de Grutas e cavernas, às 22h, no canal Off, Rodrigo Figueiredo e Rodrigo Thomé continuam no Norte de Minas, com a expedição ao Parque Nacional Cavernas do Peruaçu, que ainda está fechado a visitações públicas. Eles vão para a Gruta Bonita, a caverna com a maior variedade de espeleotemas da região. O ponto alto é o Salão Vermelho, com um piso todo avermelhado. No caminho, passam pela Gruta dos Índios, repleta de pinturas rupestres. No mesmo canal, às 22h30, vai ao ar o último episódio de Noronha por elas.

Documentário do Curta!
traça o perfil de escritor


Um documentário sobre o escritor francês Victor Hugo, autor do clássico Os miseráveis, é o destaque de hoje do canal Curta!, às 23h05. No Futura, Estrelas mudam de lugar, de Sussana Lira, está no Sala de notícias, às 14h35; e às 20h vai ao ar Futebol no bairro El Vallado, na série Cores do futebol; fechando com a arte do grafite na série de curtas-documentários Proibido afixar, em Mundo.doc, às 22h.

Cultura resgata drama
clássico de William Wyler


O drama Tarde demais, dirigido por William Wyler, com Olívia de Havilland e Montgomery Clift, é o longa-metragem em cartaz hoje, no Clube do filme da Cultura, às 22h. No mesmo horário, o assinante tem oito opções: A terra ultrajada, no Max; Cabo do Medo, no MGM; O profissional, no TCM; Cassino, no Studio Universal; O voo da Fênix, no Telecine Action; Pequeno problema, megaconfusão, no Telecine Fun; Temporada de caça, no Telecine Pipoca; e A árvore da vida, no Telecine Cult. Outras atrações da programação: Cidade Baixa, às 21h30, no Arte 1; e Elektra, às 22h30, no FX.


CARAS & BOCAS » Adeus, Don Juan
Simone Castro

Laerte (Gabriel Braga Nunes) encerra carreira de conquistas e morre no último capítulo de Em família (Ellen Soares/TV globo)
Laerte (Gabriel Braga Nunes) encerra carreira de conquistas e morre no último capítulo de Em família
Diante de tanta cegueira de Luísa (Bruna Marquezine), já deu para perceber que a jovem subirá ao altar com Laerte (Gabriel Braga Nunes), no último capítulo de Em família (Globo). Mas, na saída da igreja, o noivo levará um tiro disparado por Lívia (Louise D’Tuani), a pianista que o acompanha e que foi seduzida pelo músico. Ela vai ouvi-lo chamá-la de “romântica bobona” e se sentirá muito humilhada. Assim, vai mandá-lo desta pra melhor sem pensar duas vezes. A cena promete. Laerte, caído numa poça d’água, gravemente ferido, vai olhar para o rosto de cada uma de suas mulheres: Helena (Júlia Lemmertz), Luiza, Shirley (Viviane Pasmanter), Verônica (Helena Ranaldi) e Lívia, que terão flashbacks dos melhores momentos que viveram com o músico. O mais incrível será a reação de Selma (Ana Beatriz Nogueira), que fará o sinal da cruz e perguntará a Chica (Natália do Valle) quem é o moço que morre ali na rua. O personagem, segundo o autor Manoel Carlos, sofre da síndrome de Don Juan, ou dom-juanismo, e não consegue deixar de ser conquistador e o centro das atenções de várias mulheres. Depois de sua morte, a viúva Luiza irá com os pais para Paris. E terminará a trama sozinha. Helena e Virgílio (Humberto Martins) jurarão amor eterno. Bom, o autor sempre pode mudar de ideia no final. O destino de outros personagens também está selado. Verônica dará à luz uma menina, filha de Cadu (Reynaldo Gianecchini), e Sílvia (Bianca Rinaldi) e Felipe (Thiago Mendonça) terão um filho. Shirley passará o tempo viajando pelo mundo. Em determinado momento, alguns personagens se reencontrarão em um concerto de Leto (Rony Kriwat). Juliana (Vanessa Gerbelli) termina apenas com os filhos, longe de Nando (Leonardo Medeiros) e de Jairo (Marcello Melo Jr.). André (Bruno Gissoni) saberá que Branca (Ângela Vieira) é sua verdadeira mãe, mas ela negará. Clara (Giovanna Antonelli) e Marina (Tainá Müller) festejam a união e Chica (Natália do Valle), que decidiu morar em Miami com Ricardo (Herson Capri), reunirá, nas últimas cenas da novela, toda a família para festejar.

CONFIRA OS DESTAQUES DE
HOJE DO JORNAL DA ALTEROSA


Veja no Jornal da Alterosa 1ª edição desta quinta-feira: agentes denunciam desmandos, peculato e assédio moral por parte da direção do Sistema Penitenciário do estado. E mais: o agente preso, acusado de dopar os colegas e roubar armas da Central de Escoltas, continua nos quadros do funcionalismo público. Quatro meses depois do crime, colegas temem que ele volte para o serviço. No ar às 12h40, na TV Alterosa.

MÚSICA DOS ANOS 1950 PODE
EMPLACAR PROGRAMA NO SBT


Alexandre Frota pode comandar um novo programa no SBT/Alterosa. Ele escreve, em parceria com Yoya Wursh, um musical, ambientado nos anos 1950, batizado de Broto legal, com jovens atores. Seria um resgate da boa música da época, além do comportamento da juventude, transportada para os dias de hoje. O projeto ainda está em avaliação e não dispõe de mais detalhes.

FANTÁSTICO ESTREIA QUADRO
COM O CANTOR MICHEL TELÓ


Está previsto para domingo a estreia de mais um quadro do Fantástico (Globo). Trata-se de Bem sertanejo, comandado por Michel Teló. Além de cantar, ele vai receber um artista para falar sobre a música sertaneja no cenário nacional. Entre os convidados estão Paula Fernandes, Sérgio Reis, Luan Santana, Zezé di Camargo e Luciano. A estreia é com a dupla Jorge e Mateus.

BÊNÇÃO DO REI

A personagem Duda, vivida por Sophie Charlotte, em O rebu (Globo), canta, em uma das primeiras cenas do remake, que estreou na segunda-feira, a música Sua estupidez, de Roberto e Erasmo Carlos. De acordo com o site oficial da novela, ao saber da escolha da música a própria atriz decidiu pedir, ela mesma, autorização a Roberto Carlos para cantá-la. “Foi o máximo! Eu, o Zé (José Villamarim, diretor), a Patrícia (Pillar) e outras pessoas sabíamos que essa música seria muito importante no primeiro capítulo para contar uma história. Sua estupidez se encaixava perfeitamente, mas precisávamos da autorização. Então, escrevi uma carta ao Roberto Carlos explicando como era importante para a trama a letra e a melodia e pedindo sua autorização. Ele a recebeu e, dias desses, me ligou. Eu estava no supermercado. Foi uma emoção muito grande!”, conta a atriz. Sophie lembra os detalhes: “Ele simplesmente chegou e falou: ‘Eu poderia falar com a Sophie?’. O Roberto ficou muito feliz e me falou que Sua estupidez estava liberada. Agradeci a generosidade. Pedi para ele assistir, passei a data, tudo certinho.” Na cena, Duda, aos prantos, canta a música para o ex-namorado, Bruno (Daniel de Oliveira). Encarar o microfone foi para a atriz um desafio e “a minha grande alegria”.

VIVA
Cena de Nando (Leonardo Medeiros) e Bia (Bruna Faria) na trama de Em família, depois que o advogado descobriu que é pai da menina. Aliás, foi a primeira vez que ouvimos a voz da criança, justamente quando ela pede que o pai não chore.

VAIA
De antemão, pode-se afirmar que fica uma decepção muito grande pelo fato de Helena (Júlia Lemmertz) e Laerte (Gabriel Braga Nunes) pouco terem contracenado pra valer, como um ex-casal apaixonado, na novela Em família. 

Duas semanas de agonia

Vizinhos do viaduto Batalha dos Guararapes, na Avenida Pedro I, relatam insegurança após queda de estrutura. Da janela, acompanham as obras e convivem com barulho e tremores

Pedro Ferreira
Estado de Minas: 17/07/2014


Caminhão que ainda estava debaixo do viaduto foi retirado ontem: dois veículos da obra, além de um ônibus e um carro, foram atingidos na queda (Ramon Lisboa/EM/D.A Press    )
Caminhão que ainda estava debaixo do viaduto foi retirado ontem: dois veículos da obra, além de um ônibus e um carro, foram atingidos na queda




Da janela do apartamento onde mora, ao lado do viaduto que desabou na Avenida Pedro I, a dona de casa Juscilane Martins, de 33 anos, observa os trabalhos de remoção dos escombros e a sustentação da outra alça que permanece em pé. Para ela, hoje completam duas semanas de desespero, tormento e insegurança. Denuncia que as paredes do quarto apresentaram trincas depois do acidente que matou duas pessoas e feriu 23 e que a bancada em mármore do banheiro rachou em três partes. “Não houve nenhuma vistoria interna para assegurar se estamos realmente em segurança. Desde sexta-feira, a Defesa Civil Municipal promete a vistoria dentro dos apartamentos e não comparece”, reclama.

Juscilane disse conviver com o medo o tempo todo. “Eles ligam o trator lá fora, o prédio treme todo. O barulho é insuportável”, disse. Os filhos de 3 e 6 anos também estão assustados e incomodados com o barulho, segundo ela. “Estou tomando remédio para dormir. As crianças acordam de madrugada assustadas. Meu menino está tendo crise de vômitos depois da queda do viaduto”, disse a dona de casa. “A sensação é de que a gente está dentro de um elevador o tempo todo quando as máquinas estão trabalhando”, comparou.

A dona de casa conta que certa vez chegou a colocar um copo d’água na mesa para acompanhar a trepidação do prédio. “A água até derramou do corpo”, disse. Ela reclama que ainda não recebeu os protetores auriculares da empresa responsável pela construção do viaduto, recomendados pela Defesa Civil. “Meu menino de 3 anos não dorme mais depois do almoço. Ele acorda 6h para ir à escola e costumava dormir à tarde”, disse.

ÁREA DE LAZER As crianças do condomínio também estão impedidas de brincar no pátio do prédio. “Ficam presas no apartamento. Estamos todos estressados”, reclamou. O medo de Juscilane é que a alça que restou do viaduto está cada vez mais sendo escorada e ela interpreta como risco de desabamento. “Minha preocupação só aumenta. Eles têm que demolir isso de vez. Se esse viaduto for mantido em pé, vamos conviver com essa insegurança o tempo todo”, disse.

Juscilane disse que já pensou em vender o apartamento, mas acha difícil agora. “Até os inquilinos que estão deixando o prédio por medo. Ninguém mais vai querer comprar apartamento aqui”, disse. Outra reclamação dela é com a poeira. “Crianças que sofrem de bronquite estão sofrendo muito. Vivo com as janelas do meu apartamento fechadas. Se lavo roupa, elas ficam sujas e cheirando a poeira”, disse.

Outra preocupação dos moradores é que há várias nascentes no Parque Ecológico Lagoa do Nado, do outro lado da Avenida Pedro I, e o solo onde o viaduto foi construído e um dois pilares afundou 6 metros, pode não ser tão consistente.

Ontem à tarde, o último caminhão atingido na queda do viaduto foi retirado. A Cowan, empresa responsável pela obra, informou ontem que a vistoria cautelar foi iniciada à pedido da Defesa Civil e a previsão de duração é de 30 dias.

Eduardo Almeida Reis-Texto cebolinha‏

Ouço falarem de um plano diretor belo-horizontino que limita as vagas de garagem a uma por apartamento. É a velha história de fechar a porta depois da casa arrombada


Eduardo Almeida Reis
Estado de Minas: 17/07/2014





Cebolinho em Portugal e cebolinha por aqui, a planta Allium schoenoprasum tem sabor suave, não fede nem cheira como a cebola, Allium cepa, que faz chorar e tem inimigos como também muitos fãs, e o autor destas bem traçadas é um deles.

O caro, preclaro e pacientíssimo leitor deve ter notado que a cebolinha, apesar de inexpressiva, tem larga utilização culinária, assim como o texto cebolinha, inexpressivo, tolo e açucarado, sobrevive graças às panelinhas literárias em que se mete. Sem panelinha, o texto cebolinha não existe. Apandado na panelinha, sobrevive mal e porcamente. Como ninguém, a começar por mim, sabe o que significa o adjetivo apandado, aqui vai a explicação: inflado, enfunado, que se apandou.

Aposto que ninguém conhece, como este philosopho não conhecia, o significado de apandria: horror mórbido ao sexo masculino. Num país grande e bobo, muitas mulheres de prestígio cantante nas rádios e televisões sofrem de apandria e limitam seu relacionamento amoroso às parceiras apândricas.

Deve existir ligação genética entre a apandria e a aptidão para o sucesso profissional delas todas, que obram muitíssimo bem. O sexo masculino nunca foi flor que se cheire, como podem atestar todas as senhoras que sobreviveram aos casamentos mal-sucedidos, 999 em hum mil, como se escreve na formidável linguagem bancária.

Trânsito

Em França, a região da Aquitaine tem a Dordogne e o philosopho tem um amigo especializado em descobrir e repassar e-mails imensos, lindíssimos, sobre diversas regiões do planeta. Um dos últimos foi sobre o Départment de La Dordogne: é de embasbacar e nos remete a Belo Horizonte, capital de todos os mineiros.

Por quê? Ora, porque em cada esquina da Dordogne há uma construção, um castelo, uma ponte com muitas centenas de anos, além de obras e ruínas milenares, que me lembram as casas belo-horizontinas sem qualquer expressão histórica e/ou arquitetônica, jovens de 100 aninhos, preservadas pelo patrimônio histórico sabe-se lá por quê.

Disto resultam construções recentes nos fundos dos lotes mantendo aquelas bibocas de frente para as ruas e avenidas, nas quais já não há espaço para a circulação de veículos automotores. E prédios no centrão, como um que visitei, com 20 (vinte!) vagas de garagem para um só apartamento de cobertura e 6 (seis!) vagas por apartamento comum.

Escusado é dizer que o proprietário do apê de cobertura anda às voltas com a Polícia Federal e tudo vai terminar em águas de bacalhau, porque Minas, sem frente para o mar, é estado em que tudo termina em águas de bacalhau, peixe teleósteo gadiforme da família dos gadídeos (Gadus morrhua), dos mares frios do Hemisfério Norte, de grande importância comercial, que se vende geralmente seco e salgado.

Ouço falarem de um plano diretor belo-horizontino que limita as vagas de garagem a uma por apartamento. É a velha história de fechar a porta depois da casa arrombada. Sem transporte público decente e abundante, o trânsito de BH não tem solução. Nova York, que os puristas grafam Nova Iorque, tem metrô com 418 quilômetros de linhas e 468 estações; Londres tem 408 quilômetros e 275 estações. Quantos quilômetros de metrô tem a capital de todos os mineiros?
Nosologia

Como sabe o leitor, nosologia é o ramo da medicina que estuda e classifica as doenças. Se o sujeito vive tomando remédios, é nosomaníaco ou hipocondríaco. Esse último adjetivo ou substantivo entrou em nosso idioma no ano de 1660 do grego hupokhondriakós,ê,ón “doente dos hipocôndrios” e o hipocôndrio é cada uma das duas partes laterais e superiores do abdome, separadas pelo epigástrio.

Encucou-me o nosocômio, que, de brincadeira, utilizei dia desses em lugar de hospital. Fui procurar no Houaiss e descobri que o antepositivo nos(o)- do grego nósos, ou “doença”, ocorre em vocábulos já originalmente gregos, como nosocômio (nosokomeîon) e nosóforo (nosophóros), já em cultismos, preferentemente das biociências, do século 19 em diante, entre os quais: nosencefalia, nosencéfalo, nosocomial, nosocômico, nosocrático, nosoctonologia, nosoctológico, nosodendro, nosoderma, nosódio, nosodógnio, nosoeconomia, nosófito, nosofobia, nosofóbico, nosófobo, nosoftoria, nosogenia, nosogênico, nosogeografia, nosografar, nosografia, nosográfico, nosógrafo, nosologia, nosológico, nosologista, nosomancia, nosomania, nosomaníaco, nosomante, nosomicose, nosopoético, nosoterapia, nosotoxicose, nosotoxicótico. Nosomante é o sujeito que adivinha pela observação das doenças, donde se conclui que a nosomancia é maluquice gravíssima.

O mundo é uma bola

17 de julho de 180: doze habitantes de Scillium, Numídia, Norte da África, foram executados porque eram cristãos. É a primeira notícia sobre cristãos naquela região. Numídia foi o nome da atual Argélia e de uma parte da Tunísia. Em 1099, terceiro dia do massacre da população muçulmana de Jerusalém pelos cristãos da Primeira Cruzada, que conquistaram a cidade dois dias antes.
Em 1762, Catarina II se torna czarina da Rússia depois do assassinato de Pedro III. Em 15 palavras, você acaba de ter notícia de um fato que ainda hoje pode render milhares de livros. Sophie Friederike Auguste von Anhalt-Zerbst, imperatriz despótica russa de origem alemã, reinou como Catarina II, a Grande, entre 1762 e 1796.

Ruminanças

“Quando os selvagens da Luisiana querem ter frutas, cortam a árvore pela raiz e colhem o fruto. Eis o governo despótico” (Montesquieu, 1689-1755). 

Sanção contra a Rússia tira o brilho do Brics‏

Sanção contra a Rússia tira o brilho do Brics 
 
EUA e União Europeia anunciam fortes medidas para penalizar o país um dia depois dos representantes dos emergentes criarem banco próprio e declararem apoio ao presidente russo
 
Rosana Hessel e Grasielle Castro

O presidente da Rússia, Vladimir Putin, declarou que as sanções dos EUA vão causar graves danos às relações com os americanos (Ueslei Marcelino/Reuters)
O presidente da Rússia, Vladimir Putin, declarou que as sanções dos EUA vão causar graves danos às relações com os americanos

Brasília, Moscou, Bruxelas e EUA –Um dia depois de o Brics, grupo que reúne Brasil, China, Índia, Rússia e África do Sul, dar uma demonstração de força às potências ocidentais, criando um banco de desenvolvimento para competir com o Fundo Monetário Internacional (FMI), e de apoiar, explicitamente, o presidente russo, Vladimir Putin, na disputa com a Ucrânia, os Estados Unidos e a Europa reagiram.

O presidente norte-americano, Barack Obama, anunciou as mais duras sanções, até agora, contra a economia russa, mirando importantes empresas, como a Gazprombank e a Rosneft Oil, além de companhias das áreas de energia e defesa.

Washington tem aumentado constantemente as sanções financeiras contra a Rússia pelo que considera ser uma interferência de Moscou na vizinha Ucrânia e a anexação da Crimeia. Obama disse que os EUA poderiam impor novas punições se a Rússia não tomar medidas concretas para atenuar o conflito. O presidente russo, Vladimir Putin, que está em visita ao Brasil, disse em Brasília que precisava ver os detalhes das sanções para avaliar o que significam. Ele afirmou ainda que as sanções normalmente têm efeito bumerangue e que levarão a um beco sem saída. E destacou que “sem dúvida alguma neste caso, (as sanções) levam as relações entre russos e americanos a um impasse (e) causam graves danos”. “E estou convencido de que isso vai comprometer os interesses a longo prazo do Estado e do povo americanos.”

As empresas atingidas pelas sanções também incluem a segunda maior produtora de gás da Rússia, a Novatek, a Vnesheconombank, ou VEB, um banco estatal que atua como agente de pagamento para o governo russo, e oito empresas de armas. O Departamento do Tesouro dos EUA, que publicou as sanções na sua página na internet, disse que as medidas efetivamente suspenderam o financiamento em dólares a médio e longo prazos para os dois bancos e empresas de energia. Mas as sanções não congelam os bens dessas quatro companhias. “São significativas, mas também são destinadas e projetadas a ter o máximo impacto sobre a Rússia, mas ao mesmo tempo limitar qualquer impacto que possam causar em empresas norte americanas ou de nossos aliados”, disse Obama a jornalistas. As novas medidas foram anunciadas no mesmo dia em que os líderes da União Europeia reuniram-se em Bruxelas e concordaram em ampliar as suas próprias sanções à Rússia.

“Enfatizamos a nossa preferência para resolver esse problema diplomaticamente”, disse Obama. “Temos que ver ações concretas, e não apenas palavras, de que a Rússia, de fato, tem o compromisso de tentar acabar com este conflito.” Ele disse que a Rússia continuou a apoiar os separatistas no leste da Ucrânia, enviando combatentes e armas através da fronteira.

ARGENTINA A presidente Dilma Rousseff demonstrou solidariedade para com a Argentina, que perdeu a apelação contra a cobrança da dívida de US$ 1,3 bilhão por fundos norte-americanos na Corte Suprema dos Estados Unidos em junho. A chefe de governo considerou o tema importante e propôs que o assunto fosse levado ao G-20, grupo das 19 principais economias emergentes e desenvolvidas do planeta mais a União Europeia (UE), nos dias 15 e 16 de novembro em Brisbane, Austrália.

A presidente formalizou o apoio ao principal destino das exportações brasileiras de manufaturados durante suas considerações finais na segunda sessão de trabalhos da VI Cúpula do Brics – grupo integrado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul –, no Palácio do Itamaraty, de acordo com fontes palacianas. O encontro foi fechado à imprensa e reuniu os cinco líderes do Brics mais os chefes de Estado de 11 países da América do Sul.

Na abertura, Dilma destacou a criação do New Development Bank e do Arranjo Contingente de Reservas (CRA), anunciados em Fortaleza (CE), e fez questão de frisar que um dos pontos centrais do encontro do Brics foi “fortalecer a coordenação em prol de uma ordem internacional que favoreça nossos processos de desenvolvimento”. Ela ainda defendeu uma maior integração regional. “A América do Sul é uma região de extraordinária pluralidade e extraordinária riqueza. Nós, de fato, optamos por modelos políticos e econômicos diversificados, o que sempre faz com que tenhamos de exigir diálogo respeitoso e consensos cuidadosamente construídos”, disse Dilma antes de dar a palavra aos convidados.

A primeira a falar antes do almoço foi a presidente da Argentina, Cristina Kirchner. Ela reiterou suas queixas em relação aos fundos americanos. “Estamos pagando mais do que recebemos. A Argentina, por mais que a difamem e digam que não quer negociar, os únicos que não querem negociar são os fundos abutres que querem que lhes paguem por US$ 48 milhões, US$ 1,6 bilhões em seis anos”, disse Cristina. Ela negou que o país entrará em default. “A Argentina vai continuar pagando, vai continuar cumprindo com suas obrigações porque é um país solvente e porque está convencida de que deve honrar seus credores de forma justa, equitativa e global”, completou. A mandatária também sugeriu a criação de uma “ordem financeira global que permita o desenvolvimento sustentável e que seja justo e qualitativo”. Na saída, Cristina elogiou a reunião e afirmou que ela foi “excelente”.

Além de Dilma, todos os países sul-americanos demonstraram apoio em relação à situação da Argentina, de acordo com o presidente da Colômbia, Juan Manuel Santos. “(Essa situação) é irracional e insólita”, afirmou.

BANCO Todos os presidentes sul-americanos elogiaram a iniciativa dos países do Brics em criar o New Development Bank, no primeiro dia da Cúpula, anteontem. A instituição deverá ser lançada oficialmente em 2016, de acordo com as autoridades brasileiras, se não houver contratempos na aprovação dos recursos para o banco pelos congressos de cada país. Inicialmente, o capital da instituição será de US$ 50 bilhões, sendo dividido igualmente entre os países do grupo.

A Argentina, que foi convidada para ser observadora da reunião da capital cearense pela Rússia pode ser um dos primeiros a tomar empréstimo da instituição. Para Dilma, essa possibilidade não é descartada, desde não descartou a possibilidade de a Argentina ser um dos primeiros tomadores de empréstimo do banco do Brics, desde que “peça ajuda”. “O banco é uma boa ideia, mas é como se fosse uma vaca vai precisar comer muito para dar leite em 2017”, disse o presidente do Uruguai, José Pepe Mujica. “Quanto mais alternativas existem, melhor”, reforçou.

O encontro dos líderes terminou por volta das 17h sem declarações oficiais ou atos concretos. 

Educação e produtividade‏

Educação e produtividade
A união da engenharia com a gestão vem colaborar significativamente para o desenvolvimento do país 

 
Ronaldo Gusmão
Presidente do Instituto de Educação Tecnológica (Ietec)
Estado de Minas: 17/07/2014


Para que possamos levar metade da população ainda vulnerável a um padrão aceitável de qualidade de vida, o Brasil precisará de um crescimento médio anual de 4,2% do PIB até 2030, segundo especialistas. Uma meta factível se triplicarmos o crescimento da produtividade de forma sistêmica e generalizada. Mas, para aumentarmos a produtividade, precisamos produzir novos conhecimentos, desenvolver e empregar muita tecnologia. E, para isso, é necessário ter educação e pesquisa de qualidade. Os países que se desenvolveram mais rapidamente nas últimas décadas foram os que mais qualificaram sua força de trabalho.

O Brasil é perfeitamente capaz disso. Desenvolvemos dois setores bem distintos: o agrícola e o aeroespacial, que hoje são altamente competitivos, principalmente devido à ênfase dada a pesquisa e desenvolvimento no passado, que continuam com muito investimento ainda hoje. Neste mundo globalizado e altamente conectado, precisamos atrair mais os talentos estrangeiros. Pasmem! O Brasil tinha, no início de 1900, 5% da força de trabalho de estrangeiros. Hoje, um século depois, temos somente 0,5%. Devemos não só atrair os estrangeiros, mas principalmente oferecer condições para que os brasileiros que estão no exterior tenham um vínculo maior com as instituições brasileiras, elevando, assim, o nível de qualificação de nossos profissionais e, consequentemente, de nossa produtividade.

Para o país tornar-se competitivo, é necessário que suas empresas e organizações sejam competitivas, e, para isso, é necessário que seus colaboradores sejam profissionais competitivos, que, por sua vez, só o serão se forem qualificados e produtivos. O Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) mostrou que a produtividade do trabalhador na indústria brasileira caiu de 30% para 20% se comparado ao trabalhador da indústria norte-americana nos anos de 1973 a 2004. Hoje, um trabalhador norte-americano produz o equivalente à produção de cinco brasileiros, por um mesmo período. E somente com educação poderemos reverter esses números. Educação e pesquisa de qualidade geram novos conhecimentos, que, por sua vez, geram novas tecnologias, processos, negócios e produtos.

O Plano Nacional de Educação, aprovado recentemente no Congresso Nacional, deu ênfase ao aumento progressivo no investimento do setor público. O objetivo é chegar a 10% do PIB em 2024. Outra meta importante e ambiciosa é a de formar 60 mil mestres e 25 mil doutores por ano.

A pesquisa de inovação tecnológica (Pintec), realizada pelo IBGE e divulgada no final de 2012, mostrou que, entre as 128,68 mil empresas pesquisadas, somente 35,6% haviam sido inovadoras. Essas empresas empregavam nas atividades internas de pesquisa e desenvolvimento somente 11 mil profissionais pós-graduados. Mostrou também que a falta de pessoal qualificado era um gargalo para o avanço da inovação em 72,5% das empresas.
O Ietec, referência em educação no setor de engenharia há 27 anos, irá contribuir com essa meta na formação dos mestres, com o mestrado em engenharia e gestão de sistemas e processos. A união da engenharia com a gestão vem colaborar significativamente para o desenvolvimento do país. O Brasil tem cerca de 668 mil engenheiros registrados nos conselhos de engenharia e agronomia, e, segundo o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), desses, somente 28% exerciam efetivamente a função típica de engenheiro. Onde estão os outros? Grande parte está exercendo cargos de gestão, e outros estão na área de pesquisa e desenvolvimento.

Precisamos proporcionar a união da teoria acadêmica avançada dos pesquisadores com a prática profissional dos engenheiros, administradores e outros profissionais de ciências sociais e da terra, formando, assim, profissionais com base conceitual sólida associada à necessidade empresarial. A formação ideal do profissional é a combinação de uma base ampla de conhecimento matemático teórico com know-how prático. Educação e produtividade, com mais mestres, para um Brasil mais próspero e justo.

O Brasil acerta o passo no comércio‏

O Brasil acerta o passo no comércio 
 
Alessandra Hein e Marianna Barroso
Sócias da área contratual do Marcelo Tostes Advogados
Estado de Minas: 17/07/2014


Entrou em vigor no Brasil em abril a Convenção das Nações Unidas sobre Contratos de Compra e Venda Internacional de Mercadorias, conhecida como Cisg ou Convenção de Viena de 1980. Esse é um marco de extrema importância, tendo em vista que a maioria dos contratos de compra e venda internacionais de mercadorias no mundo é regulada por essa convenção, o que trará segurança jurídica e impulsionará o comércio com o Brasil.

O Brasil tornou-se o 79º Estado-membro da Cisg, aprovada pelo Congresso Nacional em 18 de outubro de 2012, mediante o Decreto Legislativo nº 538/2012, vigorando no ordenamento jurídico brasileiro com força de lei ordinária. A adoção não interfere na legislação interna do país, ela regula apenas as relações entre partes contratantes pertencentes a Estados diferentes. As leis internas que regulam o comércio nacional permanecem em vigor.

Com a aprovação da convenção, o Brasil demonstra a sua intenção de atuar em prol da unificação das leis. A formulação da Cisg contou com a participação de juristas de diferentes Estados, baseando-se na Lex Mercatoria, que é definida por Berthold Goldman como um conjunto de princípios, instituições e regras originadas de várias fontes com o objetivo de nutrir as estruturas e o funcionamento legal dos operadores do comércio internacional.

A Cisg foi formulada pela Comissão das Nações Unidas para o Direito Comercial Internacional (Uncitral), em 11 de abril de 1980, com o objetivo de instaurar uma nova estrutura regulatória unificada em âmbito global, que considera o desenvolvimento do comércio internacional baseado na igualdade e nas vantagens mútuas, sendo, portanto, de extrema importância para a promoção da autonomia das partes e das relações amistosas entre os Estados, proporcionando segurança jurídica e rapidez nas operações.

Composta por quatro partes, a Cisg possui um total de 101 artigos. A primeira parte dispõe sobre o campo de aplicação e disposições gerais, determinando o artigo 4º, diz que: “A convenção regula exclusivamente a formação do contrato de compra e venda e os direitos e obrigações que esse contrato faz nascer entre o vendedor e o comprador”. Estabelece até mesmo, no artigo 11º, que o contrato não precisa necessariamente ser concluído por escrito ou constar em documento escrito, que pode ser provado por qualquer meio, até mesmo por prova testemunhal.

Aplica-se aos contratos de compra e venda de mercadorias, mas, para a sua configuração, eles devem ser celebrados entre partes que tenham o seu estabelecimento em diferentes Estados, conforme disposto no artigo 1º. De acordo com o artigo 2º, a Cisg não regula contratos que têm por objeto a venda de mercadorias para uso pessoal, doméstico ou familiar; em leilão; em processo executivo; de valores imobiliários, títulos de crédito e moeda; navios, barcos, hovercraft e aeronaves e de eletricidade.

A segunda parte dispõe sobre a formação do contrato. A terceira parte estabelece as condições gerais, as obrigações do vendedor, do comprador e de ambos, além de dispor sobre os riscos e responsabilidades em relação à mercadoria. Por fim, a quarta parte versa sobre as condições gerais sobre a Cisg, relacionadas às obrigações recíprocas entre os Estados.

Nesse sentido, a entrada em vigor da Cisg representa um passo positivo para o Brasil, que passou a adotar regras uniformes aplicáveis aos contratos de compra e venda internacional de mercadorias, compatíveis com os diferentes sistemas sociais, econômicos e jurídicos, contribuindo para a eliminação de obstáculos jurídicos às trocas internacionais, favorecendo o desenvolvimento do comércio internacional e a atuação do Brasil.

Anteriormente, as diferenças nas legislações comerciais brasileiras tinham o potencial de impor riscos legais às partes, o que dificultava a negociação, em especial, quanto à lei aplicável e ao foro de eleição, elementos essenciais a um contrato internacional. A adesão à Cisg a torna lei aplicável para os contratos internacionais de compra e venda, quando as partes assim optarem, gerando a aplicação de regras comuns, estáveis e previsíveis para as partes, em qualquer foro eleito, seja no Brasil ou no exterior, dando maior margem de negociação às relações comerciais entre o Brasil e outros Estados.